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Mudanças climáticas são ameaça para a saúde, alerta relatório da ONU

O aumento de tragédias relacionadas ao clima e ao calor extremo, provocados pelas mudanças climáticas, representam uma ameaça para a saúde. A conclusão é do relatório anual da Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU, divulgado nesta quinta-feira (2).

ONU preconiza sistemas de alerta de altas temperaturas para proteger saúde das populações.
ONU preconiza sistemas de alerta de altas temperaturas para proteger saúde das populações. © AP Photo/Daniel Cole
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De acordo com o documento, na maior parte dos 103 países analisados, as informações sobre o clima não estão suficientemente integradas ao planejamento dos serviços de saúde. "As mudanças climáticas ameaçam reverter décadas de progresso para melhorar a saúde e o bem-estar, especialmente nas comunidades mais vulneráveis", alerta a OMM.   

O relatório intitulado State of Climate Services, publicado anualmente pela OMM, afirma que "informações climáticas adequadas" são necessárias para apoiar o setor e lembra que as condições climáticas "estão mais extremas". Esse contexto faz com que a qualidade do ar piorem, as doenças infecciosas evoluam e a insegurança alimentar e hídrica aumentem no mundo.

Segundo dados do documento, em 2020, 98 milhões de pessoas a mais estavam expostas a um nível de insegurança alimentar de moderado a grave, em relação ao período de 1981 a 2010. Isso se explica pelo efeito cumulativo das secas e do calor extremo nos países citados no estudo.

A Organização Meteorológica Mundial lembra que o calor é responsável pela maior mortalidade entre todos os eventos climáticos extremos. Mas, apesar disso, os serviços de alerta estão disponíveis em apenas metade dos países mais afetados pelas altas temperaturas.

Vista aérea de área devastada em Manicoré, no Amazonas
Vista aérea de área devastada em Manicoré, no Amazonas © AFP - Michael Dantas

Crise climática e sanitária

Entre 2000 e 2019, o número de mortes relacionadas ao calor foi estimado em cerca de 489 mil por ano, segundo a organização. "Quase todo o planeta registrou ondas de calor neste ano", disse o chefe da OMM, Petteri Taalas. "O aparecimento do El Niño em 2023 aumenta consideravelmente a probabilidade de novos recordes de temperaturas em várias regiões do mundo e nos oceanos, o que tornará o desafio ainda maior", frisa.

Menos de um quarto dos ministérios da Saúde dos países analisados têm um sistema de vigilância sanitária que usa informações meteorológicas para monitorar riscos à saúde relacionados ao clima, sublinha o documento. 

Segundo o relatório da OMM, países com cobertura limitada de alertas precoces têm mortalidade oito vezes maior em desastres do que aqueles com cobertura substancial ou total. O número de tragédias de média ou grande escala ligadas às mudanças climáticas "deve chegar a 560 por ano – ou 1,5 por dia – até 2030", segundo a agência.   

O relatório também destaca a utilidade dos sistemas de alerta precoce e de monitoramento por satélite de ondas calor extremo, pólen e destaca a importância da vigilância por satélite de doenças sensíveis às alterações climáticas.   

"A crise climática é uma crise sanitária, que leva a eventos mais severos e imprevisíveis, alimentando epidemias e contribuindo para o aumento das taxas de doenças não transmissíveis", disse o chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

A divulgação do relatório acontece poucas semanas antes da cúpula climática COP28, de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai.

(RFI e AFP)

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