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Rússia busca por vítimas em escombros de casa de show atacada pelo Estado Islâmico

As buscas por vítimas nos escombros da sala de concertos poderá levar vários dias, segundo declaração do governador da região de Moscou, Andrei Vorobiov, neste sábado (23). Um tiroteio seguido de um grande incêndio no prédio do Crocus City Hall em Krasnogorsk, perto da capital russa, deixou pelo menos 130 pessoas mortas na noite de sexta-feira (22). O ataque foi reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI). 

A casa de shows Crocus City Hall no sábado (23), após o ataque de sexta-feira (22), nos arredores de Moscou, Rússia.
A casa de shows Crocus City Hall no sábado (23), após o ataque de sexta-feira (22), nos arredores de Moscou, Rússia. © Moscow News Agency / via Reuters
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Um jornalista da AFP que chegou ao local algumas horas após o ataque viu fumaça preta e chamas saindo do teto da sala de concertos, que tem capacidade para até 6 mil pessoas. De acordo com relatos da imprensa, parte do teto desabou. O fogo foi posteriormente controlado. O ataque foi noticiado pela mídia russa por volta das 20h15 de Moscou.

"As equipes de resgate estão trabalhando sem parar no local (...) Outros 20 corpos foram encontrados sob os escombros. O trabalho continuará por pelo menos mais alguns dias", escreveu o governador, no Telegram, pouco depois de o número de mortos ter subido para 115.

A sala "queimou até o chão (...) O que resta do teto corre o risco de desabar", completou o governador.  "As pessoas que estavam na sala se deitaram no chão para se proteger dos tiros por 15 a 20 minutos, depois disso começaram a se arrastar para fora", disse Vorobiov.

De acordo com o Comitê Investigativo algumas das vítimas foram mortas a tiros, enquanto outras foram mortas pela fumaça do enorme incêndio que tomou conta do prédio que abrigava a sala de shows Crocus City Hall, onde acontecia o show da banda de rock russa Piknik.

Presos e investigação

Os serviços de emergência, citados pela agência Interfax, disseram que os agressores "abriram fogo contra os guardas de segurança na entrada da sala de concertos", antes de "começar a atirar contra o público" com armas automáticas. De acordo com um jornalista da agência de notícias estatal Ria Novosti, indivíduos com uniformes de camuflagem invadiram a sala de concertos antes de abrir fogo e lançar "uma granada ou uma bomba incendiária, que causou um incêndio". Além disso, os criminosos teriam usado um "líquido inflamável", segundo o Comitê Investigativo russo.

O Kremlin anunciou no sábado que 11 pessoas haviam sido presas, incluindo os quatro suspeitos, enquanto uma investigação sobre "atos terroristas" foi aberta. Eles foram presos na região de Bryansk, que faz fronteira com a Ucrânia e Belarus. De acordo com os serviços de segurança russos (FSB), os suspeitos estavam tentando fugir para a Ucrânia.

Kiev e uma unidade de combatentes pró-Ucrânia por trás das recentes incursões armadas na fronteira com o território russo negaram qualquer responsabilidade pelo ataque. A inteligência militar ucraniana acusou o Kremlin e seus serviços especiais de orquestrar o ataque para culpar a Ucrânia e justificar uma "escalada" da guerra.

Segundo a mídia russa e o deputado Alexander Khinstein, alguns dos suspeitos são do Tajiquistão.

Escombros da casa de shows Crocus City Hall após um ataque mortal, nos arredores de Moscou, Rússia, em 23 de março de 2024.
Escombros da casa de shows Crocus City Hall após um ataque mortal, nos arredores de Moscou, Rússia, em 23 de março de 2024. © Russian Emergencies Ministry / via REUTERS

Reações Internacionais

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, "condena nos termos mais fortes o ataque terrorista" em Moscou, disse seu porta-voz adjunto Farhan Haq.

A União Europeia comunicou estar "chocada e consternada". Enquanto, vários países da Europa Ocidental também condenaram o ataque, oferecendo suas condolências e expressando sua solidariedade ao povo russo.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, criticou neste sábado "o terrível ataque terrorista contra inocentes frequentadores de shows em Moscou". O presidente francês Emmanuel Macron "condenou veementemente" o ataque terrorista reivindicado pelo Estado Islâmico", a Itália chamou de "o horror do massacre de civis inocentes". A Suécia se disse "consternada", enquanto a Finlândia se declarou "chocada". O Reino Unido apontou que "nada pode justificar tal violência".

Todos esses países, bem como a Dinamarca, a Noruega e a Espanha, reiteraram sua condenação ao ataque e ao terrorismo.

Israel diz que está "triste com os trágicos eventos desta noite em Moscou. Nossos pensamentos estão com as famílias das vítimas e com todas as pessoas afetadas", e a Autoridade Palestina, por meio de seu presidente Mahmoud Abbas, "expressa sua forte condenação" e sua "rejeição ao terrorismo". Outros países são mais favoráveis ao governo russo, como a Síria, até mesmo ecoando a acusação de Moscou contra a Ucrânia.

A Casa Branca disse que "está ao lado das vítimas do terrível ataque". A embaixada dos EUA na Rússia alertou seus cidadãos, há duas semanas, que "extremistas (tinham) planos iminentes de atacar grandes reuniões em Moscou, incluindo concertos". A Casa Branca teria compartilhado essas informações com as autoridades russas.

"Se os Estados Unidos têm, ou tiveram, dados confiáveis sobre esse assunto, devem transmiti-los imediatamente ao lado russo", reagiu a porta-voz diplomática russa Maria Zakharova na sexta-feira, referindo-se a um "ataque terrorista sangrento" e a um "crime monstruoso".

O Itamaraty também divulgou uma nota se dizendo consternado e informando que não há notícias sobre cidadãos brasileiros entre as vítimas.

"Ao expressar condolências aos familiares das vítimas e o desejo de pronta recuperação aos feridos, o Brasil manifesta sua solidariedade ao povo e ao governo da Rússia e reitera seu firme repúdio a todo e qualquer ato de terrorismo", declarou.

Precedentes

No passado, a Rússia foi alvo de vários ataques cometidos por grupos islâmicos, bem como de tiroteios sem motivo político ou atribuídos a indivíduos desequilibrados.

Em 2002, combatentes chechenos tomaram 912 pessoas como reféns no teatro Dubrovka, em Moscou, para exigir a retirada das tropas russas da Chechênia. A tomada de reféns terminou com um ataque das forças especiais e a morte de 130 pessoas, quase todas asfixiadas pela polícia.

Em 3 de março, as autoridades russas anunciaram que haviam matado seis supostos combatentes do EI em uma operação na Ingúchia, uma divisão federal da Rússia, uma pequena república no sul do Cáucaso de maioria muçulmana.

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(Com informações da AFP)

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