Ucrânia relata aumento de radiação em Chernobyl, usina nuclear agora controlada pelos russos

A Ucrânia informou nesta sexta-feira (25) ter registrado "dados preocupantes" de radiação na usina nuclear de Chernobyl, onde aconteceu o maior acidente nuclear da história, em 1986. O local caiu nas mãos do exército russo, após a invasão da Ucrânia. Moscou afirma que tudo está sob controle na área.

Visão geral da estrutura que protege o antigo sarcófago sobre o reator 4 danificado da Usina Nuclear de Chernobyl. Em Chernobyl, Ucrânia. E 5 de julho de 2019. REUTERS - Valentyn Ogirenko

"Houve um aumento nos indicadores acima dos níveis de controle às 03h20 (22h20 de quinta-feira no horário de Brasília)", disse o vice-diretor do departamento ucraniano para questões de segurança em instalações nucleares, Alexander Grigorach. "Mas não podemos verificar, porque todos os funcionários foram retirados", disse por telefone.

O Parlamento ucraniano, a Rada, também indicou em sua conta no Telegram que o sistema de controle automatizado da usina havia registrado um aumento de "raios gama" na região, um sinal de radioatividade, mas sem especificar o nível. "Por causa da ocupação e dos combates, atualmente é impossível estabelecer as razões" para essas leituras, informou a Rada.

Acordo para manter a segurança

Um porta-voz do exército russo, entretanto, assegurou que não havia necessidade de preocupação com a segurança do reator que explodiu em 1986, espalhando radiação em uma parte da Europa, nem em relação a seu sarcófago.

Ao contrário do que disseram os ucranianos, Moscou informou que os funcionários de Chernobyl ainda estavam no local. "Um acordo foi firmado com um batalhão da Força de Segurança de Energia Atômica da Ucrânia para manter a segurança conjunta dos blocos de energia e do sarcófago da usina nuclear de Chernobyl", afirmou Igor Konashenkov, porta-voz do ministério da Defesa russo. "A radiação na área da central nuclear está em conformidade com a norma", assegurou, afirmando que "os funcionários da central monitoram a situação da radioatividade".

A cooperação entre soldados russos e ucranianos para garantir a segurança da usina "é uma garantia de que as formações nacionalistas ou outras organizações terroristas não poderão usar a situação do país para organizar uma 'provocação nuclear'", acrescentou o porta-voz de Moscou.

De acordo com autoridades da Ucrânia, o sistema de controle automatizado da usina de Chernobyl registrou um aumento de "raios gama", um sinal de radioatividade na região. AFP/File

História contada em série de TV

O pior acidente nuclear já registrado ocorreu quando a Ucrânia era uma das quinze repúblicas soviéticas. Um reator da usina de Chernobyl, localizada a cerca de cem quilômetros da capital, Kiev, explodiu, contaminando até três quartos da Europa, especialmente Ucrânia, Rússia e Belarus.

Quase 350 mil pessoas tiveram que ser retiradas de um perímetro de 30 quilômetros ao redor da usina. O número de vítimas ainda é motivo de controvérsia.

A história daqueles que lutaram heroicamente para mitigar os danos catastróficos do acidente foi contada na minissérie Chernobyl, lançada pelo canal HBO, em 2019.

O acidente ocorreu durante um teste de segurança, resultando na explosão do reator 4. Dois funcionários da usina morreram na explosão e, em seguida, houve um incêndio, que se estendeu durante vários dias. A explosão deixou o reator nuclear exposto, e as chamas foram responsáveis por jogar na atmosfera uma elevada quantidade de material radioativo.

(Com informações da AFP)