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Ano Novo ao redor do mundo muda de data e costumes

Para os brasileiros, pular sete ondas à meia-noite faz parte dos costumes de final de ano, assim como usar roupa branca no réveillon. Mas são hábitos desconhecidos em outras partes do mundo. A RFI Brasil conversou com vários colegas de outras redações (somos 13 línguas ao todo), para conhecer algumas peculiaridades.

Arco do Triunfo, em Paris, servirá de suporte para projeção de vídeos no Ano Novo.
Arco do Triunfo, em Paris, servirá de suporte para projeção de vídeos no Ano Novo. Reuters/Charles Platiau
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Aqui na França, o "réveillon" é menos festejado que o Natal, mas sempre com champanhe acompanhando a chegada do Ano Novo. Os pratos típicos vão na esteira da tradição natalina, com ostras, crustáceos e foie gras. As autoridades já autorizaram a comemoração na Champs-Elysées, o primeiro grande evento de aglomeração desde os atentados de 13 de novembro. As medidas de segurança serão reforçadas, mas o tom deverá ser mais recolhido este ano, que vai ter um show de vídeo, contagem regressiva e fogos. Em 2014, cerca de 600 mil pessoas comemoraram a chegada de 2015 no local.

A hallaca é o prato típico de final de ano na Venezuela
A hallaca é o prato típico de final de ano na Venezuela Elmer Junior Zambrano/Wikimedia Commons

Da redação latino-americana, a jornalista Maria Carolina Piña falou sobre os festejos na Venezuela. “As igrejas soam as doze badaladas e, a cada uma, comemos uma uva”. Outra versão é a de se ficar de costas para uma janela, comer uma uva a cada badalada e também jogar uma moeda para trás. “Mas quando eu era criança, às vezes jogava a uva e comia a moeda”, ri a jornalista. A roupa de baixo é obrigatoriamente amarela, para trazer sorte. E a comida típica é a “hallaca”, espécie de empanado feito à base de farinha de milho com recheio de frango, boi ou porco, refogado caprichosamente durante dias. A hallaca é cozida envolvida em folha de bananeira. “Experimentamos hallacas de toda a família, mas a melhor é sempre a da mamãe, como diz o ditado popular”, explica Maria Carolina.

Ano Novo vietnamita presta homenagem aos ancestrais.
Ano Novo vietnamita presta homenagem aos ancestrais. Wikipedia /Trần Đình Hiệp

No Vietnã, o calendário obedecido é o lunar chinês, explica a jornalista Thanh Ha. Tradicionalmente é o final da colheita e cai por volta do final de janeiro, início de fevereiro. As festas duram dois meses – dezembro é a preparação e janeiro é a comemoração. Na tradição camponesa, no dia de Ano Novo, é quando as crianças ganham roupas novas. Refletindo a cultura de respeito aos mais velhos, elas vão visitar os avós, que presenteia os netos com envelopes com algum dinheiro – a soma varia, mas a simbologia prevalece. Dezembro também é o mês da grande faxina anual, época para se jogar o que não serve mais, de arejar a casa. No dia do Ano Novo, nem pensar em varrer ou aspirar. Conta a lenda que uma princesa transformada em grão de sujeira foi varrida por um homem, que acabou na miséria. A mesa é farta, com muitos doces, conta Thanh Ha. No altar religioso da família, queima-se incenso. A fumaça chega aos antepassados, que são convidados a se juntar à refeição e a abençoar as pessoas presentes. Muitas festas acompanham todo o período.

Mesa preparada para o Ano Novo persa.
Mesa preparada para o Ano Novo persa. http://camiranbrasil.com.br

No Irã, a tradição da virada do ano é milenar, conta Rahmat Ghassembeglou, da redação persa, seguida também na República do Azerbaijão, Índia, Quirguistão, Paquistão, Turquia, Afeganistão, Tadjiquistão e Uzbequistão. O momento é bem preciso, a ser anunciado por sábios que fazem os cálculos exatos, no dia 21 de março, primeiro dia da primavera no hemisfério norte, momento do equinócio, quando o sol incide diretamente sobre o Equador. As festas duram 13 dias com muita festa e música, conta Rahmat. No último dia, a festa é um grande piquenique ao ar livre, com muitos pratos típicos. As crianças ganham presentes e vão prestar homenagem aos mais velhos. Até a Revolução Iraniana, o jornalista persa conta que havia o costume, adotado do Ocidente, de se celebrar a passagem do dia 31 de dezembro nos grandes hotéis da capital Teerã. “Antes dos aiatolás, os iranianos comemoravam essas festas com a comunidade cristã armênia, num clima muito amistoso, mas os armênios foram embora do país com a chegada do regime islâmico, há 36 anos”, explica Rahmat.

Edimburgo, na Escócia, e os fogos de Hogmanay.
Edimburgo, na Escócia, e os fogos de Hogmanay. Robbie Shade/Flickr

Rosslyn Hyams, da redação inglesa, lembra um costume da Escócia de final do ano: o “hogmanay”. A origem é incerta, pode ser celta ou nórdica, mas segundo a tradição, as visitas a amigos e família são acompanhadas por presentes como um pedaço de carvão, bolo ou uísque. “A ideia é a de espalhar calor e manter as casas aconchegantes”, conta a jornalista. À meia-noite, canta-se “Auld Lang Syne”, a partir de um poema escrito pelo escocês Robert Burns em 1788, para se despedir do ano que se vai e celebrar a amizade. No Brasil, a canção recebeu uma versão conhecida como “Valsa da Despedida”, de Alberto Ribeiro e Carlos Alberto Ferreira Braga (o “Braguinha”), em 1941. As primeiras linhas são bem conhecidas: “Adeus amor, eu vou partir, ouço ao longe um clarim...”.

 

Os fogos de artifício da Madeira na passagem do ano atraem turistas do mundo inteiro.
Os fogos de artifício da Madeira na passagem do ano atraem turistas do mundo inteiro. www.visitportugal.com

“A corrida de São Silvestre no dia 31 de dezembro é popular em Luanda, capital de Angola", conta Miguel Martins, chefe do serviço em português para a África. O evento esportivo também acontece em Maputo (Moçambique), no dia 26, e em Praia (Cabo Verde), no dia 27. Já em Portugal, elas também antecedem o Ano Novo: nos dias 26, em Lisboa, e 27, no Porto. A capital portuguesa também festeja a entrada do ano com concertos musicais na praça do Comércio, região central. A queima de fogos acontece nas principais cidades portuguesas, mas “o principal cartaz turístico é o da Madeira”, relata o jornalista. Já mencionado no Livro de Recordes do Guinness, como “o maior espetáculo de fogo de artifício do mundo”, o evento madeirense dura quase dez minutos e atrai muitos turistas e navios de cruzeiro à capital Funchal.

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