Líderes mundiais se reúnem para conferência de doadores para a Síria em Londres
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Cerca de 70 líderes de todo o mundo se reúnem nesta quinta-feira (4) em Londres para uma conferência que pretende levantar um novo financiamento para ajudar os cidadãos sírios atingidos pelos cinco anos de conflito no país.
Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres
O encontro com doadores será presidido pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, e deve contar com a presença da chanceler alemã, Angela Merkel, do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e do ministro brasileiro das Relações Exteriores Mauro Vieira. O objetivo dos organizadores é obter US$ 9 bilhões para ajudar refugiados sírios, principalmente aqueles que estão nos países vizinhos, como o Líbano, a Turquia e a Jordânia.
O Reino Unido, a Alemanha, a Noruega e o Kuwait, que foram os idealizadores dessa conferência em Londres, pretendem fazer com que o financiamento deixe de servir apenas para a distribuição de alimentos e também abra oportunidades de trabalho e educação para os refugiados sírios que se encontram em países do Oriente Médio.
O governo britânico argumenta que, se esses refugiados não tiverem a chance de melhorar de vida dentro e fora dos campos de refugiados, eles ficarão mais sujeitos a serem aliciados pela ideologia extremista ou também correm mais riscos de se aventurarem na perigosa travessia do Mediterrâneo até a Europa. Os organizadores da conferência querem que em 2016 se estabeleça o objetivo de colocar 1 milhão a mais de sírios nas escolas e dezenas de milhares no mercado de trabalho. Eles admitiram que o apelo feito em 2015 em nome dos refugiados não conseguiu atingir nem metade das metas originais.
Países vizinhos já receberam mais de 4,6 milhões de refugiados
Os países vizinhos à Síria, principalmente a Turquia, o Líbano e a Jordânia, já receberam, juntos, mais de 4,6 milhões de sírios registrados como refugiados desde o início da guerra civil, em 2011. A situação nesses países é alarmante e os líderes que se reúnem em Londres estão cientes disso. Um relatório publicado pelo Conselho de Refugiados da Noruega aponta que só no Líbano, 70% dos refugiados já perderam o direito de permanecer legalmente no país, o que dificulta o acesso deles a escolas, universidades e ao mercado de trabalho.
Segundo o mesmo levantamento, 70% dos refugiados no Líbano e na Jordânia estão vivendo na pobreza – mais de 1 milhão de pessoas. Uma boa parte das crianças refugiadas também não está na escola. Na terça-feira, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) afirmou que as crianças que estão na Síria e nos países vizinhos correm o risco de virar uma "geração perdida" justamente por causa dessa falta de acesso à educação.
A conferência em Londres pretende destinar o financiamento para apoiar esses países a lidar com a situação. Uma das propostas é abrir novas oportunidades de negócios e comércio com a Turquia, o Líbano e a Jordânia para tentar fortalecer a economia dessas nações, e assim torná-las mais preparadas para ajudar os refugiados. Na quarta-feira, representantes do governo de Bashar al-Assad e da oposição da Síria encerraram dois dias de negociações de paz sem chegar a nenhum acordo.
Encontro em Genebra termina antes do esperado
O encontro em Genebra terminou bem antes do esperado, com os dois lados se acusando mutuamente pelo fracasso das negociações. O principal mediador da ONU na reunião insiste que o diálogo deve ser retomado no dia 25 de fevereiro. Mas os representantes da oposição disseram que só voltam à mesa quando as condições dos civis melhorarem e o governo parar com bombardeios e cercos aos cidadãos.
Os principais líderes mundiais reagiram negativamente à notícia. O secretário de Estado americano, John Kerry, disse que os ataques do governo sírio contra as áreas controladas pela oposição – e que contam agora com um grande apoio da Rússia – estão dificultando uma saída diplomática e política para o conflito. A França também acusou o país de atrapalhar as negociações de paz.
Os organizadores da conferência em Londres afirmaram que, mesmo com a ajuda de doadores, a crise dos refugiados só deve terminar com o fim do conflito na Síria. Hoje o primeiro-ministro David Cameron já anunciou que a Grã-Bretanha vai doar 1,74 bilhão de euros.
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