Eleição presidencial francesa contribuiu para alta de casos de Covid-19?
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Ouvir - 05:26
Com o fim da obrigatoriedade do uso das máscaras e das medidas de prevenção, o SARS-CoV-2 está circulando livremente na França e os locais de votação favoreceram a propagação do vírus durante o primeiro, em 10 de abril, e o segundo turno, realizado no último domingo (24).
Uma grande parte dos pacientes que contraem a Covid-19 é assintomática e pode ter transmitido o vírus nos locais de votação. Durante a campanha, o governo francês também anunciou que pacientes positivos para a Covid-19 poderiam votar. A decisão dividiu os especialistas e gerou polêmica nas redes sociais, onde os internautas questionaram a falta de regras sanitárias mais rígidas.
O infectologista francês Pierre Tattevin, vice-presidente da Sociedade de Doenças Infecciosas da França, afirma que o risco de transmitir a doença no momento do voto existe. “É importante manter a vigilância, porque o vírus ainda circula muito na França, inclusive entre vacinados, e a vacina não protege muito bem contra o risco de contrair o novo coronavírus”, explica.
Transmissão envolve diversos parâmetros
Segundo o especialista, em situações de risco, os eleitores que podem desenvolver formas graves da doença deveriam manter as recomendações feitas no auge da pandemia. A principal delas é o uso da máscara, muitas vezes deixadas de lado nos dois turnos das eleições francesas. Para Tattevin, os organizadores do pleito também deveriam ter adotado, de maneira sistemática, medidas simples para controlar a disseminação do vírus, como abrir as janelas dos locais de votação, por exemplo.
Risco não é maior do que ir ao mercado
Para o epidemiologista Antoine Flahault, diretor do Instituto de Saúde Global da Faculdade de Medicina de Genebra, o risco de contrair o SARS-Cov-2 em um local de votação existe, mas não é maior do que ir ao supermercado ou à padaria.
O epidemiologista também frisa que o fim das restrições é uma decisão coerente dos governos, que leva em conta o nível de vacinação da população e a menor virulência da variante ômicron e de suas subvariantes, que provocam uma infecção aparentemente mais benigna em imunizados e não gera lotação nos hospitais. Ele lembra, entretanto, que as consequências a longo prazo de uma infecção pela Covid-19 ainda são uma incógnita.
“A Covid longa continua sendo o que há de mais desconhecido. Ainda não sabemos quais serão as doenças crônicas que vão se desenvolver após a infecção, mas esperamos que as pessoas que usam máscaras no contexto atual terão menos risco de desenvolver formas graves ou a Covid longa do que aquelas que não usam”, conclui.
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