Nova lei na Ucrânia reduz idade para mobilização do exército enquanto Rússia avança suas tropas
Neste sábado (18), entra em vigor a nova lei de mobilização do exército, uma série de textos aprovados pelo Parlamento e promulgados pelo presidente Volodymyr Zelensky. A principal medida tomada pelas autoridades ucranianas é reduzir a idade legal para a mobilização de 27 para 25 anos, mas a nova legislação também estabelece uma estrutura de penalidades para homens que desejam evitar suas obrigações militares.
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Com informações do correspondente da RFI em Kiev, Stéphane Siohan
Na Ucrânia, várias centenas de homens já se anteciparam à nova lei 10-379, apresentando-se voluntariamente nos portões dos centros de recrutamento militar, especialmente aqueles com idade entre 25 e 27 anos, que agora poderão ser convocados para servir nas fileiras do exército a fim de cumprir seu dever de proteger a integridade do Estado.
Os homens nessa faixa etária devem atualizar seus dados administrativos, passar por um exame médico e ter o que é conhecido na Ucrânia como "bilhete militar". Se não o fizerem e forem parados na rua sem a documentação adequada, poderão enfrentar multas pesadas, que variam de € 200 a € 5.000 (entre R$ 1.110 e R$27.800) nos casos mais graves, considerados como uma tentativa de fugir da mobilização.
Sem entusiasmo
A nova legislação também abriu a porta para a mobilização de certas categorias de prisioneiros, que poderiam fornecer entre 15 mil e 20 mil soldados. Entretanto, o exército precisa de 300 mil a 400 mil homens.
Deve-se observar que os prisioneiros com perfis específicos foram excluídos desse esquema, como aqueles que cometeram crimes notoriamente graves, aqueles que comprometeram a segurança do Estado ou aqueles que estão sendo julgados por atos de corrupção. Dessa forma, o governo ucraniano quer evitar que certos indivíduos escapem da prisão entrando para o exército.
Por enquanto, não há grandes objeções à lei, mas também não há entusiasmo, pois o governo fez o possível para evitar o debate público sobre uma questão politicamente sensível.
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Moscou continua avançando no nordeste da Ucrânia, onde conquistou 12 aldeias na região de Kharkiv desde que lançou uma nova e importante ofensiva há uma semana, informou o Ministério da Defesa russo na sexta-feira (17).
As autoridades ucranianas afirmaram que os combates mais pesados estão ocorrendo nessa frente entre Strichela e Lipsy e Vovchansk, o principal alvo dos russos no momento.
O comandante das forças ucranianas, general Oleksandr Sirsky, disse também na sexta que a Rússia avançou em 70 quilômetros com suas tropas de combate, forçando a Ucrânia a mobilizar brigadas para a área de defesa, o que já está começando a surtir efeito. As autoridades continuam afirmando que a situação é difícil, mas relativamente estável.
A cidade Kharkiv também foi alvo de ataques pesados nos últimos dias, inclusive na tarde de sexta-feira, no horário local, quando duas bombas deixaram feridos e mortos em uma área central.
Em uma entrevista exclusiva à AFP, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que esperava uma ofensiva russa mais ampla no norte e no leste com o objetivo de tomar Kharkiv. Zelensky insiste que a situação das tropas ucranianas está melhor hoje do que há uma semana e que não acredita que a Rússia tenha as forças necessárias para um novo ataque a Kiev.
O presidente ucraniano afirmou ainda que rejeitou a ideia de uma "trégua" na guerra com a Rússia durante os Jogos Olímpicos.
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