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Imprensa francesa dá pouco espaço à visita de Macron no Brasil, apesar de anfitrião ter caprichado na encenação

O primeiro dia da visita do presidente Emmanuel Macron ao Brasil teve pouca repercussão na imprensa francesa. Nos sites, jornais e canais de TV, as reportagens são curtas e sequer fazem parte das manchetes. O Le Monde conta que o presidente Lula e Macron não economizaram na encenação, descrita pelo correspondente como "um pouco lunar no meio da selva". 

O presidente francês, Emmanuel Macron, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o cacique Raoni Metuktire na ilha de Combu, no Pará. 26 de março de 2024
O presidente francês, Emmanuel Macron, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o cacique Raoni Metuktire na ilha de Combu, no Pará. 26 de março de 2024 AP - Eraldo Peres
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"O chefe de Estado, recém-chegado de Caiena, e seu anfitrião brasileiro, que veio recebê-lo em Belém (...) se reuniram (...) na ilha de Combu, localizada em frente à cidade, na presença do líder indígena Raoni Metuktire, que foi condecorado por Macron com a medalha de cavaleiro da Legião de Honra", relata Le Monde. Foram as palavras de Raoni que marcaram os jornalistas e são reproduzidas na imprensa francesa: “Considero Lula meu irmão, Macron meu filho”, disse o cacique caiapó de 93 anos. 

Na avaliação do Le Monde, "na falta de acordo sobre as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, os dois líderes aproveitaram para mostrar uma frente comum nas questões climáticas". Analistas ouvidos pelo veículo disseram que Lula e Macron têm o interesse em comum de se posicionar na vanguarda da luta contra o desmatamento e na defesa dos direitos dos povos indígenas, a fim de proteger a Amazônia, mas também querem enviar uma mensagem aos seus respectivos eleitorados. Essa disposição compartilhada é um aspecto positivo e pode ajudar o planeta. Mas estatisticamente, o desmatamento na Guiana é insignificante em comparação com o Brasil, embora as duas situações sejam difíceis de comparar, com a maior parte da população da região francesa sendo distribuída ao longo da costa e pouco usuária da floresta, aponta a reportagem.

O jornal Le Figaro afirma que Lula não se engana ao contar com Macron para apoiar a reforma das instituições multilaterais, a proteção de florestas tropicais, o desenvolvimento econômico e a luta contra as desigualdades. "Essas questões também são consideradas essenciais pela França", destaca o diário. "No Brasil, Macron aposta em Lula para mobilizar o Sul Global", diz o título publicado nesta quarta-feira (27).

O site de notícias France Info destaca que os dois países anunciaram o lançamento de uma parceria financeira entre a Agência Francesa de Desenvolvimento e, do lado brasileiro, o BNDES e o Banco da Amazônia para levantar € 1 bilhão (cerca de R$ 5,4 bilhões) em investimentos públicos e privados destinados à bioeconomia nos próximos quatro anos.

Este plano deve combinar a conservação e gestão sustentável das florestas com o desenvolvimento econômico dos territórios, colocando os povos indígenas e as comunidades locais no centro da tomada de decisões, sublinha o documento assinado pelos dois líderes. Macron e Lula também querem incentivar o desenvolvimento de um mercado de carbono capaz de remunerar os países florestais que investem na restauração de cursos naturais subterrâneos, informa o site France Info.

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