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Incêndio obriga moradores a deixarem a cidade de Yellownife, no Canadá

Moradores de Yellowknife, uma das principais cidades do extremo norte do Canadá, receberam ordens de deixar suas casas até o meio-dia de sexta-feira (18) devido ao rápido avanço dos incêndios florestais, disseram as autoridades locais. 

Moradores de Yellowknife deixam a cidade pela Highway 3, a única estrada de acesso, depois que uma ordem de evacuação foi dada devido à proximidade de um incêndio florestal, em 16 de agosto de 2023
Moradores de Yellowknife deixam a cidade pela Highway 3, a única estrada de acesso, depois que uma ordem de evacuação foi dada devido à proximidade de um incêndio florestal, em 16 de agosto de 2023 REUTERS - PAT KANE
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"Infelizmente, a situação dos incêndios florestais está piorando com um inferno a oeste de Yellowknife representando uma ameaça real", disse o ministro do Meio Ambiente dos Territórios do Noroeste, Shane Thompson, na noite de quarta-feira (17), ao ordenar a retirada dos 20 mil residentes da cidade.

Quase 168 mil pessoas tiveram que deixar suas casas no Canadá desde o início de uma temporada que, com 230 incêndios ativos, está quebrando todos os recordes. Separadas por várias centenas de quilômetros umas das outras, as aldeias da região são "particularmente difíceis" de evacuar por via terrestre, explicou no início desta semana Mike Westwick, do corpo de bombeiros, especificando que um contingente do exército foi destacado para dar apoio à operação.

Incêndio a 17 km

Shane Thompson pediu às pessoas que deixassem Yellowknife por via aérea ou rodoviária, pois o incêndio chegou a apenas 17 quilômetros da cidade. Há somente uma rodovia aberta que leva ao sul.

"A cidade não está em perigo imediato... mas sem chuva, o incêndio pode se espalhar para os arredores da cidade neste fim de semana", disse em entrevista coletiva.

"As pessoas que ficarem até o fim de semana, correm o risco de colocar a si e aos outros em perigo", acrescentou.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse na quarta-feira que as forças armadas ainda estavam mobilizadas para prestar assistência ao povo dos Territórios do Noroeste.

"Continuaremos a fornecer os recursos necessários" e "a prestar toda a assistência possível", escreveu na rede X (ex-Twitter).

Em meio às chamas

Morando em um município de cerca de 2.250 habitantes, atualmente sob ordens de evacuação, Jordan Evoy, 28 anos, esperava deixar sua casa de carro para se refugiar em Alberta, uma província vizinha, mas um grande incêndio florestal o obrigou a voltar na segunda-feira e fugir por aeronave militar. "Não via nada à minha frente (...) Já não havia rede, por isso não tinha como saber onde estava, era ainda mais angustiante", explica à AFP.

Evoy temia que os pneus de seu caminhão "derretessem" com o calor. "A rodovia estava em chamas, foi o momento mais assustador da minha vida", comentou.

A província vizinha de British Columbia, também duramente atingida por incêndios florestais, registrou temperaturas acima de 40 graus esta semana, a primeira deste ano no Canadá, segundo o Ministério do Meio Ambiente.

Na cidade de Lytton, a temperatura era de 41,4 graus na segunda-feira. Há dois anos, a cidade foi devastada pelas chamas nos dias seguintes a uma onda de calor, quando a temperatura chegou a 49,6 graus, um recorde para o país.

O Canadá, que devido à sua localização geográfica, está aquecendo mais rapidamente do que o resto do planeta e têm sido confrontado, nos últimos anos, por eventos climáticos extremos cuja intensidade e frequência foram aumentadas pelo aquecimento global.

No Havaí, 111 mortes

O incêndio que atingiu a cidade portuária de Lahaina, antiga capital do Reino do Havaí, é o mais mortal em mais de um século nos Estados Unidos e ninguém pode prever a verdadeira extensão do drama.

O número de mortos chega agora a 111, anunciaram nesta quarta-feira as autoridades do arquipélago americano, assumindo publicamente não terem utilizado as sirenes de alarme durante a tragédia.

As sirenes "são usadas principalmente para tsunamis" e os habitantes "são treinados para se abrigar em altitude", explicou à imprensa Herman Andaya, chefe da agência encarregada da gestão de crises no Havaí (EMA), garantindo que eles não se arrependem de não terem acionado o sistema.

O incêndio atingiu principalmente a parte alta de Lahaina e por isso as autoridades preferiram manter o alerta na televisão, rádio e smartphones, por medo de que os habitantes seguissem em direção ao fogo.

Esses avisos muitas vezes se mostraram desnecessários devido às múltiplas interrupções de energia e rede sofridas pela ilha, castigada por ventos fortes alimentados por um furacão no meio do Pacífico.

"É verdade que quando cheguei ao Havaí as pessoas diziam: se você ouvir uma sirene, há um tsunami e é preciso ir até a parte mais alta", disse o governador do arquipélago, Josh Green, anunciando a descoberta de quatro corpos adicionais, o que eleva o número provisório para 111 mortos.

Biden vai ao Havaí na próxima semana  

Em Lahaina, dezenas de moradores se jogaram no mar para escapar das chamas. Muitos estão revoltados.

"O que aconteceu, na minha opinião, beira a negligência", disse à AFP Annelise Cochran, uma sobrevivente que passou oito horas na água.

Neste contexto, a Casa Branca anunciou que Joe Biden viajaria ao arquipélago na segunda-feira, 21 de agosto, para se reunir com moradores, equipes de resgate e autoridades.

"Continuo empenhado em garantir que o povo do Havaí tenha tudo o que precisa para se recuperar desse desastre", escreveu o presidente na rede social X (ex-Twitter).

Biden havia declarado rapidamente estado de desastre natural no Havaí, o que possibilitou o envio de recursos de assistência emergencial do estado. Mas foi criticado pela oposição republicana por sua resposta considerada insuficiente, até mesmo indiferente a esses incêndios: o presidente não se pronunciou publicamente quando o balanço piorou fortemente no fim de semana.

No local, equipes de resgate e cães farejadores vasculham os escombros, onde 12 mil moradores viviam antes do desastre. Apenas 38% da área foi inspecionada, disseram as autoridades.

"Esta é uma operação de busca muito difícil", disse Deanne Criswell, chefe do órgão federal responsável pela resposta a desastres naturais (Fema).

Patologistas forenses equipados com um necrotério móvel chegaram na terça-feira. As equipes mobilizadas agora incluem especialistas que trabalharam nos ataques de 11 de setembro, acidentes de avião ou grandes incêndios.

Autoridades disseram na quarta-feira que 35 autópsias foram concluídas até agora e sete pessoas foram identificadas - cinco por impressões digitais e duas por DNA. Os parentes das pessoas desaparecidas são incentivados a fornecer DNA para facilitar a identificação dos corpos. Um desafio logístico para as famílias dos turistas, que não estão presentes na ilha.

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