Acessar o conteúdo principal
RFI Convida

Documentário sobre cena underground de São Paulo concorre no festival de Clermont-Ferrand

Publicado em:

Nas feridas abertas de São Paulo vive uma cena underground de artistas visuais, performers e DJs muito fértil, que se apropria de espaços abandonados para criar festas onde minorias podem reinar. Este é o quadro que apresenta a diretora Elizabeth Rocha Salgado, em seu novo filme "São Paulo Open Wound". O documentário concorre ao prêmio internacional do Festival de Curtas-Metragens de Clermont-Ferrand, que começa nesta sexta (28).

O documentário brasileiro "São Paulo Open Wound" (São Paulo Ferida Aberta) foi selecionado pelo festival internacional de curta-metragem de Clermont-Ferrand
O documentário brasileiro "São Paulo Open Wound" (São Paulo Ferida Aberta) foi selecionado pelo festival internacional de curta-metragem de Clermont-Ferrand © Divulgação
Publicidade

Com uma trajetória de filmes com temática política, a diretora brasileira decidiu dar atenção desta vez à resistência política nas brechas urbanas. Neste projeto, encontrou o coletivo Mamba Negra, um grupo de artistas visuais, performers e músicos LGBTQIA+ que organizam festas independentes pelas ruas da cidade.

“A Mamba Negra ela entra dentro dessas rachaduras da cidade, dessas feridas de São Paulo. As festas ocorrem em prédios abandonados, em lugares vazios, com essas pessoas que não são incluídas. Esta é uma tentativa de se incluir na cena cultura paulista, que ainda é uma cena muito branca, muito elitista”, conta a diretora, em entrevista à RFI.

Contra a cidade, o grupo ocupa espaços com seus corpos e arte muitas vezes tidos como subversivos.

O documentário mostra um compilado de performances e de festas, apresentando o trabalho do coletivo, mas também do músico Edgard Novíssimo, da banda Teto Preto e da DJ Malka Julieta. O curta foi um dos 77 selecionados entre 8.100 filmes submetidos ao festival internacional.

"A minha intenção foi conseguir expressar o que esses artistas expressam. O que eu espero é que o público sinta alguma coisa, quero que o público queira participar dessas festas, sinta este 'uau'", explica Elizabeth Salgado.

Festival internacional

O festival de Clermont-Ferrand começa nesta sexta na França, mas a diretora brasileira estará longe do evento, na Bahia. Ela não conseguiu apoio para pagar as passagens.

Documentarista Elizabeth Rocha Salgado, diretora do filme "São Paulo Open Wound"
Documentarista Elizabeth Rocha Salgado, diretora do filme "São Paulo Open Wound" © Divulgação

 

"Conversei com o pessoal do festival e eles me disseram que trabalhavam com a Ancine, que tinha formas de pagar a viagem", conta ela. No entanto, ela diz que ao entrar no site da Agência Nacional de Cinema descobriu que a possibilidade de financiar a participação em festivais não existe mais. "Foi aí que percebi como este governo acabou com a cultura no Brasil."

O festival vai até 5 de fevereiro. A competição internacional inclui 77 curtas-metragens, vindos de 55 países representados de todos os continentes.

O júri internacional é composto por Joanna Quinn, diretora britânica e referência no campo da animação, Borja Cobeaga, diretora espanhola de curtas-metragens multiplataforma, e também tem a brasileira Beth Sá Freire.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.