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Linha Direta

Crise na Venezuela trava discussões da Unasul

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A situação econômica e social na Venezuela continua delicada. Os diálogos de paz facilitados por chanceleres da Unasul (União de países Sul-Americanos), entre eles, o brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, foram interrompidos. O país, que há três meses enfrenta violentos protestos, está com a economia em colapso. Além disso, o senado dos Estados Unidos aprovou uma decisão inédita contra funcionários do governo venezuelano.

Reunião da comissão de chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) em Caracas.
Reunião da comissão de chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) em Caracas. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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A Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano aprovou nesta terça-feira (20), um projeto que visa impor sanções aos funcionários do governo venezuelano responsáveis por violações de direitos humanos. Desde fevereiro deste ano, a Venezuela entrou em uma onda de protestos, que, até o momento, já matou 42 pessoas e feriu mais de 800. Há também denúncias de casos de tortura.

A proposta, apresentada pelo senador republicano Marco Rubio, foi aprovada por unanimidade. O projeto visa o congelamento de bens nos Estados Unidos e o visto de entrada a funcionários venezuelanos. A Câmara de Representantes aprovou há alguns dias um projeto similar. Os dois corpos legislativos devem ajustar as duas versões antes de levar o projeto às mãos do presidente Barack Obama. No entanto, o Departamento de Estado de Washington não vê o projeto com grande simpatia.

Conversas travadas

Nem o governo, nem a oposição colocaram um ponto final nos diálogos, mas ainda não há consenso sobre quando as negociações serão retomadas. Os chanceleres da Unasul, incluindo o brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, ficaram dois dias em Caracas, onde se reuniram com ambos os grupos e também com o núncio apostólico para buscar uma reaproximação. As mesas de diálogo chegaram a um impasse após a Mesa da Unidade Democrática (MUD) se negar a conversar após a prisão, há mais de duas semanas, de 243 estudantes que estavam acampados em Caracas.

A MUD quer que o governo mostre avanços nas propostas apresentadas, entre elas a anistia para os presos políticos e uma Comissão da Verdade neutra para avaliar as 42 mortes geradas pelos protestos. Os diplomatas pediram que ambos os lados reflitam sobre os próximos passos e escolham uma data para o encontro.

Passagem internacional

Além dos problemas de escassez de alimentos e produtos, outra restrição que os venezuelanos enfrentam é a viagem internacional. Comprar uma passagem aérea para o exterior se transformou em uma verdadeira via crúcis. De acordo com a IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos), a dívida do governo com as empresas chega a 4 bilhões de dólares. Esse é o motivo pelo qual as empresas aéreas têm restringido a venda de passagens aéreas. A Alitalia, responsável por 22% dos voos para a Europa, decidiu parar de operar no país. A Lufthansa já deixou de vender passagens e a Air France e a Ibéria estudam tomar decisões parecidas. No início do ano, foi a Air Canadá que cancelou a rota até a Venezuela.

Até mesmo os economistas favoráveis ao chavismo concordam que a situação econômica do país está crítica. O país acumula dívidas superiores a 14 bilhões de dólares com empresas automotoras, alimentícias, de saúde, química e com as empresas aéreas. Mesmo com o barril de petróleo com cotação em alta, a Venezuela, que é o um dos grandes produtores mundiais da commodity, não tem conseguido ficar solúvel frente aos credores. O governo avalia fazer uma revisão das políticas econômicas para tentar reajustar essa área. Entre as possibilidades está o aumento do preço da gasolina, tema bastante polêmico, tendo em vista que nada é mais barato no país que encher o tanque, pelo qual o venezuelano paga o equivalente a 25 centavos de real.
 

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