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Atriz franco-brasileira estreia em Paris peça "Ninho" de autor catalão sobre traumas

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A peça “Ninho”, encenada pela atriz franco-brasileira Janaína Suaudeau, estreia nesta sexta-feira (15) no Teatro Colombier de Bagnolet, periferia de Paris. O texto é do espanhol, catalão, Marc Garcia Coté e a direção de Bruno Guida. O espetáculo foi criado inicialmente em português no Brasil em 2020, durante o lockdown, apresentado online a partir de teatros de São Paulo e chega agora para o público parisiense em uma versão em francês.

Janaína Suaudeau, atriz franco-brasileira, estreia peça Ninho em Paris.
Janaína Suaudeau, atriz franco-brasileira, estreia peça Ninho em Paris. © RFI
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Janaína Suaudeau está sozinha em cena. A peça “Ninho”, ou “Nid” em francês, é um monólogo desencadeado por um acidente aéreo, mas um monólogo que mostra um emaranhado de vozes. A tragédia revela outros traumas. O clima é de assombro e a narrativa fragmentada.

A estreia em Paris será a primeira encenação da peça com a presença do público e a expectativa de Janaína Suaudeau é grande. “Não vejo a hora de fazer para um público de verdade porque eu estou sozinha no palco e brinco o tempo todo, tenho uma relação ativa com o público do começo ao fim”, conta a atriz.

Outra novidade é a versão em francês. “Confesso que para mim como atriz passar de uma língua para a outra é um exercício um tanto difícil. Não é só uma questão de memória. É todo um corpo, toda uma embocadura, que está acostumada com o português e tem de passar para o francês, mas está sendo super gostoso.”

Apesar do tema forte, o diretor Bruno Guida escolheu o humor e uma linguagem que flerta com a bufonaria. “O Bruno achou que fosse um caminho mais interessante não tratar esse texto de forma dramática, mas com as ferramentas da bufonaria que podem falar desse tema que é tão delicado entretendo o público (...) A mensagem chega de uma forma mais forte.”

Lugar de fala

Que mensagem passa a peça “Ninho” de Marc Garcia Coté? O texto dialoga com um tema super contemporâneo: o empoderamento e a possibilidade de falar sobre abusos sofridos. “Como mulher, espero que a mensagem seja dar voz a essa pessoa que sofreu esse trauma quando criança e como é difícil se permitir de ter um lugar de fala e conseguir falar sobre isso”, diz Janaína.

A personagem de “Ninho” não consegue contar de forma linear e “acaba inventando outras narrativas para justificar aquilo que aconteceu. É muito louco o que o trauma pode causar no ser humano”, afirma a atriz.

Janaína Suaudeau nasceu no Rio de Janeiro, filha de um pai francês e uma mãe brasileira. Ela é formada no centro de arte Célia Helena de São Paulo, onde conheceu Bruno Guida, e no Conservatório Nacional Superior de Arte Dramática de Paris, onde conheceu Marc Garcia Coté. “Somos grandes amigos e grandes parceiros artísticos”, revela.

A atriz franco-brasileira já atuou em várias peças de teatro, mas também no cinema, tanto em português quanto em francês. Recentemente, ela começou também a dirigir. Para Janaína, transitar entre essas duas cenas teatrais não é fácil. “Não é fácil até porque a gente tem um oceano entre os dois países. Tudo começou quando voltei para o Brasil em 2012, com a vontade de levar textos contemporâneos franceses que me tocavam para o Brasil e comecei a traduzir textos que eu gostaria de produzir”, revela.

Além disso, os dois países têm políticas culturais muito diferentes. “Não tem comparação os apoios e subsídios culturais entre o Brasil de agora e a França. Esperemos que em outubro isso mude”, espera. A peça "Ninho", de Marc Garcia Coté, com direção de Bruno Guida e atuação de Janaína Suaudeau está em cartaz no Teatro Colombier de Bagnolet, até 19 de abril.

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