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Brasil/FMI

Brasil não vai pagar o preço pelo desequilíbrio de outros países, diz Meirelles

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse durante reunião do FMI em Washington que é preciso encontrar uma solução coordenada e global, sem colocar em risco o crescimento econômico do país.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Valter Campanato / ABr
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Raquel Krahenbuhl, correspondente da RFI em Washington

O presidente do Banco Central Henrique Meirelles culpou os Estados Unidos pelo desequilíbrio cambial ao redor do mundo - um dos temas mais discutidos durante a reunião do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, que aconteceram em Washington nesta semana. Segundo Meirelles, os emergentes não vão assumir esta culpa. "O desequilíbrio mais importante atual é a expansão monetária norte-americana que é usada pra combater o baixo crescimento e o desemprego ainda elevado – a grande injeção de liquidez hoje na economia internacional - e não é o acúmulo de reservas dos emergentes que vai assumir esta responsabilidade. "

A declaração vai contra a posição dos Estados Unidos – que culpa a China pelo problema cambial no planeta. O país asiático é acusado de manter o valor de sua moeda artificialmente baixo, o que torna a competição injusta para países. Além disso, o desequilíbrio acontece porque o dólar vem perdendo valor – já que os Estados Unidos estão imprimindo cada vez mais moedas para movimentar sua enfraquecida economia.

Enquanto os Estados Unidos deixam de ser atraentes por causa da lenta recuperação, um grande volume de capital é transferido para os mercados menos afetados pela crise, como o Brasil, e o valor dessas moedas sobe. Alguns países, entre eles o Brasil, tem tomado medidas para conter esta valorização, mas as medidas não parecem ser suficientes diante dessa guerra cambial. Por isto, uma das principais recomendações do FMI é que haja uma ação coordenada global para resolver o problema do câmbio.

Henrique Meirelles disse que o Brasil está pronto para discutir uma solução mundial.  "O Brasil está preparado para discutir uma solução global. Vamos propor que as diversas moedas possam achar caminho através de flutuações adequadas, os países possam reequilibrar melhor suas políticas macro de maneira a não criar desequilíbrio".

Mas insistiu que o Brasil não vai pagar o preço pelo desequlíbrio de outros países. "O Brasil não está adicionando desequilíbrio no mundo. Muito pelo contrário. O Brasil está equilibrado. Agora o que o Brasil pode aceitar e não fará será desequilibrar a sua economia aceitando desequilíbrio, importar desequilíbrios de outros países através, por exemplo, desta questão do desequilíbrio de moedas, visando absorver desequilíbrios de outros países. Isso não é correto, e o país não aceitará."

Durante a assembleia, o secretário do tesouro americano disse que as economias emergentes precisam adotar um regime de câmbio mais flexível, e insistiu que é fundamental que o FMI fortaleça o sistema de supervisão de políticas cambiais. Mas, durante a assembleia, o FMI falhou em atingir um acordo sobre essa batalha cambial e feriu as pressões norte-americanas e europeias para a instituição adotar um mecanismo mais restritivo de controle cambial para punir Pequim.

A expectativa é que a questão avance em reunião em Seul no próximo mês.
 

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