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Fotógrafo Éric Garault lança “Roça” e revela cultura caipira mineira para público francês

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O fotógrafo francês Éric Garault lança nesta sexta-feira (12) na França o livro “Roça”: Un conte paysan au Brésil (Um conto camponês no Brasil), pela Éditions Courtes et Longues. A publicação, traz cerca de 100 fotografias coloridas, feitas em fazendas de Minas Gerais.

Capa do livor Roça, de Éric Garraut
Capa do livor Roça, de Éric Garraut © Captura de tela
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Roça” não é o primeiro trabalho de Éric Garault sobre o Brasil, que ele conheceu inicialmente pela música brasileira, no início dos anos 2000. Desde então, fez várias viagens fotografando o país e realizou mostras como “Ser brasileiro” e “Quando a luz chegar”, além de uma série de retratos de personalidades brasileiras.

O livro que o fotógrafo publica agora levou sete anos para ficar pronto e é resultado de quatro viagens por fazendas da Zona da Mata mineira, que faz divisa com o estado do Rio de Janeiro. A publicação é organizada em três partes e reproduz um dia na vida de pequenos agricultores mineiros, do amanhecer ao anoitecer. A obra revela um estilo de vida ancestral e sustentável, longe dos clichês associados ao Brasil e pouco conhecido do público europeu: o mundo e a cultura caipiras.

Éric Garault, fotógrafo
Éric Garault, fotógrafo © RFI/ Adriana Brandão

Segundo Éric Garault, “’Roça’ é uma história de amor porque minha mulher, Cláudia, vem de Minas Gerais”. Ao ouvir as histórias da região e ao conhecer as fazendas e as pessoas do local, ele se encantou “com esse estilo de vida simples, de pessoas fazendo comida no fogão a lenha, tirando leite. Aí me apaixonei e comecei a trabalhar sobre a roça”. 

Brincando, ele diz achar que “é o fotógrafo mais roceiro do mundo”. No prefácio, ele escreve que pensava fotografar um mundo em vias de extinção, fadado a desaparecer, e descobriu que fotografava o renascimento da roça e de um estilo de vida que volta a ganhar adeptos.

Pintura do século 17 como inspiração

As fotos de Éric Garault são quase como uma pintura, com cores fortes, contrastes e efeitos de luz, que retratam, com uma riqueza de detalhes, cenas cotidianas do trabalho e afazeres domésticos de homens e mulheres, e também paisagens das montanhas de Minas.

“O meu lance é a luz. Eu gosto muito de pintura, principalmente do Vermeer, Caravaggio, De La Tour, que para mim são uma fonte de inspiração muito grande”, explica. Ele diz que a técnica dele mistura luz natural e artificial. “Eu coloco muita luz, muito flash. Mas eu não peço para as pessoas pousarem. Eu observo as pessoas na vida normal delas e quando elas entram na luz, aí eu bato a foto. É assim a minha técnica”, revela. 

Apesar do nome do livro fazer referência a um espaço e a um universo, o fotógrafo escolheu a foto de um detalhe da pelagem de um cavalo suado para ilustrar a capa do livro porque quis mostrar que seu “trabalho é autoral”. Ele acredita que a foto de uma paisagem seria muito óbvia, “como uma capa de revista”.  Além disso, para ele, a foto escolhida resume os múltiplos significados da palavra roça. “A palavra roça diz muita coisa. É muito difícil traduzir roça em francês. É igual a saudade. A gente vai à roça, mas a gente roça a terra, tem uma roça de milho...”, tenta definir.

Diálogo com textos do patrimônio literário brasileiro

Cada foto do livro tem um título bilingue, em português e francês, e é acompanhada por trechos de uma poesia ou texto do patrimônio literário brasileiro que dialogam com a imagem. Eric Garault assume que quis, como diz um trecho do poema de Mario de Andrade “Noturno de Belo Horizonte”, reproduzido no livro, “contar as histórias de Minas pros brasileiros do Brasil”.

Ele pensa que, como é estrangeiro, “pode ter um olhar diferente dos brasileiros”. O fotógrafo ressalta que o mundo todo conhece o Brasil pelas imagens das praias, do futebol, do carnaval, da Amazônia, mas pergunta “quem conhece essas centenas de quilômetros de montanhas no Brasil”?

O desejo do roceiro Éric Garault com a publicação do livro é que “todo mundo descubra essas montanhas sem fim”, essa paisagem que em Minas Gerais é chamada de “mar de montanhas”.

Clique na foto principal para ver o vídeo da entrevista completa    

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