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Para punir Maduro, EUA retomam sanções sobre petróleo e gás venezuelanos

Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira (17) que não vão renovar a licença 44 - que alivia as sanções sobre o petróleo e gás da Venezuela -, como punição ao presidente Nicolás Maduro por ter impedido que opositores disputem as eleições e prendido políticos e ativistas.

Poço de petróleo em um campo perto de El Tigre, uma cidade no cinturão de petróleo Hugo Chávez da Venezuela, formalmente conhecido como Cinturão do Orinoco (imagem ilustrativa).
Poço de petróleo em um campo perto de El Tigre, uma cidade no cinturão de petróleo Hugo Chávez da Venezuela, formalmente conhecido como Cinturão do Orinoco (imagem ilustrativa). AP - Fernando Llano
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"Depois de uma revisão minuciosa da situação atual na Venezuela, os Estados Unidos determinaram que Nicolás Maduro e seus representantes não cumpriram plenamente os compromissos assumidos no acordo eleitoral" assinado com a oposição em outubro, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller. Portanto, a licença geral 44, que autoriza a produção e venda de petróleo e gás. A validade do decreto, portanto, venceu a 0h01 deste 18 de abril.

O Escritório para o Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac), que responde ao Departamento do Tesouro, emitiu outra licença, intitulada 44A, para "a liquidação de transações pendentes até 31 de maio".

O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, reconhece que "Maduro e seus representantes" honraram alguns compromissos, mas "impediram que a oposição democrática registrasse o candidato que escolheu, perseguiram e intimidaram opositores e prenderam injustamente atores políticos e membros da sociedade civil", disse Miller.

Autoridades venezuelanas definiram um calendário eleitoral e concordaram com missões de observação internacionais nas eleições de 28 de julho, nas quais Maduro disputará o terceiro mandato. Mas "ficaram aquém em diversas áreas", como "a inabilitação de candidatos e partidos por motivos técnicos", afirmou na quarta-feira um funcionário americano, que não quis ser identificado.

Perseguição 

O governo americano está especialmente preocupado com o fato de a principal rival do chavismo, María Corina Machado, continuar inabilitada, e de Corina Yoris, indicada para substituí-la, também ter sido vetada.

"Eu sou o Plano A", insistiu a líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado, que é inelegível, mas continua querendo enfrentar o presidente Nicolas Maduro na eleição presidencial de 28 de julho, recusando-se a discutir as hipóteses mais plausíveis.

"Fomos testemunhas de uma campanha preocupante de perseguição e intimidação contra atores da oposição apenas por exercerem seus direitos políticos", disse outro funcionário do alto escalão, referindo-se aos sete membros da equipe de campanha de María Corina presos e a outros tantos que são alvo de mandados de prisão. Mas Washington evita romper com Caracas.

O Ofac "vai analisar caso a caso pedidos de licença específicos para prosseguir com as atividades além do período de liquidação", ressaltou Miller.

A retomada das sanções "não deve ser vista como uma decisão final, em que já não acreditamos que a Venezuela possa realizar eleições competitivas e inclusivas", alegou um funcionário americano, acrescentando que os Estados Unidos continuarão "interagindo com todas as partes, incluindo os representantes de Maduro, a oposição democrática, a sociedade civil e a comunidade internacional".

Washington acredita que o Acordo de Barbados é o único caminho viável para alcançar progressos eleitorais. "Essa é a consequência de descumprir sua parte do acordo", disse à AFP María Corina Machado, que denunciou o que chama de "onda repressiva brutal".

Repercussão na vizinhança latina 

Os presidentes de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, discutiram na quarta-feira sobre "a possibilidade de um plebiscito" para que se chegue a um "pacto democrático" entre o governo e a oposição na Venezuela.

"Transmiti ao presidente Lula uma proposta que foi discutida com o presidente Nicolás Maduro e a oposição. Tem a ver com a possibilidade de plebiscito nas eleições que se avizinham na Venezuela", disse o presidente colombiano após um encontro em Bogotá com Lula.

O referendo aconteceria junto com as eleições de 28 de julho, nas quais Maduro vai disputar um terceiro mandato consecutivo. Segundo Petro, buscaria "um pacto democrático", no qual o perdedor da votação teria "certeza e segurança sobre sua vida e garantias políticas".

Lula evitou avaliar a proposta: "Discutimos o tema da Venezuela, mas foi muito mais importante discutir a relação entre Brasil e Colômbia. O que posso dizer sobre a Venezuela? Se depender da Colômbia e do Brasil, este continente continuará sendo uma zona de paz", acrescentou.

Presidentes de esquerda e aliados de Maduro, Lula e Petro endureceram os posicionamentos diante de eleições marcadas pela inabilitação política da principal rival do presidente venezuelano e do veto à candidatura da sua substituta.

Os presidentes do Brasil e da Colômbia também discutiram a situação no Haiti, que enfrenta uma crise política e de segurança devido à violência dos grupos criminosos. "Queremos contribuir para uma saída que gostaríamos de construir com o Brasil, juntos, pensando em uma possibilidade democrática para o povo haitiano", disse Petro, sem dar detalhes.

(Com informações da AFP)

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