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Brasil-Mundo

Artista gráfico brasileiro projeta há 22 anos o mundo mágico de Harry Potter

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O mineiro Eduardo Lima é o artista gráfico da saga do bruxinho mais famoso dos tempos modernos. Lima trabalha em parceria com a inglesa Miraphora Mina no estúdio britânico que tem o sobrenome dos sócios - MinaLima.

O mineiro Eduardo Lima é o artista gráfico da saga do bruxinho mais famoso dos tempos modernos. Lima trabalha em parceria com a inglesa Miraphora Mina
O mineiro Eduardo Lima é o artista gráfico da saga do bruxinho mais famoso dos tempos modernos. Lima trabalha em parceria com a inglesa Miraphora Mina © Gina Marques
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Gina Marques, correspondente da RFI na Itália

A tarefa é projetar os desenhos do Mapa do Maroto, o colar Vira Tempo, o jornal Diário do Profeta entre outros itens fantásticos que compõe a adaptação cinematográfica da série de sete romances de fantasia escrita pela autora britânica J. K. Rowling.

Eduardo Lima e Miraphora Mina recentemente participaram do Lucca Comics & Games 2023, a principal feira de quadrinhos e cultura pop da Europa. Este ano o evento de 1° a 5 de novembro atraiu cerca de 314 mil pessoas, a maioria jovens vindos de diversos países. A RFI encontrou Eduardo Lima na cidade de Lucca, na região da Toscana, no centro da Itália, onde acontece este festival anual.

Eduardo Lima nasceu em Cruzília, Minas Gerais, mas foi criado em Caxambu.
Eduardo Lima nasceu em Cruzília, Minas Gerais, mas foi criado em Caxambu. © Gina Marques

Lima nasceu em Cruzília, Minas Gerais, mas foi criado em Caxambu. “Desde criança eu já era apaixonado por cinema. Com 4 anos de idade, eu já tava dentro de casa, meu irmão ficava bravo porque queria jogar futebol comigo e nunca gostei de futebol. Eu ficava dentro de casa desenhando, contando histórias, criando mundos” lembrou Lima.

De Minas Gerais ao Rio de Janeiro, até chegar em Londres onde vive há mais de 20 anos, a trajetória de Eduardo Lima une talento e determinação. Mas ele faz questão de ressaltar que contou com a ajuda de amigos. “ Quando era jovem, eu me mudei para o Rio de Janeiro e fui estudar comunicação visual na PUC Rio. Lá eu conheci essa pessoa maravilhosa chamada Virgínia Flores. Comecei a trabalhar com ela em edição de cinema. Foi ótimo porque eu aprendi ainda muito mais sobre a sétima arte e aí a minha paixão cresceu ainda mais.” disse o designer gráfico.

Na carreira de Eduardo Lima também foi determinante o apoio de outra amiga. “No Rio eu conheci também uma diretora de cinema que foi um anjo na minha vida: Ludmila Ferola, que por sinal conhecia a Mira. Elas moraram ao mesmo tempo aqui na Itália, em Roma. A Ludmila falou pra mim: Eduardo, eu sei que você tá querendo ir para Londres. Eu vou te passar o contato da Mira. Acho que ela tá trabalhando num filme sobre um bruxinho órfão, coisa de magia, chamado Harry Potter, que não tenho menor ideia do que seja.” recordou sorrindo.

Eduardo Lima mudou-se para Londres em 2001 trazendo com si, o contato da Miraphora Mina.“Eu mandei uma carta para ela falando: Mira, eu estou me mudando para Londres e queria te conhecer porque eu gostaria uma ajuda para trabalhar em cinema em Londres. E a Mira foi super bacana. Ela falou assim: Eduardo, eu acabei de terminar o primeiro Harry Potter e vou começar o segundo. Vem aqui me mostrar o seu trabalho e vamos ver no que vai dar” contou.

Em agosto de 2001 Eduardo Lima foi ao estúdio de Miraphora Mina. “Foi uma coisa mágica. Eu encontrei a Mira e parecia que a gente já se conhecia de outras vidas passadas. Eu acho que existem outras vidas sim. Aí a Mira me ofereceu umas duas semanas de estágio que passaram a ser três, quatro, cinco e nunca mais saí. Agora são 22 anos criando para Harry Potter.” rememorou.

