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Venezuela/Política

Na Venezuela, diálogo entre governo e oposição dura seis horas

O primeiro diálogo entre o governo e a oposição da Venezuela, mediado pelos três chanceleres da União de Países Sul-Americanos (Unasul), entre eles o brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, durou seis horas. A reunião chegou ao fim na madrugada de hoje e ficou definido que na próxima terça-feira (15) haverá outro encontro para tentar resolver a profunda crise na qual o país está imerso desde fevereiro deste ano.

O presidente Nicolás Maduro, durante encontro com a oposição que durou seis horas e foi transmitido ao vivo pela televisão.
O presidente Nicolás Maduro, durante encontro com a oposição que durou seis horas e foi transmitido ao vivo pela televisão. Reuters
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Elianah Jorge, correspondente da RFI, em Caracas,

O encontro foi transmitido em rede nacional de rádio e tv, algo até então inédito na recente história do país. Nomes fortes dos dois lados políticos do país se reuniram no Palácio do Miraflores, a sede presidencial, inclusive José Pinto, o líder dos Tupamaros, grupo político tido como violento e espalhado pelo território venezuelano. Cada uma das mais de 20 personalidades tiveram direito a falar por dez minutos, motivo da longa duração da exposição.

O presidente Nicolás Maduro excedeu o tempo previsto. Durante o discurso, citou o ex-presidente do Brasil, João Goulart (1918-1976); reconheceu que há problemas no país e afirmou que a "Venezuela está exigindo que rememos em uma só direção", em referência à polarização que fragmenta a sociedade venezuelana.

Lula sugere a Maduro formar coalizão

Durante esta semana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu a Nicolás Maduro formar um governo de coalizão. O venezuelano agradeceu o conselho, mas descartou a possibilidade.

Aldo Giordani, o núncio apostólico na Venezuela, leu uma mensagem enviada pelo Papa Francisco, na qual o Santo Padre informou que poderia, em uma próxima ocasião, participar do processo de diálogo.

As manifestações que se espalharam por alguns estados do país começaram com estudantes no estado Táchira, porém este grupo não quis se somar à mesa afirmando que não se sente representado pelos que participaram do diálogo. Os estudantes preferiram organizar a "marcha da luz" por alguns pontos de Caracas para manifestar o descontentamento com a situação do país.

Ramón Guillermo Aveledo, dirigente da coligação Mesa da Unidade Democrática, destacou que o diálogo é uma prática e não uma exceção. "Algo vai muito mal quando os venezuelanos vêem com espanto que oposição e governo dialoguem", afirmou.

Troca de acusações

A reunião transcorreu com tranquilidade, no entanto, muitas vezes parecia que ambos os grupos falavam sobre países diferentes, porém com o mesmo nome: Venezuela. Para o governo os problemas do país começaram em 2002, quando a oposição deu um golpe de Estado que por algumas horas afastou do poder o então presidente Hugo Chávez.

Já para os opositores, a situação começou a ficar crítica a partir da eleição presidencial de abril de 2013 que deu a vitória apertada de Maduro sobre Henrique Capriles Radonski por uma pequena diferença de votos.

Capriles, que é governador do estado de Miranda, foi um dos últimos a falar e foi enfático: "Ou isto muda ou isto arrebenta", em alusão ao panorama de insegurança, escassez, alta da inflação e da polarização social presentes atualmente na Venezuela.

Maduro anunciou a morte de um policial nacional após ser alvo de um franco-atirador. A outra vítima é a estudante Mariana Ceballos, que foi atropelada em Valencia (região central) em março, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na noite desta quinta-feira. Com estes casos, o número de mortos desde o início da crise subiu para 41.

Jornalista sequestrada

A jornalista Nairobi Pinto, chefe da equipe de correspondentes do canal Globovisión, foi sequestrada na porta de casa no último domingo. Até o momento os sequestradores não fizeram contato com a família de Nairobi. A imprensa local e internacional e a organização Repórteres sem Fronteiras lançaram a campanha #LibertemNairobi.

 

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