Políticos franceses forçados a se demitir depois de desperdício

Dois secretários de Estado do governo do presidente francês, Nicolas Sarkozy, apresentaram sua demissão no domingo, pressionados pelas acusações de desperdiçarem dinheiro público.

Christian Blanc (à direita), secretário de Estado para o Desenvolvimento e Alain Joyandet (à esq.), secretário de Estado responsável pela Cooperação. Reuters

O excesso de mordomias de dois secretários de Estado acabou em demissão. Christian Blanc, secretário de Estado para o Desenvolvimento da região de Paris, foi acusado de ter gasto cerca de 26 mil reais na compra de charutos cubanos. Já Alain Joyandet, secretário de Estado responsável pela Cooperação, teria beneficiado de um alvará de construçao ilegal para sua casa de praia, além de ter alugado um aviao particular para uma viagem ministerial à Martinica. O frete, que custou quase 260 mil reais aos cofres públicos, foi considerado desnecessário.

A descoberta dos casos ocorre em um momento crítico, quando o governo tenta reduzir os gastos públicos.

Diante da situaçao, na semana passada o presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou que os ministros acusados de abuso de poder ou de conflito de interesses seriam demitidos em setembro, após as férias de verão. Mas os dois políticos, pressionados, preferiram não esperar e deixaram o governo.

Desdobramentos

A saída dos dois secretários de Estado é apenas a ponta de um iceberg ainda maior: o possível envolvimento do atual ministro do Trabalho, Eric Woerth, em uma gigantesca fraude fiscal da qual é acusada a bilionária Liliane Bettancourt, herdeira da multinacional L'Oréal. O nome de Woerth aparece em conversas telefônicas gravadas com os administradores da fortuna da bilionária, quando ele ainda era ministro do Planejamento.

Alguns analistas acreditam que a saída de Alain Joyandet e Christian Blanc seria um prenúncio da demissão de Eric Woerth do governo, em setembro. Mas a oposição pensa o contrário. Com a partida dos dois secretários de Estado, o governo estaria tentando desviar a atenção do ministro do Trabalho, afinal, Woerth está à frente de um dos projetos de lei mais polêmicos do ano: a reforma do regime de aposentadoria. Um projeto que seria ainda mais difícil de emplacar com um novo ministro no governo.

Uma pesquisa de opinião pública, divulgada nesta segunda- feira, revela que 64% dos franceses acham que os políticos do país são corruptos.