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Na Amazônia, Lula e Macron lançam programa para alavancar um bilhão de euros para bioeconomia

A bordo do ferry Fazenda São José, na Baía do Guajará, em Belém, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o francês Emmanuel Macron se reuniram na tarde desta terça-feira (26) na capital paraense para um breve passeio amazônico. 

Os presidentes Lula e Macron se reuniram nesta terça-feira e adotaram na área ambiental as declarações “Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além” e “Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais”/ 26/03/2024
Os presidentes Lula e Macron se reuniram nesta terça-feira e adotaram na área ambiental as declarações “Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além” e “Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais”/ 26/03/2024 REUTERS - Ueslei Marcelino
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Vivian Oswald, enviada da RFI Brasil a Belém

No encontro, os presidentes adotaram na área ambiental as declarações “Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além” e “Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais”, em que anunciaram o lançamento de um grande programa de investimentos em bioeconomia para a Amazônia brasileira e guianense, para alavancar € 1 bilhão em investimentos públicos e privados em bioeconomia nos próximos quatro anos. 

O programa inclui parceria técnica e financeira entre bancos públicos brasileiros, incluindo o BASA e o BNDES, e a Agência Francesa de Desenvolvimento, — presente no Brasil e na Guiana Francesa — e  novo acordo científico entre a França e o Brasil, operado pelo CIRAD e pela Embrapa para novos projetos de pesquisa sobre setores sustentáveis, inclusive na Guiana Francesa.

O acordo ainda prevê a criação de um hub de pesquisa, investimento e compartilhamento de tecnologias-chave para a bioeconomia, que poderá apoiar-se no fortalecimento do Centro Franco-Brasileiro de Biodiversidade Amazônica (CFBBA) e na formação de redes de universidades francesas e brasileiras.

Nos documentos, os dois lados também reafirmaram, entre outros temas, seu compromisso com vistas à COP29 este ano, que deverá adotar uma nova meta coletiva quantificada (NCQG) a partir de piso de US$ 100 bilhões por ano, levando em conta as necessidades e as prioridades dos países em desenvolvimento.

O documento reitera os esforços de ambos os países em alcançar um resultado ambicioso na negociação da NCQG. Desde que foi definido o patamar de US$ 100 bilhões, ainda não houve desembolso por parte das nações desenvolvidas.

Visita à Ilha do Combu

Os dois chefes de Estado deixaram a famosa Estação das Docas rumo a ilha do Combu, onde visitaram a produção sustentável de cacau e chocolate da Filha do Combu, pequeno negócio liderado por Elizete Costa, a D. Nena, que emprega 14 pessoas.

Não por acaso, a pauta do encontro, tem foco na sustentabilidade e na bioeconomia, um dos três eixos da visita de Estado de Macron ao Brasil. A expectativa do lado francês é a de traçar uma posição comum nas questões ambientais e climáticas, em termos de ações voltadas para a Floresta Amazônica, e de método em escala global.

Um segundo ferry com membros de suas comitivas acompanhou o percurso, que foi interrompido para travessia durante cinco horas por conta da visita. Ambos seguiram cercados por embarcações da Polícia Federal e da Marinha até o destino em forte esquema de segurança montado de véspera para o encontro de apenas algumas horas. Parte do trânsito da cidade foi bloqueado para a passagem da comitiva.

Esta é a primeira vez que a Ilha do Combu, a quarta maior das 39 que compõem a região insular da cidade de Belém, recebe dois chefes de Estado. Moradores da ilha, que é habitada por 227 famílias, prepararam decoração especial, com bandeiras da França.

Esta foi a primeira parada do périplo de três dias e quatro cidades que o presidente da França deve percorrer no Brasil em sua primeira visita bilateral à América Latina. A agenda começou um tanto atrasada em cerca de meia hora.

Durante o trajeto, a primeira-dama Janja postou vídeo tomando suco de bacuri: "Isso aqui é uma preciosidade, uma joia para o mundo", disse. Além dela, acompanharam o presidente as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, além do governador do Pará, Helder Barbalho.

O presidente Emmanuel Macron condecora o cacique Raoni com a medalha da Legião de Honra da França.
O presidente Emmanuel Macron condecora o cacique Raoni com a medalha da Legião de Honra da França. REUTERS - Ueslei Marcelino

Os dois mandatários fizeram uma curta caminhada pela floresta. Eles ainda se reuniram com lideranças indígenas, ocasião em que o presidente francês condecorou com a Legião de Honra (“Légion d’Honneur”), a mais alta comenda francesa, o líder dos caiapós e ativista Raoni. Lula e Macron posaram para fotos com Raoni e a cacique Watatakalu Yawalapiti, líder feminina de 16 povos do Xingu.

Após a programação, eles deixam Belém, cada um em sua aeronave, com destino ao Rio de Janeiro, onde passam a noite. No quarta-feira, na capital fluminense, participam da cerimônia de lançamento do submarino Tonelero na base Naval de Itaguaí, a partir das 10h30 da manhã.

Lula e Macron estarão juntos em três das quatro capitais incluídas na visita. O francês ainda tem previstas caminhadas na Avenida Paulista e, a confirmar, até pela Praça dos Três Poderes em Brasília, a partir da qual o francês subiria a rampa do Palácio do Planalto. Na capital federal os dois anunciam e assinam pelo menos 15 dos 30 atos que estão em negociações entre os dois lados.

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