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Demografia

Censo histórico no Paquistão contará transexuais pela primeira vez

Com dez anos de atraso, o Paquistão iniciará nesta quarta-feira (15) seu primeiro censo da população em quase vinte anos. O levantamento é de grande importância em termos de divisão de poder político e distribuição de fundos públicos. Pela primeira vez, os transexuais serão computados à parte, como reclamam os representantes desta comunidade historicamente reconhecida, mas ainda perseguida no Paquistão.

Os transexuais paquistaneses serão computados à parte no censo de 2017.
Os transexuais paquistaneses serão computados à parte no censo de 2017. ABDUL MAJEED / AFP
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Considerado pela ONU como o sexto país mais populoso do mundo, com 200 milhões de habitantes, o Paquistão não faz um censo desde 1998, descumprindo a Constituição, que prevê a contagem a cada dez anos. Os formulários terão três opções na categoria gênero: 1 para para os homens, 2 para as mulheres e 3 para os que se declararem transexuais.

Os resultados terão consequências significativas nos indicadores econômicos e sociais do país, que atualmente são calculados em função de 134,7 milhões de habitantes, a população registrada há 19 anos. A um ano das eleições legislativas, as principais consequências do censo serão políticas.

As mudanças demográficas vão alterar os distritos eleitorais, a divisão de cadeiras entre as províncias e a distribuição de fundos atribuídos pelo orçamento federal. "Todos têm medo do censo porque determina o poder político", explica Muddassir Rizvi, da ONG Rede para Eleições Livres e Justas (Fafen). O censo poderá representar a perda de várias cadeiras da província de Punjab, reduto do partido no poder, e cuja população aumenta menos que em outras regiões.

Minorias e refugiados podem sair do anonimato

O censo permitirá medir o peso das minorias marginalizadas, como os hindus e os cristãos, que afirmam superar as atuais estimativas em 2 ou 3 milhões de pessoas. Segundo estimativas aproximadas e questionadas, haveria entre 2 e mais de 10 milhões de cristãos e entre 2,5 e 4,5 milhões de hindus.

Alguns estão preocupados com o peso dos 2 milhões de refugiados afegãos no país, que serão difíceis de diferenciar do cidadão paquistanês devido às irregularidades na concessão de documentos de identidade. O partido que governa Karachi, a maior cidade do Paquistão, pediu que o censo fosse adiado até a partida dos refugiados.

Metade dos distritos receberão os recenseadores entre 15 de março e 15 de abril e a outra entre 25 de abril e 25 de maio. Os primeiros resultados serão conhecidos em julho.

O Escritório de Estatísticas (PBS) do Paquistão trabalhará com 119.000 civis na realização da pesquisa. O exército ajudará com 200.000 homens, tanto na segurança quanto na distribuição dos questionários.

País conta com 70 línguas, mas só nove serão recenseadas

Outro critério essencial para avaliar o peso político das múltiplas etnias que compõem o Paquistão é a língua, mas apenas nove idiomas estarão na lista. Os especialistas consideram que o país conta com 70 línguas. Em especial, serão recenseados o urdú, idioma nacional, o pashtum, comum entre os habitantes do oeste e os afegãos, e as duas línguas faladas pelos baluques, que reclamam a autonomia de sua província.

Um dos itens do questionário diz respeito ao tipo de sanitário que existe na casa, já que a ONU calcula que no Paquistão cerca de 40% da população defeca ao ar livre, com os consequentes problemas para a saúde, especialmente das crianças.

Com informações da AFP

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