A exposição de MinaLima

No evento em Lucca, foi organizado para o estúdio MinaLima uma exposição em um espaço especial no centro histórico da cidade, dentro da Igreja San Cristoforo construída no do século XI. A imponente arquitetura desta igreja medieval desconsagrada exaltou o aspecto místico das artes gráficas da saga de Harry Porter e de outras artes da dupla de designers. 

Durante o festival de quadrinhos, a mostra estava lotada por pessoas de diversas idades e nacionalidades atraídas pelos vários desenhos feitos pela dupla MinaLima. “O Harry Potter conta um mundo imaginário. O nosso papel foi ajudar a criar este mundo maravilhoso que a J. K. Rowling concebeu. Criamos todos os objetos gráficos de cena, como o Mapa do Maroto, o Diário do Profeta, e tantos outros para o filme” explicou o artista gráfico brasileiro.

Eduardo Lima constantemente agradece os seguidores do bruxinho. “Eu acho que a magia é maior de Harry Potter são fãs. Os fãs de Harry Potter são incríveis. Eles são pessoas adoráveis, é uma comunidade incrível no mundo inteiro. Aqui na Itália, na França, na Alemanha, no Brasil, no Japão, eles são incríveis. Eu acho eles são a verdadeira magia", diz.

Planos futuros

As criações do estúdio MinaLima vão além de Harry Porter. “No estúdio Mina Lima, além do Harry Potter a gente está há 8 anos criando vários livros, os clássicos da literatura, como Peter Pan, Mágico de OZ, Branca de Neve, entre outros. A gente está reimaginando esses mundos numa coleção de 9 livros que foram lançados na Inglaterra e aqui também na Itália”.

Eduardo Lima contou também que o estúdio MinaLima tem planos para o futuro. “A gente tem projetos aí super bacanas. Depois de dar vida pra vários universos escritos por outras pessoas, agora enfrentamos o verdadeiro desafio: criar as nossas próprias histórias. É isso que a gente está fazendo agora.” revelou entusiasmado.  

Mesmo depois de conquistar o mundo, Eduardo Lima pensa com carinho na sua terra de origem.“Tenho uma saudade imensa do Brasil. Eu queria poder fazer mais coisas com projetos brasileiros. Mas acho bacana quando eu vou ao Brasil e consigo inspirar um pouquinho da juventude brasileira a procurar um caminho, nas artes ou na área gráfica do cinema. Tomara que eu esteja inspirando pessoas para seguir seus sonhos, como eu fiz” concluiu.

Polêmicas no evento deste ano

A edição 2023 da Lucca Comics & Games foi marcada por chuvas e polêmicas. Nas vésperas da abertura do evento, italiano Zerocalcare, um dos mais famosos autores contemporâneos de histórias em quadrinho, anunciou que não compareceria no festival. A controvérsia foi por causa de um patrocínio cultural da embaixada de Israel na Itália.

Após o anúncio de Zerocalcare houve uma avalanche de deserções. A Amnesty Internacional, Fumettibrutti (Josephine Yole Signorelli), a tiktoker La Biblioteca di Daphne, a cantor Giancane e a central sindical CGIL de Lucca também decidiram não participar. Zerocalcare escreveu o motivo: “Infelizmente o patrocínio da embaixada de Israel representa um problema para mim”.

O patrocínio cultural surgiu do fato de o pôster da edição deste ano, intitulado “TOGETHER” (Juntos) ter sido desenhado por Asaf e Tomer Hanuka, dois cartunistas israelenses que também anunciaram a sua ausência: “Não temos vontade de passar de uma verdadeira zona de guerra para uma zona de conflito mediático” escreveram os cartunistas israelenses.

O prefeito de Lucca, Mario Pardini, explicou que o patrocínio da embaixada israelense é apenas cultural e o pôster dos gêmeos foi planejado há um ano, antes do início da guerra entre Israel e Hamas. “A Lucca Comics & Games é um contentor em que a cultura está no centro e não acredito que a cultura possa dividir, mas deve unir”, acrescentou Pardini.

De acordo com o prefeito italiano, a feira de quadrinhos “tem 57 anos de credibilidade, nasceu de valores importantes e juntos enfrentaremos esta edição da melhor forma com o nosso público, que é um público fantástico”.

No entanto, a polêmica e a forte chuva que atingiu a cidade italiana de Lucca, e causaram oito mortos na região da Toscana não detiveram os milhares de visitantes que lotaram o evento.

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