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Próxima Parada: Paris 2024

Com 400 kms de ciclovias, Paris quer Olimpíada como vitrine do uso de bicicletas

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As campainhas de bicicleta viraram, nos últimos anos, uma das trilhas sonoras da capital francesa. São mais de 200 mil ciclistas que cruzam a cidade todos os dias. A revolução de duas rodas está estreitamente ligada com a expansão das ciclovias em Paris. A capital francesa tem mais de 300 km de vias dedicadas às bicicletas. E, para os Jogos Olímpicos, a promessa é que todos os locais de competição da região parisiense possam ser acessados através de 400 kms de ciclovias. 

Todos os locais de competição dos Jogos Olímpicos de Paris serão acessíveis por ciclovias.
Todos os locais de competição dos Jogos Olímpicos de Paris serão acessíveis por ciclovias. AP - Francois Mori
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Cristiane Capuchinho, da RFI

A França pretende fazer dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em Paris uma "vitrine do uso da bicicleta na França", como disse a primeira-ministra Élisabeth Borne. O país pretende mostrar ao mundo a revolução iniciada há mais de uma década no país do Tour de France. 

As mudanças começaram em Paris a partir de 2008, quando um plano de criação de ciclovias começa a ser implementado, mudando o aspecto de ruas e calçadas da capital. 

Em 2018, quando Borne ainda era ministra dos Transportes, o governo francês lançou um plano para financiar a criação de ciclovias em todo o país e subsidiar a compra de bicicletas elétricas pelos franceses, entre outras coisas. O objetivo do governo era investir em um meio de transporte sem emissão de gases de efeito estufa que, ao mesmo tempo, seja acessível para populações carentes e bom para a saúde.

Apesar do interesse governamental, as mudanças urbanas necessárias para a criação de ciclovias criaram grandes tensões com a população de motoristas, indispostos a perder espaço no tráfego. 

Ciclovias da pandemia

No entanto, a pandemia da Covid-19 foi um ponto de virada. O alto risco de contaminação dentro do transporte urbano fez com que a prefeitura de Paris implantasse temporariamente mais de 50 km de novas ciclovias. Assim a população podia trocar o risco da Covid no metrô pelo deslocamento feito sobre uma bicicleta.

Desde então, "o número de ciclistas aumentou exponencialmente desde a pandemia na região de Île-de-France. E isso salta aos olhos. Tanto em Paris quanto na periferia", comenta vice-presidente do Coletivo Vélo Île-de-France, Jeanne de Bruges.

Atualmente, 7% dos deslocamentos em Paris são feitos de bicicleta. E alguns trajetos já estão sobrecarregados de ciclistas: uma das ciclovias que ligam o norte ao centro de Paris mais utilizadas, a do Boulevard Sebastopol, registrou o recorde de receber 19 mil ciclistas em um único dia.

Essa adesão massiva viabilizou a aceleração da criação de ciclovias ou da adaptação de vias para as bicicletas. E impulsionou a campanha cidadã para que os Jogos Olímpicos de 2024 fossem completamente acessíveis em bicicletas.

"Essa é uma oportunidade de acelerar as coisas e remover certos obstáculos que, em tempos normais, estariam muito mais presentes. Queremos estender essa febre do ciclismo para que a bicicleta seja um meio de transporte cotidiano. Isso significa garantir que as pessoas possam viajar em instalações seguras, tenham espaço para deixar as bicicletas nas estações de metrô, de trem", sublinha a ativista.

Pessoas aproveitam o verão ao longo do Rio Sena em Paris.
Pessoas aproveitam o verão ao longo do Rio Sena em Paris. AP - Michel Euler

Um rio para nadar

Enquanto os ciclistas já ocupam as ruas de Paris, os nadadores terão de aguardar até 2025 para entrar nas águas do rio Sena, uma segunda revolução urbana, já que desde 1923 essa prática no rio é proibida por lei.

Em 2024, as competições de nado livre, de triatlo e de paratriatlo serão realizadas nas águas do Sena. E, a partir de 2025, serão abertos três locais onde a população poderá entrar para nadar. 

Isso significa um grande esforço para despoluir as águas do rio, mas muito mais do que isso, para resolver problemas na rede de esgoto e mudar a gestão da água na cidade.

O objetivo de abrir as águas do Sena para banhistas está relacionado a um projeto de melhora da qualidade de vida da população pressionado pelas mudanças climáticas. 

Os verões franceses têm sido cada vez mais quentes. O pico do calor costuma acontecer entre julho e agosto, em que os dias chegam a ter 16 horas de sol e alcançam temperaturas acima dos 40 graus.

"Isso faz com que precisemos de locais frescos. Em Paris, foi realizada uma pesquisa sobre os locais existentes que poderiam ser chamados de ilha de frescor. O objetivo é criar uma rede de lugares que já existem, considerando não apenas espaços públicos, mas também museus, igrejas, para que todo parisiense tenha um lugar fresco a poucos minutos de casa para se refugiar durante uma onda de calor", explica Julia Moutiez, do Laboratório Arquitetura, Cidade e Meio Ambiente, do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS).

E um dos lugares mais frescos da cidade são as margens dos rios. "Em uma cidade que é muito densa e muito cimentada, os rios são um dos principais espaços públicos de frescor, principalmente em bairros que quase não têm árvores ou parques", destaca Moutiez.

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