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França/Escândalo Bettencourt

Ex-contadora diz que Sarkozy recebeu doação ilegal

A ex-contadora de Liliane Bettencourt, herdeira do grupo L'Oréal, afirma que o ministro do Trabalho, Eric Woerth, recebeu doação ilegal para financiar a campanha eleitoral do presidente francês em 2007, quando era tesoureiro do partido UMP. Sarkozy fala em "calúnia".O presidente francês enfrenta a pior crise política de seu mandato.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, defende o ministro do Trabalho, Eric Woerth, das acusações de tráfico de influência.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, defende o ministro do Trabalho, Eric Woerth, das acusações de tráfico de influência. Reuters
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O escândalo envolvendo a herdeira do grupo L'Oréal, Liliane Bettencourt, e o governo francês ganhou hoje um novo capítulo, atingindo diretamente o presidente Nicolas Sarkozy. Uma ex-contadora de Bettencourt, Claire Thibout, afirmou nesta terça-feira que o ministro do Trabalho, Eric Woerth, recebeu 150 mil euros em espécie, cerca de 330 mil reais, quando era tesoureiro da UMP, o partido de Sarkozy, para financiar a campanha eleitoral do atual presidente em 2007. 

Na França, o montante máximo autorizado pela lei para o financiamento dos partidos políticos por uma pessoa física é de 7.500 euros por ano (16.500 reais), no caso de doação a um partido, e 4.600 euros (10.100 reais) para um candidato. Além disso, as doações em espécie acima de 150 euros (330 reais) são proibidas.

A ex-contadora afirmou que quando Sarkozy era prefeito de Neuilly, município da região parisiense, de 1983 a 2002, ele recebia regularmente envelopes com dinheiro de Liliane Bettencourt e seu marido. Claire Thibout trabalhou para a herdeira do grupo L'Oréal e seu marido durante 12 anos, até se desligar do cargo em 2008. "Eu me lembro da data da retirada do dinheiro para Sarkozy, foi no dia 26 de março de 2007", disse ela. O presidente francês qualificou as acusações de "calúnias sem fundamento".

O ministro do Trabalho, Eric Woerth, rejeita as denúncias e afirma nunca ter recebido doação ilegal para a campanha de Sarkozy. "Onde estão as provas", questionou o ministro, em entrevista à televisão na manhã desta terça-feira, visivelmente irritado com o rumo do escândalo. "Não existe sujeira, eu não fiz nada de errado, não recebi um centavo de euro ilegal", acrescentou Woerth.

Dois importantes membros do partido governista, o ex-primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin e o líder da bancada da UMP na Assembleia Nacional, Jean-François Copé, vieram a público nesta terça-feira pedir que o presidente faça uma declaração pública aos franceses sobre o assunto. Woerth já vinha sendo muito criticado por ter sido ministro do Orçamento durante o período em que sua esposa administrava parte da fortuna de Liliane Bettencourt, que hoje é suspeita de fraude fiscal.

Com o índice de popularidade mais baixo desde o início de seu governo, Sarkozy estava tentando até agora salvar o ministro do Trabalho, encarregado de realizar a impopular reforma da aposentadoria. No último domingo, o presidente francês sacrificou dois secretários de Estado suspeitos de uso abusivo do dinheiro público. A oposição acusou o governo de tentar com isso desviar a atenção do escândalo envolvendo Woerth e a herdeira do grupo L'Oréal.

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