Ano Novo ao redor do mundo muda de data e costumes
Para os brasileiros, pular sete ondas à meia-noite faz parte dos costumes de final de ano, assim como usar roupa branca no réveillon. Mas são hábitos desconhecidos em outras partes do mundo. A RFI Brasil conversou com vários colegas de outras redações (somos 13 línguas ao todo), para conhecer algumas peculiaridades.
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Aqui na França, o "réveillon" é menos festejado que o Natal, mas sempre com champanhe acompanhando a chegada do Ano Novo. Os pratos típicos vão na esteira da tradição natalina, com ostras, crustáceos e foie gras. As autoridades já autorizaram a comemoração na Champs-Elysées, o primeiro grande evento de aglomeração desde os atentados de 13 de novembro. As medidas de segurança serão reforçadas, mas o tom deverá ser mais recolhido este ano, que vai ter um show de vídeo, contagem regressiva e fogos. Em 2014, cerca de 600 mil pessoas comemoraram a chegada de 2015 no local.
Da redação latino-americana, a jornalista Maria Carolina Piña falou sobre os festejos na Venezuela. “As igrejas soam as doze badaladas e, a cada uma, comemos uma uva”. Outra versão é a de se ficar de costas para uma janela, comer uma uva a cada badalada e também jogar uma moeda para trás. “Mas quando eu era criança, às vezes jogava a uva e comia a moeda”, ri a jornalista. A roupa de baixo é obrigatoriamente amarela, para trazer sorte. E a comida típica é a “hallaca”, espécie de empanado feito à base de farinha de milho com recheio de frango, boi ou porco, refogado caprichosamente durante dias. A hallaca é cozida envolvida em folha de bananeira. “Experimentamos hallacas de toda a família, mas a melhor é sempre a da mamãe, como diz o ditado popular”, explica Maria Carolina.
No Vietnã, o calendário obedecido é o lunar chinês, explica a jornalista Thanh Ha. Tradicionalmente é o final da colheita e cai por volta do final de janeiro, início de fevereiro. As festas duram dois meses – dezembro é a preparação e janeiro é a comemoração. Na tradição camponesa, no dia de Ano Novo, é quando as crianças ganham roupas novas. Refletindo a cultura de respeito aos mais velhos, elas vão visitar os avós, que presenteia os netos com envelopes com algum dinheiro – a soma varia, mas a simbologia prevalece. Dezembro também é o mês da grande faxina anual, época para se jogar o que não serve mais, de arejar a casa. No dia do Ano Novo, nem pensar em varrer ou aspirar. Conta a lenda que uma princesa transformada em grão de sujeira foi varrida por um homem, que acabou na miséria. A mesa é farta, com muitos doces, conta Thanh Ha. No altar religioso da família, queima-se incenso. A fumaça chega aos antepassados, que são convidados a se juntar à refeição e a abençoar as pessoas presentes. Muitas festas acompanham todo o período.
No Irã, a tradição da virada do ano é milenar, conta Rahmat Ghassembeglou, da redação persa, seguida também na República do Azerbaijão, Índia, Quirguistão, Paquistão, Turquia, Afeganistão, Tadjiquistão e Uzbequistão. O momento é bem preciso, a ser anunciado por sábios que fazem os cálculos exatos, no dia 21 de março, primeiro dia da primavera no hemisfério norte, momento do equinócio, quando o sol incide diretamente sobre o Equador. As festas duram 13 dias com muita festa e música, conta Rahmat. No último dia, a festa é um grande piquenique ao ar livre, com muitos pratos típicos. As crianças ganham presentes e vão prestar homenagem aos mais velhos. Até a Revolução Iraniana, o jornalista persa conta que havia o costume, adotado do Ocidente, de se celebrar a passagem do dia 31 de dezembro nos grandes hotéis da capital Teerã. “Antes dos aiatolás, os iranianos comemoravam essas festas com a comunidade cristã armênia, num clima muito amistoso, mas os armênios foram embora do país com a chegada do regime islâmico, há 36 anos”, explica Rahmat.
Rosslyn Hyams, da redação inglesa, lembra um costume da Escócia de final do ano: o “hogmanay”. A origem é incerta, pode ser celta ou nórdica, mas segundo a tradição, as visitas a amigos e família são acompanhadas por presentes como um pedaço de carvão, bolo ou uísque. “A ideia é a de espalhar calor e manter as casas aconchegantes”, conta a jornalista. À meia-noite, canta-se “Auld Lang Syne”, a partir de um poema escrito pelo escocês Robert Burns em 1788, para se despedir do ano que se vai e celebrar a amizade. No Brasil, a canção recebeu uma versão conhecida como “Valsa da Despedida”, de Alberto Ribeiro e Carlos Alberto Ferreira Braga (o “Braguinha”), em 1941. As primeiras linhas são bem conhecidas: “Adeus amor, eu vou partir, ouço ao longe um clarim...”.
“A corrida de São Silvestre no dia 31 de dezembro é popular em Luanda, capital de Angola", conta Miguel Martins, chefe do serviço em português para a África. O evento esportivo também acontece em Maputo (Moçambique), no dia 26, e em Praia (Cabo Verde), no dia 27. Já em Portugal, elas também antecedem o Ano Novo: nos dias 26, em Lisboa, e 27, no Porto. A capital portuguesa também festeja a entrada do ano com concertos musicais na praça do Comércio, região central. A queima de fogos acontece nas principais cidades portuguesas, mas “o principal cartaz turístico é o da Madeira”, relata o jornalista. Já mencionado no Livro de Recordes do Guinness, como “o maior espetáculo de fogo de artifício do mundo”, o evento madeirense dura quase dez minutos e atrai muitos turistas e navios de cruzeiro à capital Funchal.
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