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Contagem Regressiva Paris 2024

Jogos Olímpicos Paris 2024 levantam debate sobre discriminação de mulheres no Irã

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Maior festa do esporte mundial, os Jogos Olímpicos Paris 2024 também são uma oportunidade para levantar o debate sobre questões como igualdade, preconceito e discriminação. E a questão dos direitos das mulheres iranianas não passa ao largo dessa discussão.

Mulher com o rosto pintado durante um protesto contra a morte da iraniana Mahsa Amini. Em 29 de outubro de 2022.
Mulher com o rosto pintado durante um protesto contra a morte da iraniana Mahsa Amini. Em 29 de outubro de 2022. AP - Gregorio Borgia
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A pouco mais de um ano da morte da jovem curda iraniana Masha Amini, que morreu nas instalações da polícia após ter sido detida pelas autoridades no Irã por não cumprimento do rígido código de vestimenta da República Islâmica, o assunto chega agora ao mundo esportivo.

Depois de ter desencadeado grandes manifestações e que foram reprimidas com violência no Irã, o episódio amplia o debate sobre a causa das mulheres iranianas. 

Em Paris, um coletivo composto por diversas personalidades, como o ex-pugilista francês Mahyar Monshipour, nascido no Irã e que foi campeão mundial na categoria super galo, é um dos esportistas que pedem ao Comitê Olímpico Internacional para excluir o Irã dos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

O advogado do grupo, Frédéric Thiriez, explica que formulou o pedido ao Comitê Olímpico Internacional para solicitar a exclusão do Irã dos Jogos de Paris por violação do princípio da não discriminação no esporte. “Queremos que o Comitê Olímpico Internacional suspenda o comitê Olímpico iraniano e o exclua dos Jogos de Paris 2024, até que ponha fim à discriminação. Como exemplo de discriminação, há disciplinas esportivas que são proibidas para mulheres, como a natação e o boxe, e as atletas tem que usar a vestimenta islâmica, cobertas da cabeça aos pés. Isso é contrário ao texto da Carta olímpica, que proíbe toda a discriminação por raça, cor, sexo ou opinião, etc.” 

“Há um precedente que foi o apartheid na África do Sul, quando o COI proibiu a participação da África do Sul, nos anos 1970. E nós consideramos que a discriminação imposta às mulheres no Irã equivale a uma espécie de apartheid sexual e temos que lutar para que isso acabe”.

A África do Sul ficou proibida de participar dos Jogos Olímpicos por 32 anos como sanção ao apartheid, regime de segregação racial em vigência na época no país.

Frédéric Thiriez afirma que dessa vez o COI respondeu "estar acompanhando com atenção a situação agora no Irã"

O pedido de exclusão do Comitê Olímpico iraniano é assinado, também, pela vencedora do Prêmio Nobel da Paz, de 2003, a advogada iraniana Shirin Ebadi. 

Em entrevista à RFI, ela explica que se o regime não recuar, é por razões puramente políticas e não religiosas. "A república Islâmica que fez do uso do véu a sua própria bandeira. Pois eles sabem que se cederem em relação a essa questão simbólica, o regime deverá ceder também em outros aspectos, outros direitos, o que para o regime é impensável". 

A jornalista do diário francês Le Monde, Ghazal Golshiri, também acredita que o uso do véu se tornou um símbolo de todas as injustiças no Irã. O que inclui o tratamento dispensado às atletas do país. Ela falou sobre o assunto durante a 35ª edição do Festival Internacional do Fotojornalismo Visa pour l'Image – Visto para a Imagem, em português, ocorrido na cidade de Perpignan, no sul da França, em setembro.

Coube a ela selecionar imagens de fotógrafos amadores feitas durante as manifestações no país. "Se olharmos as vítimas dessas manifestações, 80% são homens, que são solidários a esse movimento. É um movimento que engloba gerações diferentes e todas as classes sociais. O uso do véu se tornou a faísca inicial para todo esse movimento, mas se tornou também um símbolo de toda a discriminação e injustiças que a população se submete por causa da República Islâmica do Irã desde 1979".   

No Irã, as mulheres treinam "dentro de apartamentos ou nos porões", denuncia o ex-boxeador francês de origem iraniana Mahyar Monshipour.

No final de agosto, duas associações apresentaram uma denúncia em Paris contra Ghafoor Kargari, presidente iraniano do Comitê Paralímpico Nacional para 2024, então em visita à França, acusando-o de tortura e de suspeitas de crimes contra a humanidade.

O Irã participou pela primeira vez dos Jogos Olímpicos em 1948, e enviou atletas para competirem em todos os Jogos Olímpicos de Verão desde então, exceto em 1980 em Moscou, e em 1984, em Los Angeles, por questões políticas.

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