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Contratenor brasileiro faz shows na França para financiar primeiro disco

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Luan Góes é um cantor lírico brasileiro radicado na França. O contratenor se apresenta com frequência no país, principalmente divulgando o repertório barroco. Atualmente, o carioca faz uma série de concertos ao lado do pianista João Elias Soares, também brasileiro, para financiar seu primeiro disco.

Luan Góes de passagem pelos estúdios da RFI em Paris.
Luan Góes de passagem pelos estúdios da RFI em Paris. © RFI
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Luan Góes começou a cantar ainda criança no coral infantil da UFRJ, dirigido por Maria José Chevitarese, que ele considera como sua segunda mãe. “Cantei quase 20 anos nesse coral e a primeira vez que ouvi uma orquestra foi cantando com ela. Isso mudou a minha vida e abriu meu horizonte”, conta o cantor lírico. O contratenor tem um alcance vocal que corresponde a voz feminina de uma contralto, mezzo-soprano ou até soprano. “O meu registro é entre o mezzo-soprano e um sopranista”, indica o cantor.

A guinada decisiva em sua vida aconteceu em 2013, quando ele cantava em uma missa em memória de um amigo morto. Dois especialistas franceses em restauração de órgão, que estavam no Rio de Janeiro, ouviram o jovem, ficaram impressionados e o ajudaram a vir para a França se aperfeiçoar. “Foi um encontro mágico. Graças a eles pude fazer uma audição em Paris e ganhei uma bolsa na École Normale Alfred Cortot”, lembra. De Paris, Luan Góes foi para a Haute École de Musique de Genebra, estudar com a contralto francesa e chefe de orquestra Natahalie Stutzmann.

Formado, voltou para a França, se estabeleceu no sudoeste do país e criou a orquestra “Les Furiosi Galantes”, para ajudar a divulgar o repertório lírico do contratenor.

Barroco brasileiro

“O timbre de contratenor é muito ligado ao período barroco” (na Europa séculos 17 e 18) e ao surgimento da ópera na França e na Itália, que recorriam muito aos castrati. “O repertório do contratenor tem muita ligação com o repertório dos castrati. Por isso, muitas obras são pouco executadas porque não tem muitos cantores com esta extensão tão grande”, explica.

Mas além de divulgar o repertório barroco, Luan Góes tenta mostrar um outro lado do contratenor. “Se pensa que é só o barroco e basta. As vozes estão evoluindo e a técnica também. As vozes de contratenores estão hoje cada vez mais líricas e tecnicamente com mais possibilidades, que permitem fazer outros repertórios”, afirma.

O barroco brasileiro é um pouco mais tardio. “Tem muitas obras que foram escritas, muitos compositores que escreveram para essas vozes. (...) O castrati foi utilizado de uma forma diferente no Brasil. O que era opera, era exportado e o repertório do castrati no Brasil era muito ligado ao repertório litúrgico.” Segundo o contratenor, esse repertório é desconhecido e ele tem um projeto de, no futuro colocar, em evidência esse patrimônio brasileiro.

Mas antes, Luan Góes deve gravar seu primeiro disco, privilegiando o repertório solístico italiano. Com a pandemia, o financiamento do disco ficou mais difícil e ele fez em Paris dois concertos privados ao lado do pianista João Elias Soares “para arrecadar fundos para viabilizar o projeto que deve sair em breve”. As gravações do CD ao lado da contralto italiana Sonia Prina já estão marcadas. Elas acontecem em julho na sala l’Astrada de Marciac e em uma igreja barroca da região sudoeste francesa.

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