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Brasil/Copa/Greve

Greve no metrô de SP termina 5° dia sem acordo e ganha destaque na imprensa mundial

Terminou sem acordo a reunião de conciliação entre grevistas e responsáveis do metrô e do governo paulista nesta segunda-feira (9). A greve, que completou cinco dias e já é a mais longa da história da categoria no país, ganha cada vez mais destaque na imprensa mundial. Jornais se questionam sobre as repercussões da contestação na Copa do Mundo, que começa na próxima quinta-feira (12).

Parte da população apoio metroviários grevistas em São Paulo.
Parte da população apoio metroviários grevistas em São Paulo. REUTERS/Stringer/Brazil
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Representantes do Metrô se reuniram com sindicatos e membros do governo na Delegacia Regional do Trabalho, em São Paulo, para tentar chegar a um acordo sobre a greve dos metroviários, que completou cinco dias. Mas o encontro terminou sem consenso. Uma assembleia com os grevistas será organizada ainda nesta segunda-feira para decidir se a categoria continua a mobilização.

Uma das questões mais delicadas das discussões é o pedido de revogação das demissões de funcionários grevistas, feita pelos sindicatos. O governador de São Paulo já havia dito que não iria anular a decisão. “A discussão já foi encerrada. O governo não fará novas demissões para quem voltar ao trabalho”, disse Geraldo Alckmin.

Repercussão mundial

A greve dos metroviários ganhou destaque na imprensa mundial e abriu as portas para vários comentários sobre as problemas sociais no Brasil. O jornal espanhol El País se contentou em relatar os confrontos entre os grevistas e a polícia em sua edição desta segunda-feira. O diário afirma que os protestos se agravaram e que as forças de ordem estão usando gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. O diário faz até os cálculos para os torcedores, caso a greve continue e o trânsito na cidade permaneça bloqueado no dia da abertura do Mundial. “O trajeto entre o centro e o estádio do Itaquerão levará duas horas e meia e custará R$ 150. Em dias normais o mesmo trajeto pode ser feito em 50 minutos por R$ 90”, detalha El País. Mesmo tom do lado do jornal português Público, que explica que, a três dias do início da Copa em São Paulo, “o trânsito nas ruas e a circulação no metrô estão caóticos”.

Já a manchete do jornal The New York Times diz que “as falhas do país estão expostas” e traz uma longa reportagem, com foto dos metroviários grevistas, no qual relata que a polícia dispersou os manifestantes com “golpes de cassetetes em cenas que foram filmadas por smartphone e compartilhadas pelas redes sociais”. O diário norte-americano faz um balanço da situação e explica que a população está dividida, entre os sentimentos de excitação com o início da Copa e de apreensão e apatia.

Já o jornal francês Le Monde, que chegou às bancas na tarde desta segunda-feira, aproveitou a ocasião para publicar uma reportagem de página inteira sobre a questão da violência no Brasil. Com chamada na capa, o vespertino explica que o país que recebe a Copa do Mundo é muito mais próspero, mas também é muito mais violento.

O texto traz estatísticas do relatório Mapa da Violência do Instituto Sangari, que afirmam que um em cada 10 assassinatos no mundo é cometido no Brasil, e lembra que 16 das 50 cidades mais violentas do planeta são brasileiras. O correspondente do Le Monde no Brasil, Nicolas Bourcier, também frisa que a lista dos municípios mais perigosos conta com várias capitais que receberão a Copa do Mundo.

O jornalista completa sua análise explicando o funcionamento das instituições ligadas à segurança pública no Brasil e constata a impotência diante do violência que, “ao contrário do que se imagina, não está ligada ao tráfico de drogas ou ao crime organizado, e sim às brigas de família e vizinhos, provocadas pelo álcool, fraudes, roubos, ofensas sexuais ou discriminação”.

Diante desse cenário nada positivo, o correspondente termina seu artigo lembrando, mais uma vez, que os olhos do mundo estão voltados para o Brasil e que o panorama social do país esta cada vez mais perturbado.

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