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Linha Direta

Foco da variante ômicron, África do Sul pode tornar vacinação contra coronavírus obrigatória

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Um dos principais assuntos entre sul-africanos atualmente é a obrigatoriedade da vacina contra o coronavírus, cogitada pelo governo, conforme disse o presidente Cyril Ramaphosa em discurso na TV, no domingo (28). No país onde um terço dos profissionais de saúde ainda não se vacinou – e parece não querer se imunizar, segundo a associação médica sul-africana –, alguns já questionam a legalidade da eventual obrigatoriedade para determinadas atividades e certos locais.

Passageiros fazem fila para testes PCR no Aeroporto Internacional de Joanesburgo, em 27 de novembro de 2021.
Passageiros fazem fila para testes PCR no Aeroporto Internacional de Joanesburgo, em 27 de novembro de 2021. AFP - PHILL MAGAKOE
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Vinícius Assis, correspondente da RFI na África do Sul

A descoberta da variante ômicron do coronavírus, com um grande número de mutações que a tornam potencialmente mais transmissível do que a delta, e provavelmente mais resistente às vacinas, impacta diretamente os sul-africanos. O presidente Ramaphosa criticou os países que fecharam as fronteiras para viajantes provenientes da África do Sul e vizinhos. Ele recebeu o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), que também considerou a medida precipitada.

Até agora, só o Reino Unido, primeiro a banir voos vindos de países do sul do continente africano, anunciou a retomada do serviço. Duas companhias aéreas devem voltar a operar nessas rotas em breve, porém com restrições. Por enquanto, apenas cidadãos britânicos, irlandeses ou quem tem residência nas "terras da rainha” poderão embarcar, mas terão de cumprir quarentena durante 10 dias em um hotel indicado pelo governo.

De acordo com o presidente sul-africano, 35,6% da população foi totalmente vacinada. Nas ruas e em discussões nas redes sociais, o clima é de indignação, pois a Europa atualmente é o epicentro da pandemia e os números de novos casos diários no bloco têm sido maiores que os sul-africanos. Porém, as mesmas medidas restritivas não foram tomadas contra países europeus. Esta sensação de exclusão e injustiça predomina na África do Sul.

Nesta segunda-feira (29), o presidente chinês, Xi Jinping, prometeu 1 bilhão de doses de vacinas anticovid a países africanos, sendo 600 milhões na forma de doações de frascos e outras 400 milhões de outras fontes, como investimentos em unidades de produção. Resta saber como será a aceitação: em países como o Zimbábue, que também recebeu doação de vacinas da China, parte da população rejeitou especificamente o imunizante chinês por desconfiar de sua eficácia e protestar contra o país onde o coronavírus surgiu.

Brasileiros retidos 

A embaixada do Brasil em Pretória e o consulado-geral na Cidade do Cabo tentam conseguir o embarque dos 230 brasileiros que estão retidos na África do Sul. Mais da metade (70%) está na Cidade do Cabo. No fim de semana, um brasileiro que chegou a despachar a bagagem foi impedido pela companhia aérea de embarcar.

Brasileiros e residentes no Brasil podem entrar no país e não há razão para que as companhias aéreas impeçam seus embarques, segundo a nota da embaixada e o consulado. As restrições brasileiras são para estrangeiros que estiveram na África do Sul nos últimos 14 dias.

O ministro da Saúde, Joe Phaahla, reforçou em uma coletiva de imprensa, ao lado de especialistas, que ainda não se sabe qual a origem na variante ômicron. Enquanto o país se prepara para a quarta onda de infecções, que parece já estar começando com o aumento do número de casos nos últimos dias, o governo reforça as recomendações sobre uso de máscaras e cuidados ainda maiores durante o período de festas de fim de ano. Esta é a temporada de festivais de música no país, principalmente nos arredores da Cidade do Cabo – eventos que costumam ocorrer em áreas afastadas, com difícil fiscalização.

Relaxamento nas medidas de prevenção

O toque de recolher, entre meia-noite e 4h, continua em vigor em todo o país. De acordo com as regras atuais, aglomerações de mais de 750 pessoas em locais fechados e 2 mil pessoas em espaços abertos estão proibidas.

Em locais pequenos, o público autorizado está reduzido a 50% da capacidade da sala. O uso de máscaras continua obrigatório, embora, na prática, nem sempre sejam usadas como deveriam.

Na Cidade do Cabo, por exemplo, é comum ver nas ruas pessoas com a máscara no pescoço ou no braço, principalmente em bares, que nos fins de semana voltaram a ficar cheios até por volta de 23h. Mas em shoppings, os seguranças costumam cobrar o uso da proteção pelos clientes.

O infectologista Salim Abdool Karim avalia que, até o fim desta semana, a África do Sul volte a registrar cerca de 10 mil novos casos por dia, pelo ritmo do aumento das infecções e o alto número de mutações da variante ômicron. A maioria dos novos casos tem sido registrada na província de Gauteng, onde fica a cidade de Joanesburgo e a capital do país, Pretória. De acordo com as autoridades, cerca de 80% dos pacientes que têm sido internados nos hospitais da província de Gauteng não se vacinaram.

Ao todo, já foram administradas 25.448.767 doses de vacinas na África do Sul. A Covid-19 matou até hoje 89.822 pessoas no país, desde o início da epidemia. Atualmente, há 24.418 infectados em tratamento. Os dados se baseiam em informações de 408 hospitais públicos e 258 unidades privadas, nas nove províncias sul-africanas. 

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