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"Não vamos nos render", diz presidente ucraniano após invasão da Rússia em Kiev

Em um vídeo publicado neste sábado (26), o chefe de Estado ucraniano,Volodymyr Zelensky, de Kiev, afirmou que o exército do país não entregará as armas e "continuará defendendo a Ucrânia." Ele também disse que a decisão sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia era um momento "crucial" para a população do país.

Ataques em Kiev durante a noite de sexta para sábado: quase ucranianos já morreram desde o início da ofensiva russa
Ataques em Kiev durante a noite de sexta para sábado: quase ucranianos já morreram desde o início da ofensiva russa REUTERS - GLEB GARANICH
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Em uma mensagem no Twitter, Zelensky declarou que conversou com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, sobre o apoio do bloco à Ucrânia "e a luta heroica dos ucranianos por um futuro livre." O presidente ucraniano também declarou que "armas e equipamentos" fornecidos por parceiros estão a caminho. As Forças Armadas francesas confirmaram o envio de "equipamentos defensivos" ao país, mas ainda analisam o fornecimento de armas.

Zelensky citou a existência de uma "coalizão contra a guerra que se torna operacional", depois de uma conversa com o presidente francês, Emmanuel Macron. O chefe de Estado francês declarou que "a guerra vai durar." Ele convocou um Conselho de Defesa sobre a situação neste sábado, às 17h, no horário local (13h de Brasília), no palácio do Eliseu.

Kiev acordou neste sábado (26) debaixo de tiros de mísseis. Um imóvel residencial da capital foi destruído, segundo as autoridades do país. As forças ucranianas também constataram violentos combates a 30 km do sudoeste da capital. As tropas ucranianas enfrentaram na madrugada deste sábado o avanço russo em Kiev e arredores, O presidente Volodimir Zelensky pediu que a população resistisse à forte ofensiva inimiga para tomar a capital. 

Imóvel bombardeado em Kiev durante os ataques das tropas russas.
Imóvel bombardeado em Kiev durante os ataques das tropas russas. REUTERS - GLEB GARANICH

Pelo menos 198 ucranianos, entre eles três crianças, morreram durante os ataques dos últimos dias da Rússia contra a Ucrânia. Cerca de 1.115 pessoas ficaram feridas, de acordo com a agência Interfax, que citou o Ministério da Saúde. Na madrugada de sexta para sábado, o Exército da Ucrânia informou que conteve um ataque russo em uma das principais avenidas da capital.

O alerta se confirmou pouco depois. A Rússia "atacou uma unidade militar na avenida Vitória de Kiev, o ataque foi evitado", indicou o exército ucraniano no Facebook. Ao longo da madrugada de sábado, jornalistas presenciaram fortes explosões no centro da capital que, segundo fontes militares ocidentais, é o principal objetivo da invasão iniciada na quinta-feira (24) pelo presidente russo, Vladimir Putin.

O Exército ucraniano também citou combates em Vasilkov, uma cidade 30 km ao sul de Kiev, que estava envolvida em "duros combates" a 30 km do sul da capital, onde os russos "tentaram pousar paraquedistas". Um avião de transporte militar IL-76 também foi destruído nessa região e de um helicóptero e um caça no leste do país.

A ofensiva russa provocou a fuga de mais de 50.000 ucranianos do país, assim como 100.000 deslocados internos, segundo a ONU, e quase 200 mortos, de acordo com Kiev. Vladimir Putin exortou o exército ucraniano a "tomar o poder" e chamou o governo Zelensky de "gangue de viciados em drogas e neonazistas".

Habitantes se refugiam em metrô da capital ucraniana.
Habitantes se refugiam em metrô da capital ucraniana. REUTERS - IRAKLI GEDENIDZE

"Ataques acontecem à noite"

A RFI Brasil tem estado em contato com o estudante de Medicina David Abu-Gharbil, que mora em Kiev. Ele estava em um bunker da capital com outros dois brasileiros perto do prédio onde vivia. Na sexta-feira (25), David buscou refúgio no metrô, perto do centro, como mostrou em imagens que postou em sua conta no Facebook. Na manhã deste sábado, ele disse que os ataques acontecem à noite e a situação hoje pela manhã era mais calma, com civis nas ruas. "Aproveitei para dormir algumas horas. Vamos ver como vai ser o dia de hoje", comentou, mantendo o otimismo, mas não escondendo a preocupação.

O exército ucraniano também relatou combates na sexta-feira em Dymer e Ivankiv, duas cidades a 40 e 80 quilômetros ao norte de Kiev, respectivamente, e avanços inimigos para nordeste e leste. Enquanto isso, os países ocidentais adotaram uma série de sanções contra entidades, empresas e autoridades russas, entre elas Putin, em resposta à invasão.

Os brasileiros David Abu-Gharbil, Jonatan e Mateus em um bunker em Kiev
Os brasileiros David Abu-Gharbil, Jonatan e Mateus em um bunker em Kiev © Arquivo Pessoal

No Conselho de Segurança da ONU, a Rússia vetou uma resolução promovida pelos Estados Unidos e pela Albânia para deplorar a "agressão" contra a Ucrânia. A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, disse que as relações entre Moscou e as potências ocidentais estão se aproximando de um "ponto irreversível".

Putin disse estar disposto a enviar uma delegação a Minsk, capital de Belarus, para negociar com a Ucrânia. A Hungria, membro da Otan e próxima a Moscou, ofereceu Budapeste como palco para negociações.

O porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, descreveu esta proposta como uma "diplomacia armada, enquanto bombas, morteiros e artilharia de Moscou atingem civis ucranianos". A Otan anunciou que ativará seus planos de defesa para reforçar a parte oriental. A Rússia exige que a Ucrânia abandone sua ambição de aderir à Otan e pede que a aliança militar liderada pelos EUA reduza a sua presença no Leste Europeu.

O presidente francês, Emmanuel Macron, convocou um Conselho de Defesa às 17h neste sábado
O presidente francês, Emmanuel Macron, convocou um Conselho de Defesa às 17h neste sábado AFP - MICHEL EULER

Sanções em todos os âmbitos

Após a ofensiva, a União Europeia (UE) desbloqueou um pacote de sanções nos setores de energia e financeiro. O próprio Putin e seu chanceler, Sergei Lavrov, foram incluídos hoje na lista de personalidades sancionadas, com ativos congelados pela União Europeia, Reino Unido e Canadá, enquanto os Estados Unidos anunciaram que tomariam medidas semelhantes.

Zelensky pediu ao Ocidente que expulsasse a Rússia do sistema de transferências bancárias Swift, mas alguns países da União Europeia, como Alemanha e Hungria, manifestaram suas dúvidas, pelo temor de que essa medida pudesse provocar problemas na entrega de gás russo.

(Com informações da AFP)

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