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O Mundo Agora

Brasil e China precisam superar desafios para implementarem acordos

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Recentemente, o Brasil e a China assinaram acordos comerciais que somam US$ 10 bilhões, fruto da visita de alto nível liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A relação entre os países vem se desenvolvendo e fortalecendo há anos. Nesse terceiro mandato de Lula à frente do governo brasileiro, parece que esta relação com a China atingirá níveis nunca antes vistos de aproximação. Os anúncios são positivos, falta ver como as dificuldades em implementá-los serão resolvidas. 

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Pequim, em 14 de abril de 2023.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e seu homólogo chinês, Xi Jinping, em Pequim, em 14 de abril de 2023. REUTERS - POOL
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Thiago de Aragão, para a RFI

Embora o comércio entre o Brasil e a China possa gerar benefícios para ambas as partes, existem preocupações de que o mesmo possa causar uma desindustrialização no Brasil. Para evitar isso, a administração Lula busca incentivos chineses para promover áreas industriais e tecnológicas focada em tecnologias verdes.

Além disso, o governo brasileiro também está considerando políticas industriais que possam turbinar a indústria nacional. Essas políticas industriais, no entanto, não são novidade para Lula. Em seus governos anteriores, a implementação de uma nova política industrial ficou apenas na ideia e no gasto, sem a execução.

No entanto, com escassos recursos financeiros disponíveis para projetos como este, o governo brasileiro terá que ser criativo para conseguir alcançar seus objetivos. Para isso, ele pode usar os recursos internos do país - incluindo matérias primas e um grande mercado interno - a fim de tornar as indústrias brasileiras mais competitivas e capazes de produzir produtos que possam ser comercializados internacionalmente.

Apesar de flertar com a ideia de incentivos e eventuais subsídios para a indústria brasileira, no fim Lula sabe que a complexa matriz tributária (além da alta carga) são os empecilhos mais comuns para o desenvolvimento da indústria nacional. 

Desafios

O anúncio de projetos e acordos pode ter sido saudado como um passo positivo, mas é evidente que ainda há muitos desafios a serem ultrapassados quando se trata de implementar as iniciativas. As transferências de tecnologia exigirão negociações delicadas entre dois países com sistemas industriais e regulamentos muito diferentes. A fábrica de hidrogênio verde envolverá investimentos dispendiosos em infraestruturas num setor energético que enfrenta numerosos obstáculos.

Os projetos eólicos offshore serão dificultados por uma falta de experiência quando se trata de gerar energia renovável na região. E a empresa binacional de logística agrícola poderá enfrentar dificuldades devido à complexa regulamentação aduaneira do Brasil. Tudo isto significa que, embora o memorando da semana passada tenha sido certamente um passo à frente, é demasiado cedo para dizer se estes projetos serão bem sucedidos. 

No entanto, é bom sempre lembrar que inúmeros acordos e memorandos assinados em 2015, entre a então presidente Dilma Rousseff e Xi Jinping, ficaram apenas no papel. Um dos mais chamativos, foi o acordo da rodovia Trans-Pacífico, que não conseguiu avançar por problemas, inexperiências ou perda de interesse de um lado, ou de outro.

Muitos dos projetos formados por Lula nessa última viagem correm o mesmo risco. 

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