Votações no parlamento e greve no setor público prometem dia tenso na Grécia
Começa hoje a série de votações parlamentares que pode garantir o sinal verde para o acordo assinado na segunda-feira (13) entre Atenas e os parceiros na zona do euro. Enquanto a Europa decide se as duríssimas medidas de austeridade assinadas pelo premiê Alexis Tsipras serão suficientes para liberar um plano de resgate e manter o país na união monetária, a Grécia vê nas ruas os sintomas da crise.
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O transporte público funciona apenas parcialmente no país por conta de uma greve convocada por um sindicato de funcionários públicos que se opõem às novas medidas de rigor. Ministérios e governos locais também estão em greve, assim como as farmácias, que temem que o acordo desorganize o setor. Essa é a primeira paralisação depois da eleição do partido de esquerda Syriza, em janeiro.
O Parlamento grego deve se pronunciar na quarta-feira à noite sobre o novo plano de ajuda, que injetará cerca de € 82 bilhões na economia grega em três anos. Essa votação funcionará como um teste à unidade do governo Tsipras, já que a ala mais à esquerda do partido é abertamente contrária ao acordo e prega a volta de uma moeda nacional. A vice-ministra grega das Finanças, Nadia Valavani, já anunciou sua demissão.
Votações nacionais
Grande apoiadora da permanência da Grécia na zona do euro, a França também se vê dividida internamente. Os Republicanos, partido do ex-presidente Nicolas Sarkozy, simbolizam essa divisão: todos concordam que o presidente François Hollande superestima seu papel nas negociações, mas divergem sobre aprovar ou não o acordo. A Frente de Esquerda defende por unanimidade a reprovação do texto, que classifica como um "golpe de Estado" com aval de Hollande.
O ministro das Finanças Michel Sapin defendeu o acordo e elogiou o premiê grego pela coragem de assinar um texto "extremamente duro e difícil, mas que permite salvar" o país. Agora há pouco, o primeiro ministro espanhol, o conservador Mariano Rajoy, anunciou que também submeterá o acordo ao Parlamento, levando em conta a importância dos valores em jogo. Além de Grécia, França e Espanha, Finlândia, Áustria, Estônia, Letônia, Eslováquia e Alemanha submeterão o texto a suas assembleias.
Empréstimo
Para aumentar a pressão, a Comissão Europeia propôs nesta manhã conceder à Grécia um empréstimo de 7 bilhões de euros para arcar com os compromissos financeiros imediatos. A condição é que até o fim do dia, o parlamento vote um primeiro bloco de reformas. Atenas precisa deste valor para respeitar os prazos da dívida com o Banco Central europeu e pagar o retroativo com o FMI.
O Reino Unido e a República Tcheca se opõem ao empréstimo porque o dinheiro viria do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, que é um órgão da União Europeia, ao contrario do Mecanismo Europeu de Estabilidade, próprio à zona do euro. A decisão será tomada pela maioria qualificada dos países membros da União Europeia - ela precisa do apoio de 15 países, representando 65% da população do bloco.
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