Como a presidente Dilma Rousseff vive “o dia da queda”

Um alvorecer diferente. A bicicleta ficou de lado. Nesta quarta-feira (11), a presidente Dilma Rousseff preferiu caminhar no Palácio da Alvorada. O dia em que o Senado analisa seu processo de impeachment é, para a chefe de Estado, um momento de reflexão.

A presidente brasileira, Dilma Rousseff, quer evitar passar uma imagem de derrota. REUTERS/Ueslei Marcelino

Luciana Marques, correspondente da RFI em Brasília

O ex-presidente Lula e alguns ministros mais próximos, como Jaques Wagner, da Casa Civil, e José Eduardo Cardozo, da advocacia-geral da União, fizeram companhia à Dilma pela manhã. Era preciso decidir sobre o dia seguinte.

Antes mesmo do resultado da votação do Senado, a presidente já tinha gravado um pronunciamento à nação. A dúvida era sobre qual momento divulgá-lo - logo após a decisão ou durante o dia de quinta-feira (12), já que os discursos dos senadores durar toda a madrugada.

Ficou descartada a possibilidade de Dilma descer a rampa do Palácio do Planalto - como o fez Fernando Collor ao sofrer impeachment em 1992. Tudo para evitar a ideia de derrota - até porque o Senado ainda vai analisar o mérito da questão.

A presidente deve sair pela porta da frente do Palácio do Planalto, onde houve uma última reunião com quase todos os ministros. A ideia é que haja uma demissão coletiva assim que sair o resultado no Senado. Dessa forma, os secretários-executivos farão a transição de governo.

Apenas o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ficaria no cargo, para evitar instabilidade no mercado. Por causa das Olimpíadas, o ministro do Esporte, Ricardo Leyser, deve ficar como secretário-executivo.

Michel Temer

Já o vice-presidente Michel Temer passou o dia reunido com assessores próximos. Ele recebeu visitas de vários parlamentares e almoçou com Henrique Meirelles, que deve ser nomeado ministro da Fazenda.

Na noite desta quarta-feira, desembarcaram em Brasília sua esposa, Marcela, seu filho de 8 anos, Michel, e sua sogra, Norma.