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Linha Direta

Itália: crise energética na Europa faz preço da eletricidade dobrar nos primeiros meses do ano

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Após dois anos de pandemia que gerou milhares de mortes pelo mundo, a crise energética que bateu na porta da Europa, em modo particular, da Itália, está se tornando um fardo insustentável para famílias e empresas que viram o preço da eletricidade dobrar nos primeiros meses do ano

Com a subida dos preços da energia, Itália paga um preço alto pela estratégia de forte dependência do gás russo e de outros países.
Com a subida dos preços da energia, Itália paga um preço alto pela estratégia de forte dependência do gás russo e de outros países. ASSOCIATED PRESS - Luca Bruno
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Janaína César, correspondente da RFI em Roma

Tem que diga por aqui que essa é a pior crise energética desde 1973. Após a crise global devido à pandemia, com a recuperação econômica, houve um excesso de demanda de energia e os preços de eletricidade e gás praticamente triplicaram. 

Para se ter uma ideia, no início de 2021, o gás natural na Europa custava €15 por megawatt hora, e em dezembro passado o preço atingiu a casa dos €180. Após as festas de fim de ano, os valores baixaram novamente, chegando a 70/80 euros, ainda assim um preço muito elevado para as famílias e as empresas suportarem. Para o sistema produtivo italiano, a conta de energia passou de € 8 bilhões em 2020 para € 21 bilhões no ano passado, com previsão de €37 bilhões para 2022.

Essa demanda de energia mostrou como a Europa é dependente da Rússia, visto que 48% do gás usado para consumo vem de lá. A situação se agravou em meados de dezembro de 2021, quando Vladimir Putin decidiu reduzir o fornecimento de gás natural ao Velho Continente (com exceção da Alemanha). 

Putin fechou parcialmente as torneiras do oleoduto Yamal para pressionar as instituições europeias a aprovar um gasoduto que ligará a Rússia diretamente com a Alemanha. 

O gás no centro da crise energética 

De todos os países europeus, a Itália é o que mais depende do gás. De acordo com a Agência Nacional de Novas Tecnologias, Energia e Desenvolvimento Econômico Sustentável - Enea, 42% do consumo total de energia deriva do gás. Mas o país produz somente 4,5 bilhões de metros cúbicos, contra um consumo de 72 bilhões de metros cúbicos. 

Além do gás, a Itália também importa 89% do petróleo e 100% do carvão, segundo dados da Confindustria.  Entre o alto consumo de energia e a forte dependência do exterior, a conta paga pelos italianos é alta.

Segundo dados da empresa Terna, que administra a rede elétrica italiana, em 2020, a Itália produziu 89,3% da eletricidade que usou naquele ano, sendo que 57,6% da produção foi coberta por energia termoelétrica não renovável, 17,6% por hidroelétrica e os restantes 24,7% de fontes eólicas, geotérmicas, fotovoltaicas e bioenergéticas.

Dois fatos importantes marcaram a política energética italiana: o referendo de 1987 que decretou o fim da energia nuclear no país e a implementação do decreto Bersani, em 1999, que sancionou a liberalização do mercado energético e deu início ao desmantelamento do monopólio existente no domínio da electricidade, com a entrada de outros operadores. 

Cidades no escuro

O primeiro-ministro Mario Draghi trabalha para mitigar os efeitos da crise com uma nova provisão de investimentos que varia de 5 e 7 bilhões de euros para acalmar os aumentos de eletricidade e gás. Mas essas medidas parecem não ser suficientes. 

Na noite de 11 de fevereiro, cerca de três mil cidades italianas aderiram ao protesto organizado pela Associação Nacional de Municípios Italianos (ANCI) e, por cerca de meia hora, apagaram as luzes dos principais monumentos do país. 

A mensagem ao governo foi clara: com os aumentos dos preços da energia os municípios não irão resistir. O risco que os prefeitos querem evitar a todo custo é o de ter que cortar serviços aos cidadãos. De fato, a estimativa é de um superávit de gastos de €550 milhões, segundo a ANCI. Diante desses números, os prefeitos pedem um aumento máximo do teto de recursos destinado a amortecer essa situação. 

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