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Brasil/EUA

Imprensa francesa ironiza "amizade" de Bolsonaro com Trump e teme novas medidas protecionistas

A decisão de Donald Trump de impor taxas adicionais às importações de aço e alumínio provenientes do Brasil e da Argentina recebe destaque na imprensa francesa nesta terça-feira (3). A medida protecionista provoca queda nas bolsas de valores mundiais. "Com a abertura dessa nova trincheira no conflito comercial entre os Estados Unidos e seus principais parceiros, os investidores temem que outros países entrem no visor de Trump", afirma o jornal francês Les Echos.

Jornais franceses publicam imagens de encontros de Bolsonaro com Trump, quando o presidente brasileiro ainda acreditava ter prestígio ao lado do republicano.
Jornais franceses publicam imagens de encontros de Bolsonaro com Trump, quando o presidente brasileiro ainda acreditava ter prestígio ao lado do republicano. Fotomontagem RFI
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Nas últimas semanas, relata Les Echos, os investidores estavam convencidos de que um acordo comercial entre Washington e Pequim estava próximo, o que animou os mercados internacionais. "Mas, ao mudar de forma violenta as regras do jogo econômico e reduzir a visibilidade das empresas, a guerra comercial contribui à desaceleração do comércio e dos investimentos", assinala o jornal.

"Os investidores começam a se dar conta que um aguardado acordo entre Washington e Pequim poderá não sair até o fim do ano", explica um consultor ouvido pelo Les Echos. Pior: eles começam a temer que Trump adote medidas semelhantes contra outros parceiros, o que de fato ele ameaça fazer contra os produtos franceses. No caso da França, o problema não é a suposta desvalorização cambial, mas o imposto de 3% que o governo francês criou sobre o faturamento das gigantes de tecnologia americanas (Google, Apple, Facebook e Amazon).

O conservador Le Figaro ironiza Jair Bolsonaro, "que ostenta manter relações excelentes com Donald Trump", e afirma que o presidente brasileiro foi pego de surpresa com a decisão do republicano. "Esse anúncio é uma péssima notícia para o Brasil, segundo maior fornecedor de aço para o mercado americano", destaca. O jornal relata que Bolsonaro tentou atenuar o impacto da medida, dizendo que iria telefonar a Trump, o que já se sabe que não aconteceu. Além da alfinetada no Brasil, Le Figaro diz que Trump fez pouco caso da crise econômica na Argentina.

Le Monde pediu à empresa de consultoria Necton para avaliar a decisão de sobretaxar as importações de aço e alumínio brasileiros. "É um golpe duro para o Palácio do Planalto, que via Washington como um aliado", diz André Perfeito, que considera a medida desproporcional.

O Instituto Brasileiro do Aço (IBA) também reagiu afirmando ter ficado "perplexo" com o tuíte de Trump, acrescenta o Le Monde. Quanto à justificativa americana de ter adotado a sobretaxa devido à desvalorização do real e do peso argentino, o IBA lembra que "o câmbio é livre nos dois países".

A revista Paris Match também ironiza o "muito amigo" Trump e acrescenta que a desvalorização histórica do real não foi provocada por uma intervenção do governo brasileiro no câmbio, mas é atribuída por especialistas às incertezas no comércio internacional provocadas pela guerra comercial do republicano com a China.

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