Inteligência artificial ameaça maior eleição do mundo: 945 milhões de indianos votam em 2024
À medida que se aproximam as eleições de maio de 2024, que nomearão um novo primeiro-ministro na Índia, começam a surgir debates sobre as repercussões que a utilização da inteligência artificial poderá ter nestas eleições do país. O BJP, partido do primeiro-ministro Narendra Modi, no poder desde 2014, é claramente o favorito nas pesquisas.
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Côme Bastin, correspondente da RFI em Bangalore
Esta é a primeira eleição com tamanha dimensão no mundo (945 milhões de indianos são convocados às urnas), um momento que coincide com a maturidade das novas tecnologias de inteligência artificial (IA). Particularmente o uso sistemático das chamadas deep fakes, esses vídeos, fotos e sons artificiais que parecem reais.
Na semana passada, surgiu uma controvérsia após o resgate de trabalhadores retidos no Himalaia. Fotos de equipes de resgate com bandeiras indianas gigantes circularam entre os fãs de Narendra Modi, embora tenham sido geradas por computador.
Há poucos dias, o partido regional BRS se queixou à Comissão Eleitoral sobre as eleições no estado de Telangana. Ele afirma que vídeos falsos estavam circulando para desacreditar os seus líderes. A mesma coisa aconteceu no estado de Madhya Pradesh, onde clipes da estrela Amitabh Bachchan apresentadora do jogo Quem Quer Ser Milionário na Índia foram supostamente manipulados para fins políticos.
Os dois principais partidos da Índia, o BJP de Narendra Modi e o Partido do Congresso, acusam-se de usarem deep fakes, sem que seja possível estabelecer realmente quem está na origem de qual conteúdo. O certo é que o uso da inteligência artificial para fins de manipulação de processos eleitorais passou de um simples medo a uma realidade quase diária.
Nova situação tecnológica para uma eleição crucial
Os temores são grandes na Índia, um país tão propenso a notícias falsas virais que foi criado um termo para designar o fenômeno: é “Universidade WhatsApp”. O Ministério da Informação prepara uma nova legislação para punir estas manipulações e as start-ups indianas trabalham em algoritmos para as detectar rapidamente.
Os cidadãos são, portanto, instados a ter cautela. Narendra Modi falou aos jornalistas no dia 18 de novembro depois de se ver transformado em dançarino folclórico, em um vídeo. No dia 1 de dezembro, foi a presidente da Índia, Droupadi Murmu, que alertou para a ameaça da inteligência artificial à democracia.
Ao mesmo tempo, as células digitais ligadas ao movimento nacionalista hindu do primeiro-ministro não são conhecidas pelos seus escrúpulos ou objetividade. Portanto, é difícil saber de onde poderia vir o antídoto.
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