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O Mundo Agora

Mísseis russos perto de fronteiras na Ucrânia fazem crescer risco de "escalada sem precedentes"

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Que o Presidente russo Vladimir Putin esteja tendo mais dificuldades na Ucrânia do que qualquer um previa, já sabemos. O que não sabíamos é que Putin ja está considerando pedir ajuda para a China.

Edifícios bombardeados na base militar de Yavoriv, perto da fronteira com a Polônia, em 13 de março.
Edifícios bombardeados na base militar de Yavoriv, perto da fronteira com a Polônia, em 13 de março. @BackAndAlive via REUTERS - @BACKANDALIVE
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Thiago de Aragão, analista político

Histórias de que a Rússia vem tentando convencer a China a oferecer armamentos crescem a cada dia. Sendo real ou não, faz sentido, já que há uma dificuldade crescente do exército russo, não só no combate ao exército ucraniano, mas na logística de locomoção e coordenação de seus próprios veículos e equipamentos.

A imagem de um exército quase imbatível e avassalador some a cada nova dificuldade relatada na cobertura da guerra. Mesmo conquistando Kiev, Lviv ou qualquer outra cidade ucraniana, a guerra nos mostra que o exército russo é mais frágil do que muitos analistas militares ocidentais imaginavam. 

No entanto, isso não é suficiente para que Putin mostre sinais de desistência, recuo ou até mesmo um acordo definitivo. Claro, podemos ter um cessar-fogo a qualquer momento, mas enquanto os dois lados seguem irredutíveis em suas posições (Ucrânia não quer adotar neutralidade eterna, abrir mão de suas forças nacionais de segurança, nem reconhecer os territórios invadidos pelos russos como países independentes), esse mesmo cessar-fogo seria frágil e, possivelmente, não duradouro. 

No sábado (13), a artilharia russa acertou oito mísseis em um campo de treinamento da Otan em Yaroviv, no oeste ucraniano. Os relatos são de 35 mortos, inclusive observadores da Otan presentes no local. O intuito russo foi de prejudicar o fluxo de entrada de armamentos oriundos de países da Otan para as Forças Armadas ucranianas.

Temporariamente, esse objetivo pode ter sido parcialmente atingido, mesmo que os riscos implícitos nessa operação sejam enormes. Quanto mais as forças russas bombardeiam regiões próximas das fronteiras da Polônia e da Eslováquia, maior o risco de um bombardeio cair "do lado de lá" das fronteiras, aumentando consideravelmente o risco de uma escalada sem precedentes. 

Otan não sabe como ajudar a Ucrânia

Putin vem dobrando as apostas a medida que as sanções sao aplicadas e a Otan segue sem ideias de como ajudar mais a Ucrânia. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky sabe bem que, para que a Ucrânia tenha uma capacidade real de resistir aos russos, necessitariam neutralizar o controle aéreo que a Força Aérea Russa foi capaz de conquistar (a duras penas).

O fechamento do espaço aéreo ucraniano por parte da Otan, aumentaria nao só a restrição de Putin em arriscar e lançar seus caças, correndo o risco de ser abatido por aviões da Otan, como também aumentaria consideravelmente o risco de que exatamente isso acontecesse, desencadeando uma guerra europeia. 

A guerra na Ucrânia segue imprevisível e trágica. Ao que tudo indica, a Otan não está disposta a fechar o espaço aéreo ucraniano, a China não esta disposta a (pelo menos no momento) fornecer armas para os russos e a Ucrânia não esta disposta a se render.

Tudo pode mudar ao longo dos próximos dias e semanas. Nessa semana, mais uma conversa entre Ucrânia e Rússia está programada. Além disso, Jake Sullivan, assessor especial de segurança dos EUA e Yang Jiechi, principal assessor de política externa do governo chinês , se encontram em Roma para conversar sobre a guerra. Por mais que a China não seja um mediador formal, com credibilidade dos dois lados da balança, os EUA sabem que se tem um país que tem o poder de influenciar e mudar a cabeça de Putin, esse país é a China. 

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