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Linha Direta

Congresso americano deve oficializar vitória de Biden, enquanto pró-Trump tentam último recurso

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Depois de dois meses da eleição presidencial e inúmeras tentativas da campanha de Donald Trump de reverter o resultado, nesta quarta-feira (6), a Câmara de Representantes e o Senado americanos se reunirão em uma sessão conjunta presidida pelo vice-presidente Mike Pence para contar os votos do Colégio Eleitoral. Esse será o último passo para oficializar formalmente a vitória do presidente eleito Joe Biden nas eleições presidenciais de 3 de novembro.

O presidente Donald Trump chega à Casa Branca, em Washington, nos Estados Unidos, onde milhares de apoiadores tentam pressionar o Congresso para não oficializar a vitõria de Joe Biden.
O presidente Donald Trump chega à Casa Branca, em Washington, nos Estados Unidos, onde milhares de apoiadores tentam pressionar o Congresso para não oficializar a vitõria de Joe Biden. AP - Evan Vucci
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Ligia Hougland, correspondente da RFI em Washington

Mas dezenas de milhões de americanos acreditam nas alegações do presidente de que houve fraude eleitoral e ocupam nesta quarta-feira as ruas da capital americana na esperança de pressionar o Congresso e ainda conseguir reverter o resultado da última eleição presidencial.

Nos últimos dias, já era possível observar uma presença cada vez maior do grupo na capital americana representado por eleitores de todas as regiões do país. Desde o início da semana, muitos estabelecimentos comerciais protegeram suas fachadas com painéis de madeira, e a polícia da capital, procurando conter confrontos violentos, espalhou pela cidade notificações de que armas de fogo não serão permitidas perto de manifestações.

Os ânimos dos apoiadores de Trump agora estão muito diferentes da atitude dos então felizes eleitores nos últimos quatro anos, quando se sentiam finalmente representados por um presidente que se dizia contra os políticos de carreira e a corrupção de Washington.

Agora frustrados, eles acreditam que Trump é o vencedor legítimo da eleição e deve continuar na Casa Branca para completar seu segundo mandato e pretendem pressionar os membros do congresso para que não validem os votos do colégio eleitoral já certificados pelos 50 estados americanos. Mas a chance de isso acontecer é praticamente nula, apesar de um grupo de 11 senadores e vários membros da Câmara de Representantes já terem declarado que vão se opor à validação na sessão.

Fraude eleitoral

O esforço não conta com o apoio de nenhum democrata, e mesmo a maioria dos republicanos não está interessada em participar de algo que parece uma última tentativa de adiar o inevitável. Mesmo um dos próprios líderes do movimento, o senador Ted Cruz, não dá muita esperança aos apoiadores de Trump. Cruz diz que somente pretende conseguir que seja feita uma auditoria por 10 dias para investigar todas as suspeitas de fraude eleitoral.

Segundo a explicação do senador do Arizona, isso satisfaria os eleitores que acreditam que a eleição foi roubada - segundo as pesquisas, 30% dos americanos acreditam que houve fraude eleitoral. A possível auditoria seria concluída antes da posse, em 20 de janeiro, do presidente democrata eleito.

O grupo de republicanos que irá se opor a validação dos votos do colégio eleitoral não está apenas pensando em salvar Trump, a ideia é conseguir bastante exposição nacional e conquistar os fãs de Trump que, em breve, podem estar sem representação na política americana. E o esforço já está rendendo em termos de destaque na imprensa. Na noite desta segunda-feira (4), um grupo de manifestantes de esquerda cercou a casa do senador republicano Josh Hawley para protestar contra sua oposição à certificação da vitória de Biden. O confronto foi manchete nacional.

Depois que o congresso cumprir sua função na sessão desta quarta-feira, os apoiadores de Trump terão de, finalmente, aceitar a realidade. E isso pode não ser fácil, especialmente porque o presidente americano incentiva sua base a acreditar que a eleição foi realmente roubada. Para dificultar ainda mais as chances de uma tradicional trégua política pós-eleição, até agora, Trump não fez nenhum gesto conciliador em direção a Biden ou ao governo que está por vir.

Além disso, os fãs de Trump não esquecem que depois da eleição de 2016, muitos democratas também se recusaram a aceitar o novo presidente e também se dedicaram a protestos e teorias conspiradoras por um longo período.

Base engajada

Trump pretende causar bastante barulho para manter sua base engajada e, quem sabe, tentar reconquistar a presidência em 2024. Ou, pelo menos, conquistar um público fiel para um possível canal de notícias que o presidente americano pode lançar para concorrer com a rede conservadora Fox News.

Sempre pronto para ser o protagonista de alguma intriga, esta semana mesmo, Trump começou a preparar o terreno para atiçar seus fãs contra seu próprio vice. Na terça-feira (5), o presidente americano disse durante o comício que fez no estado da Geórgia que espera que Pence “dê um jeito” na sessão do congresso que presidirá na quarta-feira e impeça que a eleição de Biden seja validada.

Segundo Trump, se Pence não agir, ele já não será mais visto com os mesmos bons olhos. É possível que, em breve, o vice se torne o mais novo alvo de ataque de Trump, representando, talvez, todo o partido republicano convencional que o presidente acredita ter deixado a desejar em termos de lealdade a ele.

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