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Saúde em dia

Transtornos bipolares: especialista aponta sinais de alerta para diagnóstico da doença

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Quarenta milhões de pessoas foram diagnosticadas com transtorno bipolar em 2019, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Como reconhecer a doença? O psiquiatra Marc Masson falou a respeito em entrevista à RFI.

O transtorno bipolar é uma das dez patologias mais incapacitantes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O transtorno bipolar é uma das dez patologias mais incapacitantes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). pixabay
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A doença foi chamada de psicose maníaco-depressiva durante muito tempo. A OMS explica que pessoas com o transtorno bipolar alternam episódios depressivos com sintomas maníacos. Quando está deprimida, a pessoa pode se sentir triste, irritada, vazia, sem prazer ou interesse em atividades. Esse comportamento pode durar quase o dia todo, durante vários dias.

Já os períodos maníacos podem incluir euforia ou irritabilidade, com picos de atividade ou energia. Outros sintomas são o aumento da loquacidade, ou seja, a pessoa fala muito, pensamentos acelerados, autoestima exacerbada, menos necessidade de dormir, maior distração, além de comportamento impulsivo e imprudente.

Pessoas com transtorno bipolar estão mais sujeitas ao suicídio, alerta a OMS. A doença foi um dos temas discutidos no Congresso do Encéfalo, que aconteceu em Paris de 18 a 20 de janeiro.

Marc Masson, psiquiatra do Hospital Americano de Paris e editor-chefe da revista Encéphale, conversou a respeito do transtorno com a jornalista Caroline Paré.

“Muitas vezes há sinais de alerta, que podem começar muito cedo, aliás, desde o final da infância, início da adolescência, com distúrbios do sono, certos comportamentos emocionais instáveis, ​​mas não suficientemente significativos para sugerir o diagnóstico”, relata o especialista a respeito das dificuldades e lentidão para se chegar a um diagnóstico.

“Em 60% dos casos, a doença bipolar é identificada por uma fase de depressão. O distúrbio não é sistematicamente diagnosticado diante de uma alternância cíclica de fases patológicas e pode ser sinal de uma simples depressão, ainda que obviamente também seja uma doença muito grave”, explica.

Segundo Masson, outros sintomas podem ajudar a estabelecer o diagnóstico de bipolaridade. “Podem ocorrer, mesmo numa fase depressiva, elementos indicativos, como redução significativa da atividade motora, atraso nas fases de adormecimento, uma alteração do ritmo sono-vigília”, explica.

O psiquiatra cita ainda problemas de dependência, que ocorre em 50% dos casos, além de fatores genéticos. “Outro elemento é a existência de antecedentes familiares de doença bipolar, mas também de outras perturbações psíquicas que possam ter fatores genéticos. A doença bipolar não é uma doença genética, dificilmente é estritamente hereditária. Mas há vários fatores que entram em jogo, incluindo fatores genéticos”, diz Masson.

As mudanças de comportamento no quadro bipolar são abruptas, explica o psiquiatra. “A pessoa perde o sono. Ela ficará noites sem dormir e estará sujeita a uma agitação motora muito intensa, falando muito, com frases desconexas, trocadilhos, às vezes até com ideias delirantes, de grandeza ou místicas, de perseguição ou alucinações.”  

A hospitalização, observa o especialista, deve acontecer quando a pessoa se coloca em risco, quando evoca ideias de suicídio, por exemplo.

Luta contra o preconceito

O psiquiatra aponta para a gravidade da estigmatização dos transtornos mentais nos ambientes de trabalho. Para ele, é muito importante lutar contra esse preconceito.

"As doenças mentais em geral são muito discriminadas, principalmente no ambiente de trabalho. Essa é sempre uma questão muito, muito delicada. Muitas pessoas podem perder o emprego quando esse diagnóstico é conhecido e esse não deveria ser o caso”, defende Masson.

O especialista aprova os testemunhos de personalidades, como artistas, a respeito de como enfrentam a doença. Segundo ele, isso pode ajudar a lutar contra o preconceito.

“Quando elas falam do próprio sofrimento, da forma como conseguiram atravessar, superar a doença, acho que o público em geral acaba se identificando. Isso pode efetivamente melhorar o acesso aos tratamentos, à liberdade de expressão dentro das próprias famílias. Então, isso por si só, é um passo muito positivo por parte de personalidades que ousam, eu diria, se expor dessa forma.”

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