Acessar o conteúdo principal

Colômbia pede perdão a povos indígenas por genocídio durante extração da borracha na Amazônia

O governo colombiano pediu “perdão” às comunidades da Amazônia, onde cerca de 60.000 indígenas foram mortos, escravizados pela indústria da borracha, que impôs um regime de terror entre os séculos 19 e 20 na região.

O ministro da Agricultura da Colômbia, Juan David Correa, e o líder indígena Angel Cerayitoga na Casa Arana em La Chorrera, Colômbia. 23 de abril de 2024.
O ministro da Agricultura da Colômbia, Juan David Correa, e o líder indígena Angel Cerayitoga na Casa Arana em La Chorrera, Colômbia. 23 de abril de 2024. AFP - DANIEL MUNOZ
Publicidade

“Hoje temos que olhar nos olhos de vocês e pedir perdão. A sociedade ocidental, os colonos, os empresários (...) estavam furiosos contra vocês, contra seu povo", disse o ministro das Culturas [originárias] da Colômbia, Juan David Correa, às comunidades da Amazônia na terça-feira (23), na simbólica Casa Arana, um dos principais centros de coleta de borracha na época.

No evento, indígenas dos povos Uitoto, Bora, Ocaira e Muinane receberam o porta-voz do governo com cantos e trajes tradicionais em um campo próximo a essa fazenda, na tríplice fronteira entre Colômbia, Brasil e Peru.

Correa denunciou “o horror da borracha produzida nesses territórios”, onde vivem nove povos indígenas cujas terras lhes foram devolvidas pelo Estado colombiano em 1988.

Genocídio da borracha

Esse trágico episódio, conhecido como regime do terror, foi um período de mais de 30 anos que durou até o início do século 20, no qual milhares de indígenas morreram em meio a trabalhos forçados, torturas, fome e pragas causadas pelas condições precárias em que viviam, durante a extração da borracha.

"Ainda há muitas coisas que não foram escritas sobre o que aconteceu sob a Casa Arana", disse no evento Angel Cerayitoga, líder dos povos indígenas da região. Alguns falam de 100.000 e outros de 50.000 habitantes dessas tribos que podem ter existido naquela época. Hoje, estima-se que restem menos de 4.000 representantes desses povos.

Julio César Arana foi um empresário e político peruano que, no final do século 19, formou um império da borracha na América do Sul por meio da Peruvian Amazon Company, financiada por capital inglês, e que operava no que hoje são os territórios do Peru, Colômbia e Equador.

Os crimes cometidos por sua expansão de terras levaram Arana a comparecer perante o parlamento britânico em 1913, após uma missão de averiguação na área realizada pelo cônsul britânico no Rio de Janeiro, Roger Casament.

Questionado por um comitê da Câmara dos Comuns sobre as “atrocidades” cometidas, Arana admitiu parcialmente sua responsabilidade.

(RFI com AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.