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Radar econômico

Gucci, Nike, L’Oréal: marcas correm para se posicionar no metaverso

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Se você ainda não ouviu falar do metaverso, é melhor se atualizar. Não se passa mais uma semana sem que uma grande empresa anuncie se instalar neste universo digital que avança num caminho ainda incerto, mas destinado a se tornar incontornável nos próximos anos.

O Republic Realm, um fundo de investimentos especializado em imóveis digitais, comprou em novembro um terreno no Sandbox pela bagatela de US$ 4,3 milhões, a maior venda registrada pela plataforma até agora, segundo o WSJ. Foto ilustrativa
O Republic Realm, um fundo de investimentos especializado em imóveis digitais, comprou em novembro um terreno no Sandbox pela bagatela de US$ 4,3 milhões, a maior venda registrada pela plataforma até agora, segundo o WSJ. Foto ilustrativa AFP - SERGIO FLORES
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Lúcia Müzell, da RFI

O movimento se acelerou desde outubro, quando o Facebook trocou de nome para Meta, despertando subitamente a atenção dos desavisados para o fenômeno. Marcas esportivas e grifes de luxo foram as primeiras a se posicionar, como Nike e Gucci. A dinâmica agora ganha amplitude com supermercados, restaurantes e até bancos inaugurando suas versões virtuais em NFT. As lojas e produtos entram em plataformas como Fortnite, Roblox e Sandbox, entre outras, à espera dos lançamentos das gigantes Microsoft e Apple, além do próprio Meta.

"Imagine que é uma rede social, mas em que você vai ter um avatar, ou seja, uma figura que vai te representar e que terá a aparência que você bem entender. Tem a mudança de passarmos do texto, fotos e vídeos para algo em 3D, muito similar aos jogos, com um ambiente tridimensional onde você vai poder andar, ouvir e interagir com o que há ao seu redor”, explica Ricardo Cavallini, professor da Singularity University e autor de seis livros sobre tecnologia e negócios. "Tem um componente que não é mandatório, mas que está vindo, que é o óculos de realidade virtual, para ajudar nessa imersão."

Economia paralela já tem até especulação

Gurus da tecnologia garantem que, a exemplo do que aconteceu com as redes sociais, todos nós ainda passaremos muito tempo no metaverso. Artistas famosos, como Ariana Grande, já deram shows para milhões de usuários do Fortnite.

Aos olhos das empresas, esse mundo paralelo representa cifras que deverão ultrapassar a casa dos bilhões de dólares já nos próximos anos, em transações que serão descentralizadas, sem intermediários, e já geram até especulação imobiliária. No Sandbox, um usuário já gastou mais de US$ 4 milhões para comprar um terreno.

Qualquer pessoa cujo avatar esteja viajando pela Roblox poderá encontrar outros avatares com bolsas, óculos de sol ou chapéus Gucci. Os itens fazem parte da coleção limitada da marca para o metaverso.
Qualquer pessoa cujo avatar esteja viajando pela Roblox poderá encontrar outros avatares com bolsas, óculos de sol ou chapéus Gucci. Os itens fazem parte da coleção limitada da marca para o metaverso. AP - Antonio Calanni

"Esse tema está afetando não só essa área muito tecnológica, digital, na margem do desenvolvimento das empresas. Cripto, blockchain, NFT, metaverso, web 3.0 – toda essa sopa de letrinhas está afetando qualquer empresa hoje, em qualquer segmento. É isso que as pessoas têm de ter em mente e então começarem a dar uma olhada”, comenta Gustavo Cunha, sócio da gestora de ativos digitais Resetfunds e do portal de educação Fintrend.

"Não dá para você ficar fora. O ponto é esse. Mas, ao mesmo tempo, é um mercado com muita informação chegando ainda, com muita dúvida e indefinição. Haverá um só metaverso predominante? Eu acho que não. Vamos ter uns maiores e uns menores, uns focados em determinados segmentos e outros, em outros segmentos”, avalia.

Pandemia acelerou transição

Cavallini ressalta que as empresas mais avançadas em tecnologia já compreenderam que o universo dos games, que há anos reproduz uma versão da vida no ambiente virtual, é uma excelente porta de entrada para compreender os desafios do metaverso no futuro – em que as transações reais e virtuais interagem.

"As coisas vão se misturar. A gente vai ter economias próprias nesse metaverso, como já tem no universo dos jogos, onde é muito comum as pessoas comprarem uma roupinha, uma arma”, compara.

Paris Hilton já tem sua própria ilha virtual no mundo Roblox, replicando sua mansão em Beverly Hills.
Paris Hilton já tem sua própria ilha virtual no mundo Roblox, replicando sua mansão em Beverly Hills. AP - Leon Keith

A pandemia acelerou a digitalização da sociedade – aquilo que, há três anos, parecia ser uma distopia de um filme de ficção científica, hoje se tornou mais palpável.

"Eu não acho que o metaverso seja uma mudança muito disruptiva em relação ao que temos hoje. Desde a pandemia, todo mundo já está mais acostumado a ficar mais online, a ter reuniões pelo Zoom etc. Todo mundo já passa boa parte do dia nisso”, frisa Cunha.

“Há 20 anos, a gente vivia sem internet e não era um problema. Hoje, sem internet, você não consegue trabalhar, ter amigos, você não consegue praticamente nada sem internet. Então, acho que o metaverso é algo que vai naturalmente entrar na vida das pessoas nos próximos 10, 15 ou 20 anos."

Exageros

Mas os dois especialistas advertem: estamos em plena explosão do fenômeno, quando as expectativas nem sempre correspondem à realidade em que vai se transformar uma nova tecnologia, no cotidiano dos usuários. Cautela é fundamental, afirma Cavallini.

"A expectativa que as pessoas, que o mercado e os analistas costumam fazer acaba sendo muito exagerada – não só em relação a tempo, quanto aos números e até mesmo sobre o quanto essa tecnologia vai mudar nas suas vidas. Que vai ser relevante, vai. Vai atingir massas, vai, e vai afetar muitas indústrias e segmentos. Mas tem que tomar muito cuidado porque não vai ser toda essa coisa que estão falando agora, com tanto dinheiro para fazer ações no metaverso”, pontua.

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