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“Fizeram coisas inimagináveis”: habitante de Gaza detido pelo Exército israelense relata ter sido torturado

Há algumas semanas, imagens de habitantes de Gaza presos pelo Exército israelense, nus, vendados e com as mãos amarradas nas costas, correram o mundo. Desde então, a maioria desses homens desapareceu. Um jovem palestino relatou à RFI as sessões de tortura aplicadas pelos militares. 

Palestinos detidos pelo exército israelense são mantidos sentados em uma rua de Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza. Foto obtida pela Reuters em 8/12/23.
Palestinos detidos pelo exército israelense são mantidos sentados em uma rua de Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza. Foto obtida pela Reuters em 8/12/23. via REUTERS - OBTAINED BY REUTERS
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Com o correspondente da RFI em Jerusalém, Sami Boukhelifa

O Ministério da Saúde do Hamas anunciou nesta quinta-feira (14), em comunicado, um balanço atualizado de 31.341 mortos e 73.134 feridos na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro. Pelo menos 69 pessoas morreram nas últimas 24 horas, segundo o ministério. 

Há centenas, senão milhares, de palestinos atualmente detidos numa base militar de Israel no deserto, segundo a mídia israelense. Inicialmente acusados ​​de pertencer ao Hamas, alguns acabaram por ser libertados.

Embora não tenha sido estabelecida qualquer ligação entre os civis detidos e o movimento islâmico palestino, civis afirmam ter sido “torturados” no que se assemelha a uma "Guantánamo ao estilo israelense". 

Bahaa Abu Rukba tem 24 anos e trabalha em primeiros socorros no Crescente Vermelho Palestino em Gaza. Em dezembro passado, foi preso pelo Exército israelense no norte do enclave e passou vinte e um dias detido.

“Juro que sinto que passei vinte e um anos na prisão, por causa da tortura. Nem sei onde estava, numa base militar, eu acho. Não vi a luz do dia nem uma vez”, diz ele.

Durante a detenção, Bahaa foi continuamente interrogado. “Passávamos até 21h de joelhos todos os dias. Eles fizeram coisas inimagináveis ​​conosco. Diziam para mim: ‘Você é membro do Hamas!’ Respondi que trabalhava para uma organização humanitária. Eles não acreditaram em mim e me submeteram à tortura. Eles me deixaram completamente nu, com as mãos e os pés amarrados, bateram em minhas partes íntimas. Vou poupar você dos detalhes, mas sofri um tratamento humilhante e degradante. Teve até um soldado que me dava tapas na cara", relata.

“Não estamos aqui para alimentar vocês, mas para mantê-los vivos”

O jovem afirma que foi privado de sono e alimentação. “Eles nos davam uma lata de atum para cada cem prisioneiros, um pepino e um pouco de pão à noite. Nem o suficiente para um pássaro. Eles nos diziam: ‘Não estamos aqui para alimentá-los, mas para mantê-los vivos e continuar a torturar vocês. Ameaçaram nos amputar ou até mesmo remover nossos órgãos", diz.

Após três semanas de provação, Bahaa Abu Rokba foi libertado e enviado de volta ao sul da Faixa de Gaza. Ele está trabalhando novamente como socorrista no Crescente Vermelho Palestino.

Por sua vez, o Exército israelense afirma que “o tratamento violento dos detidos é proibido e contrário a seus valores”.

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