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Reportagem

Com participação de parlamentares e governadores brasileiros, fórum empresarial em Nova York discute reconstrução do RS

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O Brazil Investment Forum, realizado na terça-feira (14) em Nova York, foi marcado por discussões sobre a situação emergencial no Rio Grande do Sul. Organizado pelo grupo de líderes empresariais Lide, presidido pelo ex-prefeito de São Paulo, João Dória, o evento ocorreu pela quarta vez na megalópole americana e contou com a participação de várias figuras políticas brasileiras.

O Brazil Investment Forum, realizado na terça-feira (14), em Nova York, contou com a participação de 10 governadores, quatro senadores e quatro deputados federais.
O Brazil Investment Forum, realizado na terça-feira (14), em Nova York, contou com a participação de 10 governadores, quatro senadores e quatro deputados federais. © Divulgação/Lide
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Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Embora o foco inicial do fórum fosse o impacto das eleições americanas no Brasil e os avanços econômicos recentes, as enchentes no Rio Grande do Sul mudaram o curso das discussões. Devido à emergência, tanto o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, quanto o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, cancelaram sua participação para lidar com a situação no estado.

"Estamos passando por um momento muito difícil. Pedimos desculpas por não estarmos aí, mas esta semana será decisiva para os nossos irmãos do Rio Grande do Sul", disse Arthur Lira em uma declaração. Ele também prometeu que o projeto da reforma tributária será entregue para votação até o recesso de meio de ano.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, enviou um vídeo pedindo compreensão por sua ausência e solicitando ajuda para a reconstrução do estado. "Os gaúchos, por sua história, sairão mais fortes deste momento", afirmou Leite.

Fernanda Baggio, presidente do Lide em Nova York, anunciou que as futuras ações da entidade terão verba destinada ao auxílio ao estado. 

"Este é um momento muito trágico para nosso país. Nossa sede industrial está no Rio Grande do Sul, e a geração de renda será crucial para a recuperação do estado", disse Alexandre Birman, CEO da Arezzo&CO. O setor calçadista é responsável por 125 mil empregos diretos no país.

Governador do RJ defende reindexação da dívida

A reunião ocorreu no Harvard Club, em Nova York, com a participação de 10 governadores, quatro senadores e quatro deputados federais. Um dos temas mais discutidos foi a difícil reconstrução do Rio Grande do Sul após as enchentes.

Claudio Castro, governador do Rio de Janeiro, que também enfrentou tragédias climáticas como a tragédia de 2022 em Petrópolis, que em que morreram mais de 200 pessoas, aproveitou para destacar a importância da renegociação das dívidas dos estados.

"Não há dúvida de que um estado quebrado como o Rio Grande do Sul, se tivesse condições de investir, poderia ter mitigado o alcance da tragédia que está acontecendo", afirmou Castro. Ele sugeriu que a renegociação da dívida pode liberar recursos para ações de prevenção de desastres.

Castro explicou que sua administração investiu mais de R$ 4 bilhões em prevenção, incluindo limpeza de rios, macrozonagem, microzonagem e contenção de encostas nos últimos dois anos e meio. Ele propõe que a reindexação dos juros das dívidas dos estados com a União siga os moldes das taxas pagas por países da África e América Latina, que são taxados de maneira mais amena.

Como governador do estado que mais gera receita no Brasil, Castro defende a isenção de juros, argumentando que os estados deveriam apenas pagar mora por atraso no pagamento. Segundo ele, a diminuição da carga viabilizaria maiores investimentos em infraestrutura, meio ambiente e prevenção de catástrofes, protegendo ainda mais a população.

Castro enfatizou que não pretende usar a tragédia do Rio Grande do Sul para impulsionar a discussão sobre a renegociação da dívida. "A situação do Rio Grande do Sul é única e deve ser tratada oportunamente. Nossa discussão é técnica e deve ser feita numa mesa de discussão técnica, considerando os indexadores aplicados", completou.

De acordo com o Relatório de Garantias Honradas pela União em operações de crédito de 2023, apresentado pela Secretaria do Tesouro Nacional, o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul estão entre os estados com maior dívida com a União, R$ 4,61 bilhões e R$ 1,39 bilhão, respectivamente. 

A renegociação das dívidas estaduais é vista como uma oportunidade para aumentar os investimentos em prevenção e infraestrutura, essenciais para mitigar futuros desastres.

O obstáculo da polarização

A polarização política que o Brasil enfrenta hoje, também foi apontada, durante o fórum, como um dos principais empecilhos para desenvolver um plano de contenção de crise.

"Não existe tragédia ambiental de esquerda, direita ou de centro", afirmou o governador do Pará, Helder Barbalho, o estado que sediará a COP 30 em novembro de 2025. Ele disse ainda que é preciso olhar essa tragédia pelo ângulo da oportunidade, como um "chamamento para que o Brasil coloque a responsabilidade ambiental em sua agenda".

O governador Renato Casagrande do Espírito Santo, destacou o problema da produção de fake news, que, segundo ele, acaba "atrapalhando o trabalho de salvar pessoas", algo semelhante ao que aconteceu durante a pandemia de Covid-19. 

Uma das figuras a circular pelo salão da Harvard Club nesta terça foi o ex-presidente Michel Temer que também apontou para o tema da polarização política e para a necessidade de uma oposição construtiva.

Ele destacou que a oposição deve ajudar a governar ao invés de obstruir, e expressou sua decepção com a atual capacidade do presidente Lula de pacificar o país. "Ele (Lula) é presidente de todos os brasileiros, não apenas daqueles que o elegeram. Ainda há tempo para ele fazer isso", afirmou Temer, referindo-se à necessidade de unir o país.

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