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Aquecimento causado pelas mudanças climáticas na Europa já é o maior do mundo, diz relatório

A Europa é o continente que registra o ritmo de aquecimento provocado pelas mudanças climáticas mais acelerado no mundo. A temperatura média do continente já é 2,3ºC superior à da era pré-industrial, alerta o professor Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O dado é citado em um relatório publicado pela ONU e pelo programa europeu Copernicus, nesta segunda-feira (19).

Painel em uma farmácia de Nantes, no oeste da França, indica 43°C, em 13 de julho de 2022.
Painel em uma farmácia de Nantes, no oeste da França, indica 43°C, em 13 de julho de 2022. REUTERS - STEPHANE MAHE
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"A Europa é a região do mundo que está esquentando mais rapidamente", diz Taalas. O planeta inteiro registrou um aumento de temperatura de quase 1,2°C devido às emissões de gases de efeito estufa. Isso significa que, do Estreito de Gibraltar aos Urais, o ritmo de aquecimento é duas vezes maior.

Segundo a OMM, a Europa contava, em novembro, com um aumento de temperatura de cerca de +0,5ºC grau por década. Ou seja, duas vezes mais rápido do que a média do restante das cinco regiões meteorológicas mundiais.

Na maior parte do continente, "as temperaturas elevadas exacerbaram as secas intensas e violentas, alimentadas por violentos incêndios florestais, responsáveis pela segunda maior superfície queimada já medida no continente até hoje", afirma Taalas.

Segundo a base de dados da OMM, em 2022, os fenômenos meteorológicos, hidrológicos e climáticos na Europa afetaram diretamente 156.000 pessoas e causaram 16.365 mortes, provocadas quase exclusivamente pelas ondas de calor.

Seca na Península Ibérica

Os prejuízos econômicos, principalmente relacionados a enchentes e tempestades, foram estimados em cerca de US$ 2 bilhões em 2022 (R$ 10,4 bilhões, na cotação da época), bem menos do que os US$ 50 bilhões de 2021 (R$ 279 bilhões, na cotação da época), que registrou enchentes excepcionais.

O termômetro foi subindo e as chuvas ficaram abaixo do normal em grande parte do continente. "Este é o quarto ano consecutivo de seca na Península Ibérica e o terceiro nas regiões montanhosas dos Alpes e dos Pireneus", explica o relatório.

 A França sofreu a pior seca já registrada desde 1976, entre janeiro e setembro, e o Reino Unido teve o período mais seco entre janeiro e agosto. Já as geleiras alpinas sofreram "uma perda de massa recorde em um ano, que resultam da pouca neve durante o inverno, de um verão muito quente e da chegada da areia do Saara".

Episódios frequentes

Desde 1997, as geleiras europeias perderam cerca de 880 km3 de neve. A temperatura média da superfície do mar no Atlântico Norte foi a mais quente já registrada. O ano de 2022 "infelizmente não é um caso único ou uma anomalia climática", comentou Carlo Buontempo, diretor do Observatório da Mudança Climática Copernicus (C3S) da União Europeia (UE).

O ano "fez parte de uma tendência que tornará os episódios extremos de estresse térmico mais frequentes e intensos", acrescentou. Em 2021, o ano mais recente com uma série completa de dados, a concentração dos três principais gases do efeito estufa (carbono, metano e óxido de nitrogênio) atingiu níveis recordes. Essas emissões continuaram aumentando em 2022, de acordo com dados parciais.

Os únicos dados positivos do relatório estão relacionados às energias solar e eólica. Pela primeira vez, juntas, elas produziram mais eletricidade (22,3%) do que o gás de origem fóssil (20%) e o carvão (16%).

(Com informações da AFP)

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