Alemanha e República Tcheca acusam Moscou por onda de ciberataques
Os governos alemão e tcheco acusaram, nesta sexta-feira (3), um grupo de hackers russos controlado por Moscou de uma recente onda de ciberataques em seus territórios. Desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, os países ocidentais estão em alerta máximo contra o risco de ataques cibernéticos e operações de desinformação organizadas pela Rússia, que desmente qualquer envolvimento.
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Após uma investigação conjunta com o governo tcheco, os ataques foram atribuídos ao grupo APT28, "dirigido pelos serviços de inteligência da Rússia", segundo a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock. "Em outras palavras, foi um ataque cibernético apoiado pela Rússia contra a Alemanha, o que é absolutamente intolerável e inaceitável", disse a ministra nesta sexta-feira (3) em Sydney.
"Nós e nossos parceiros não toleraremos esses ataques cibernéticos e usaremos toda a gama de medidas disponíveis para prevenir, dissuadir e responder ao comportamento agressivo da Rússia no ciberespaço", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
A embaixada russa em Berlim rejeitou as acusações, denunciando "uma nova iniciativa destinada a despertar o sentimento anti-russo na Alemanha". O governo alemão anunciou nesta manhã a convocação do encarregado de negócios da embaixada russa.
“Este é um sinal diplomático para deixar claro ao governo russo que não aceitamos essas ações", alertou, em um comunicado, o Ministério alemão das Relações Exteriores. "Usaremos uma série de medidas para dissuadir e responder ao comportamento agressivo da Rússia”.
"No contexto das próximas eleições europeias, eleições nacionais em vários países europeus e da agressão russa contra a Ucrânia, estes atos são particularmente graves e repreensíveis", acrescentou o ministério na sexta-feira.
"Os ciberataques russos representam uma ameaça à nossa democracia, que nós combatemos com veemência", disse a ministra do Interior, Nancy Faeser, em um comunicado, acrescentando que a Alemanha está agindo ao lado da UE e da Otan.
Piratas exploraram vulnerabilidade no Outlook
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores tcheco, Praga tem sido com frequência alvo de ciberataques organizados pela APT28. Os piratas digitais "exploraram uma vulnerabilidade desconhecida no Microsoft Outlook a partir de 2023".
Um porta-voz alemão da Microsoft encaminhou à Reuters uma postagem de um blog detalhando como um internauta baseado na Rússia estava usando uma ferramenta chamada GooseEgg desde abril de 2019 para roubar credenciais.
A Alemanha já foi alvo de outro ataque cibernético, no ano passado, atribuído a Moscou, que resultou no acesso aos e-mails de funcionários do Partido Social-Democrata (SDP), do chanceler Olaf Scholf.
A operação também teve como alvo "departamentos governamentais, empresas do setor de logística, armamentos, aeroespacial e várias fundações e associações", segundo o governo alemão. "Esses ataques foram organizados pela Federação Russa e seu serviço de inteligência GRU", disse o ministro do Interior tcheco, Vit Rakusan.
UE já impôs sanções
Os Estados-membros da UE "condenam" a campanha de ciberataques, disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, em nome dos 27 Estados-membros.
Depois de já ter imposto sanções a indivíduos e entidades ligados ao grupo APT28 em 2020, a UE "está determinada a usar uma série de medidas para prevenir, dissuadir e responder ao comportamento maligno da Rússia no ciberespaço", acrescentou.
O grupo APT28, também conhecido como "Fancy Bear", é acusado de ser responsável por dezenas de ataques cibernéticos em todo o mundo. "De acordo com a avaliação de nossas autoridades de segurança, é um dos grupos de ataque cibernético mais perigosos e ativos do mundo", observou o Ministério do Interior alemão.
Os países da Otan expressaram preocupação na quinta-feira com as "atividades" da Rússia "recentemente realizadas no território da Aliança".
Elas incluem "atos de sabotagem, atos de violência, atividades cibernéticas, interrupções eletrônicas, campanhas de desinformação e outras atividades híbridas", escreveram os aliados em um comunicado, referindo-se a "atividades estatais hostis que afetaram a República Tcheca, Estônia, Alemanha, Letônia, Lituânia, Polônia e Reino Unido".
Nos últimos meses, vários estados como França, Suíça e Austrália já denunciaram ataques cibernéticos de coletivos de hackers no país.
Com informações da AFP
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