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Planeta Verde

Coletivo francês de atletas de parkour apaga letreiros em Paris e alerta para questões climáticas

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A "cidade luz" planeja apagar as luzes mais cedo e diminuir as decorações de Natal para reduzir o consumo de energia elétrica. Impactados pela crise no setor, governos europeus discutem medidas para economizar eletricidade, mas, enquanto muitas dessas ações não entram em vigor, um grupo decidiu, por conta própria, desligar os letreiros que ficam acesos durante toda a madrugada.

Coletivo On the Spot
Coletivo On the Spot REUTERS - BENOIT TESSIER
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Criado há dois anos, o coletivo On The Spot assumiu a missão de apagar os paineis de Paris usando técnicas do esporte conhecido como parkour, uma modalidade que mistura movimentos acrobáticos e de equilíbrio para escalar obstáculos urbanos ou naturais.

Dali tem 21 anos, começou a praticar o parkour há cinco e está no coletivo há um ano. Ele conta que, quando o On the Spot surgiu, outros praticantes já tinham o hábito de se encontrar pelas ruas de Île de France, região onde está situada a capital. Juntos, treinavam e praticavam o esporte, além de apagar as luzes consideradas desnecessárias.

Hoje o grupo, que reúne cerca de 10 pessoas, ficou conhecido pelo alerta, sempre feito de forma, digamos, acrobática. A intenção é desligar os letreiros sem danificar as lojas e sem interferir na iluminação pública.

“Eu não sei exatamente o momento ou quem teve a ideia originalmente, mas a prática se tornou meio que evidente para pessoas que amam escalar prédios e outras estruturas, e adoram chegar a novos lugares. E como esses letreiros não têm nenhuma razão para estarem ligados e que ninguém mais vai poder desligá-los, nós desligamos”, disse.

 

 

Esporte e consciência

Dali explica que o esporte é o principal ponto de convergência do grupo. Quando perguntado se o objetivo do coletivo é praticar o parkour ou alertar para as mudanças climáticas, ele afirma que a prática esportiva sempre fez parte do propósito principal, mas que diante do cenário atual e da preocupação da geração mais jovem com as questões ambientais, o grupo acabou cedendo espaço para ações mais direcionadas.

“O esporte é o DNA do coletivo. No início era esse o objetivo e o esporte será sempre um componente primordial. Mas eu diria também que é a forma como podemos praticar uma intenção mais pessoal. Cada um tem a sua motivação, mas a questão climática para as pessoas que têm mais ou menos a nossa idade é evidente. É um problema com o qual nós crescemos. Não podemos nos permitir de fechar os olhos e nem necessariamente nos sentir em uma missão", conta.

"Nós sabemos que ações desse tipo não irão necessariamente mudar o mundo, especialmente porque apagar os letreiros de uma ou 60 lojas em uma noite, entre as milhares que existem na França, não vai reduzir de forma tão significativa o consumo de energia. Mas nós utilizamos essas ações para passar uma mensagem de forma não oficial", explica. "É uma forma de treinar, de praticar o esporte, de progredir, mas destacando também que a nossa capacidade permite ter um impacto no que está a nossa volta e direcionar este impacto para algo que nos interesse. Nós crescemos nesse mundo, é onde vamos viver toda nossa vida, e que a gente não quer vê-lo destruído e com seus recursos esgotados”, alerta. 

As ações do coletivo On the Spot fazem parte do movimento Lights Off, que se espalha por diversas cidades da França e que viralizou após postagens nas redes sociais. Entretanto, os integrantes têm a consciência de que as ações têm mais impacto como alerta do que propriamente na redução do consumo. A mudança efetiva precisa partir das autoridades e das empresas, que, ao que tudo indicam, agora estão de acordo com as medidas de economia. Vale lembrar que as lojas são obrigadas a desligar os seus letreiros entre uma e seis horas da manhã, mas a lei é muito pouco respeitada.

Luzes apagadas na Champs Élysées

Na Champs Élysées, uma das avenidas mais famosas do mundo, as mudanças já serão sentidas a partir de dezembro, quando todas as luzes serão apagadas às 23h45. As populares decorações de Natal, que atraem milhares de turistas e visitantes à avenida, também serão desmontadas uma semana mais cedo. Marc-Antoine Jamet, que preside o Comitê Champs Élysées, reunindo 180 empresas, explica que a ideia é servir de exemplo.

“Às 22h o comércio apaga as luzes, às 23h45 as iluminações da Champs Élysées se apagam e 15 minutos após o fechamento das lojas, todos que trabalham nestes estabelecimentos também deverão parar. A Champs Élysées é um espelho. É um espelho da sociedade e da nação francesa. Este espelho reflete uma verdadeira imagem da França, uma imagem da França que faz esforços coletivos. E a Champs Élysées também faz esforços coletivos”, afirmou.

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