Últimas palavras de Troy Davis foram para reafirmar sua inocência

Governos e organizações de defesa dos direitos humanos lamentaram a morte do americano Troy Davis, executado ontem à noite na Geórgia, no sudeste dos Estados Unidos. A execução foi autorizada pela Corte Suprema americana que negou o último pedido de clemência feito pelos advogados de defesa.

O americano Troy Davis, 42 anos, foi executado com uma injeção letal. REUTERS

Troy Davis, um negro de 42 anos, foi condenado à morte em 91 pelo assassinato de um policial branco. As dúvidas sobre sua responsabilidade no crime provocaram uma mobilização intensa dentro e fora do país e ele se tornou um símbolo na luta contra a pena capital. Segundo testemunhas que acompanharam a execução, feita com injeção letal,Troy Davis dirigiu suas últimas palavras para os familiares do policial reafirmando que não foi o responsável pela morte dele.

Durante o processo, nove testemunhas apontaram Troy Davis como o autor do disparo que matou o policial, mas a arma do crime nunca foi encontrada. A polícia nunca encontrou impressões digitais do acusado na cena do crime e ele nunca foi submetido a um teste de DNA. Com a evolução do processo, sete testemunhas voltaram atrás em suas declarações.

Em nota divulgada pelo porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores, a França "lamenta profundamente que os diversos apelos por clemência não foram ouvidos pelas autoridades americanas" e lembra que todo erro judiciário é irreversível. Para o governo francês, o caso ilustra a necessidade de abolir definitivamente a pena de morte no mundo.

O escritório francês da Anistia Internacional denunciou uma "execução covarde e vergonhosa" e declarou que o estado da Geórgia "matou" a credibilidade no sistema jurídico dos Estados Unidos. A Anistia organizou uma manifestação pública, ontem, em Paris, em protesto contra a decisão que penalizou Troy Davis.