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Gustavo Petro precisará formar maioria em Congresso fragmentado para promover mudanças sociais

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Com a promessa de mudanças profundas no cenário desigual da Colômbia, Gustavo Petro conseguiu no domingo (19) conquistar os votos de pouco mais da metade dos colombianos. Contudo, o primeiro presidente de esquerda do país não terá vida fácil. Diante de um Congresso fragmentado e com forte presença conservadora, ele precisará encontrar maioria para passar seus projetos de reforma tributária e transição ecológica.

Primeiro presidente de esquerda na Colômbia, Gustavo Petro precisará negociar muito para passar no Congresso seu programa progressista.
Primeiro presidente de esquerda na Colômbia, Gustavo Petro precisará negociar muito para passar no Congresso seu programa progressista. © Fernando Vergara/AFP
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Logo após a festa da vitória, Gustavo Petro já lida com uma grave preocupação: conseguir formar um grupo majoritário em um Congresso muito fragmentado, eleito em março. As forças políticas conservadoras, que sempre mandaram no país e estão fortemente representadas nas duas casas legislativas, certamente vão apresentar resistência, analisa o professor de relações internacionais da UnB (Universidade de Brasília), Roberto Goulart.

“Petro vai ter que negociar muito. A oposição fará de tudo para colocar entraves a suas propostas”, afirma Goulart. Com projetos ambiciosos, como uma reforma tributária que aumente os impostos da população rica e a intenção de suspender os contratos de exploração de petróleo, o novo governo de esquerda precisará costurar alianças amplas para tornar as promessas reais.

Para o cientista político Gaspard Estrada, Petro já mostrou sua vontade para essa conversa. “Em seu discurso de vitória, ele demonstrou estar disposto a conversar com a classe política, inclusive com o ex-presidente [Álvaro] Uribe, o ex-presidente [Ivan] Duque e também o [Rodolfo] Hérnandez. E isso é consistente com a ideia de reconciliação nacional”, destaca o professor da Sciences Po de Paris.

Combate à pobreza com os cofres vazios

Um dos grandes desafios de Petro será o de combater a desigualdade e a pobreza no país em um momento em que os cofres do país foram esvaziados pela pandemia. Para isso, uma reforma tributária rápida será essencial.

A adoção de um imposto sobre grandes fortunas não é uma proposta apenas da esquerda colombiana. Goulart lembra que a Argentina e a Bolívia aprovaram impostos sobre grandes fortunas cobrados uma única vez. “O Reino Unido, com Boris Johnson, também vem discutindo uma reforma tributária que contribua para a situação fiscal do país.”

O professor da UnB acredita que a esperança despertada na população mais pobre por este governo que promete justiça social pode ser o suficiente para dar a Petro três meses de paz, sem as numerosas manifestações que enfrentou o impopular governo de Duque.

“A escolha da Francia Márquez, uma mulher negra ativista, é fundamental para esse diálogo. É um governo que promete estar sintonizado com o sentimento de justiça que as ruas ecoaram nos protestos. Creio que a esperança garanta um tempo de lua de mel, os cem dias de graça”, afirma. “Mas este não será um governo fácil”, prevê.

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