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Linha Direta

Empate com Espanha mantém alemães na Copa, mas público no país boicota Mundial

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Em uma espécie de final antecipada, a Alemanha e Espanha, duas equipes favoritas ao título, empataram no domingo (27), em 1 a 1, na Copa do Mundo. O jogo era decisivo para a equipe alemã, que vinha de uma derrota para o Japão na partida de estreia. Mas o duelo não tirou os alemães do sério. Por causa do frio e sobretudo das controvérsias, o Mundial do Catar tem tido uma repercussão relativamente pequena no país tetracampeão do mundo.

O alemão Niclas Fullkrug empata placar no final do jogo contra a Espanha (27/11/22).
O alemão Niclas Fullkrug empata placar no final do jogo contra a Espanha (27/11/22). REUTERS - MATTHEW CHILDS
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Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

Dizer que os alemães não torcem para a seleção deles talvez seria exagero. Mas com certeza o clima no país está muito longe do que temos, por exemplo, atualmente no Brasil. Ou daquela atmosfera observada entre os alemães nas outras Copas ou mesmo na época da Champions League ou da Eurocopa. Ninguém por aqui parece estar muito interessado na Copa do Catar.

Neste domingo, não teve ninguém gritando da janela no gol de empate da Alemanha. Houve silêncio absoluto nas ruas depois do apito final da partida. Com o frio de cerca de 5 graus que faz no país neste começo de inverno, poucos se aventuram a ficar nas ruas.

As cidades alemãs não organizaram exibições públicas com telões nas ruas e praças, como sempre acontece.

Neste primeiro domingo do advento, que é, para os cristãos, a época preparatória para o Natal, muitos preferiram aproveitar a abertura dos mercados natalinos para beber um vinho quente.

Direitos humanos

Boa parte dos alemães não está vendo com bons olhos essa Copa. Principalmente por causa das histórias de violações dos direitos humanos no Catar. A mídia alemã dá destaque grande às críticas das organizações de defesa dos direitos humanos em relação ao tratamento das mulheres no país árabe, à discriminação contra homossexuais e ao tratamento dos trabalhadores estrangeiros, que teriam morrido às centenas nos canteiros de obras de infraestrutura do Mundial.

Por causa de todas essas controvérsias, uma série de bares alemães lançou antes da Copa uma campanha de boicote ao mundial, decidindo não exibir os jogos no Catar.

Também em casa, o público parece que não vem assistindo como nas últimas Copas. A audiência de televisão dos jogos na Alemanha tem conseguido apenas cerca de metade do patamar registrado no último Mundial, realizado há quatro anos na Rússia.

A TV alemã mostrou neste domingo algumas entrevistas na rua antes da partida contra a Espanha. Apesar da importância do jogo, muitos diziam que também não pretendiam assistir ao duelo, por causa das controvérsias no Catar.

Transmissões politizadas

Mesmo durante as transmissões dos jogos na televisão, esses assuntos mais políticos são tematizados o tempo todo.

Para a cerimônia de abertura da Copa, por exemplo, o canal estatal ZDF convidou um representante da ONG Anistia Internacional para comentar o espetáculo. Ele criticou duramente a apresentação, dizendo ser "hipócrita" e lembrou das violações dos direitos humanos no Catar.

Basta lembrar também que durante uma transmissão de jogo na TV, a narradora Claudia Neumann apareceu na mesma ZDF usando camisa e braçadeira com arco-íris, que são os símbolos pela diversidade e contra a discriminação LGBTQIA+.

A chamada braçadeira "One Love", com as cores do arco-íris, foi proibida pela Fifa para uso dos jogadores em campo, provocando revolta em equipes europeias, incluindo a Alemanha.

Por conta disso, a seleção alemã protestou simbolicamente, fazendo uma foto oficial em campo, com os jogadores cobrindo a boca com a mão. A imagem rodou o mundo todo. E se os alemães não se tornarem pentacampeões nesse ano, pelo menos eles já deixaram sua marca para a história dos mundiais.

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