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Menino Rayan, que caiu dentro de um poço, é enterrado no Marrocos

O funeral de Rayan, 5 anos, que morreu após ficar bloqueado cinco dias dentro de um poço, aconteceu nesta segunda-feira (7) em um antigo cemitério perto da cidade de Ighrane, onde ocorreu o drama, no norte do Marrocos. A tragédia comoveu o mundo e a operação de resgate do garoto foi acompanhada passo a passo nas redes sociais.

Bombeiros colocam o corpo inerte de Rayan em uma ambulância, logo após o fim da operação de resgate.
Bombeiros colocam o corpo inerte de Rayan em uma ambulância, logo após o fim da operação de resgate. Fadel SENNA AFP
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A cerimônia foi discreta e um imã pronunciou uma curta oração diante da família e dos presentes, antes do enterro da criança. No início da manhã desta segunda-feira (7), os habitantes do vilarejo marroquino limparam o cemitério de Douar Zaouia, situado a cerca de 6 quilômetros de Ighrane, para receber a família e os participantes.

O corpo inerte de Rayan foi retirado do poço no sábado (5), e transportado em seguida para o hospital militar de Rabat em uma ambulância, para ser submetido a uma autópsia. Os pais da criança entraram no veículo sem dar declarações.

"O silêncio é terrível agora de manhã na cidade. Todo mundo estava rezando para que ele saísse vivo. Todo mundo chorou", disse um amigo da família. Em seu site, a TV pública do Marrocos SNRT escreveu que a "queda de uma criança relembra o mundo quais são os valores humanitários."

Multidão acompanha operação de resgate de Rayan, no Marrocos
Multidão acompanha operação de resgate de Rayan, no Marrocos © FADEL SENNA / AFP

O papa Francisco homenageou "todo o povo marroquino que se uniu para salvar Rayan", durante a tradicional oração de domingo celebrada no Vaticano. "Eles tentaram tudo, mas, infelizmente, ele não sobreviveu. Que exemplo", comentou o pontífice.

A morte da criança foi anunciada pelo gabinete real no sábado. O rei Mohammed VI ligou pessoalmente para os pais de Rayan para apresentar suas condolências. Emocionados, os pais do menino agradeceram ao soberano, as autoridades e as equipes de resgate.

Reações

"Quero dizer à família do pequeno Rayan e ao povo marroquino que compartilhamos sua dor", escreveu no Facebook o presidente francês, Emmanuel Macron. "A coragem de Rayan permanecerá em nossas memórias e continuará nos inspirando", publicou no Twitter o meio de campo argelino do AC Milan, Ismael Bennacer, junto a um desenho de um menino erguido ao céu por um balão.

O técnico da seleção argelina, Djamel Belmadi, também apresentou suas condolências à família de Rayan, apesar da atual tensão existente entre os dois países. "Nossa dor é grande, mas nunca se comparará à dor dos seus pais e das pessoas próximas", escreveu Belmadi em uma nota publicada no site da Federação Argelina de Futebol. Ele declarou estar muito abalado com o caso.

A operação de resgate foi acompanhada em todo mundo e ganhou destaque na imprensa internacional. Internautas de todo o planeta também enviaram mensagens de solidariedade e encorajamento nas redes sociais. Os socorristas entraram no túnel juntamente com uma equipe médica, sem saber por quanto tempo permaneceriam no poço estreito. 

Nessa última etapa, as operações foram realizadas manualmente e "com muita cautela, para evitar vibrações" que pudessem causar um desmoronamento, explicaram autoridades da cidade de Ighran, não muito longe da cidade de Bab Berred, na província marroquina de Chefchaouen.

Voluntário vira herói

Nas imagens obtidas por uma câmera de inspeção, Rayan aparecia "deitado de costas" em um canto do poço, mas não era possível dizer se ele estava vivo, explicou um dos responsáveis pela operação de resgate, Abdelhadi Tamrani. As equipes de resgate enviaram oxigênio e água através de tubos e garrafas que desciam para Rayan, sem a certeza de que o menino reagiria.

De madrugada, uma rocha dificultou o trabalho. Após três horas de esforço, a equipe conseguiu retirá-la com a ajuda de pequenos equipamentos elétricos para evitar rachaduras ou colapso e atravessaram por um estreito túnel. Milhares de pessoas foram até o local mostrar solidariedade e acampar ali, apesar do frio gelado desta zona montanhosa do Rif, a cerca de 700 metros de altitude.

 Aplausos acompanharam cada aparição dos escavadores, como o voluntário Ali Sahraoui, 50, que cavou os primeiros metros com as mãos e se tornou um herói nas redes sociais. A polícia enviou reforços, para evitar que a multidão interrompesse os esforços de resgate. Neste domingo, começou o trabalho para fechar o poço e o túnel de emergência.

(Com informações da AFP)

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