Imigração: um debate diabolizado pela extrema direita chega ao Congresso na França
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As revistas L’Obs e L’Express dessa semana resgatam um dos assuntos mais controversos da geopolítica contemporânea do bloco europeu: a imigração. Moeda de troca eleitoral em países como a Itália, onde a extrema direita diaboliza a imigração para conseguir votos, o tema voltou à tona com o ataque num parque da França perpetrado por um refugiado sírio. A França se pergunta que terra de asilo poderá ser num continente em guerra e amedrontado pela radicalização do discurso conservador.
“O ataque em Annecy, no noroeste da França, perpetrado por um refugiado sírio, ocorre em um clima tenso, bem no meio do debate sobre a lei de imigração que o ministro do Interior, