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“Vamos ver cinema brasileiro”, pede cineasta Halder Gomes em Festival de Paris

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O cineasta Halder Gomes, diretor de comédias de sucesso de público no Brasil, como “Cine Holiúdy” e “Bem-vinda a Quixeramobim”, está em Paris para participar do Festival de Cinema Brasileiro. Seu último longa, “Vermelho Monet”, é um dos seis filmes na competição oficial da 25ª edição do evento que acontece até a próxima terça-feira (11).

Cineasta Halder Gomes participa do Festival de Cinema Brasileiro de Paris com seu novo filme "Vermelho Monet".
Cineasta Halder Gomes participa do Festival de Cinema Brasileiro de Paris com seu novo filme "Vermelho Monet". © RFI/Adriana Brandão
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“Vermelho Monet” é o segundo drama da carreira do cineasta cearense, que já tinha codirigido em 2009, como Glauber Filho, “Mães de Chico Xavier”. Mas no último trabalho, Halder Gomes mudou de gênero, de cenário e de temática. A arte, a pintura e a história da arte, estão no centro da trama, que foi rodada essencialmente em Lisboa.

“Aquele universo das comédias no Ceará é o universo que eu habito, que eu pertenço. ‘Vermelho Monet’ é o universo que habita em mim, essa paixão pela arte, por pintar. Eu pinto desesperadamente o tempo inteiro, desde criança”, conta o diretor.

O longa aborda a história de um talentoso pintor, Johannes Van Almeida, “desencontrado de época, que está fora do seu tempo”. Ele não é reconhecido pela arte que faz, mas pelas telas que falsifica. Perdendo a visão das cores, o artista tenta retomar o trabalho autoral, mas se vê envolvido em um triângulo de sedução entre uma marchand de arte e uma famosa atriz. Um artista maldito, como Van Gogh, que só tem sucesso depois da morte.

“Eu queria muito falar do lado ilícito e obscuro desse mercado de arte, mas também questionamentos de valoração da arte. Por que certas obras alcançam valores estratosféricos e outras não?”, questiona o diretor, afirmando que “a arte é muito cruel”.

Além da pintura, o cineasta reuniu em “Vermelho Monet” várias outras paixões, como a música clássica e o fado. “Ele é muito diferente de tudo que eu já fiz”, garante.

Festival de Cinema Brasileiro de Paris

Essa é a segunda participação de Halder Gomes no Festival de Cinema Brasileiro de Paris. No ano passado, ele foi selecionado com a comédia “Bem-vinda a Quixeramobim”, que foi programada novamente este ano.

“Foi muito especial a sessão no ano passado, esgotada uma semana antes. Foi muito marcante, porque eu vi o quanto o ‘Bem-vinda Quixeramobim’ era carismático e funcionava nesse contato com o público direto”, lembra. A estreia em Paris sinalizou o sucesso que o filme, que se passa no Ceará e é falado em “cearencês”, teria no Brasil, sendo o longa mais visto na Globoplay em todos os tempos, entre nacionais e estrangeiros, um fenômeno de TikTok, primeiro lugar no Apple Store e no YouTube Premiun. “Enfim, por onde ele passou, ele foi um fenômeno”, resume Halder Gomes

“Vermelho Monet” já foi premiado no Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, FESTin, de Lisboa, no final de 2022. Independentemente de uma nova premiação, o cineasta diz que ter o filme exibido em Paris já é um sonho realizado.

“Estar aqui em Paris e ter esse filme exibido no l’Arlequin, em Saint-Germain, onde a história da arte passou, é muito especial para mim.” Halder Gomes acredita que o público de “Vermelho Monet” será mais segmentado, mais restrito do que o de “Bem-vinda a Quexeramobim”, mas espera que o longa tenha em Paris “o mesmo carinho que o público português teve e que eu possa lançar no Brasil em breve”. 

Circuito nacional é desfavorável ao cinema brasileiro

O longa só deve estrear nos cinemas brasileiros no meio do ano de 2023. A demora, explica o cineasta, se deve ao esquema distribuição no circuito nacional, que é desfavorável às produções cinematográficas brasileiras. “Os blockbusters ocupam quase todas as nossas salas. Não existe uma regulamentação que estabeleça um limite para essas produções da Marvel. Os americanos que chegam a ocupar às vezes 90% das salas com um filme só. É muito distorcido”, denuncia.

Baseado em sua própria experiência e sucesso, que permitiram que ele continuasse produzindo filmes durante o governo Bolsonaro e a pandemia de Covid, Halder Gomes garante que “o povo brasileiro está com saudades e quer ver o cinema brasileiro” e que é hora de retomar. “É muito triste ver um lugar como o Brasil, tão apaixonado pela sua própria cultura, ocupando apenas 2% das salas no país”, lamenta.

O cineasta já está produzindo a próxima comédia, “o nosso olhar sobre o gênero de espionagem”, que começa a ser rodada no Ceará a partir de 21 de abril. Ele termina a entrevista fazendo um pedido: “vamos ver cinema brasileiro, esse é o meu desejo, meu sonho”.

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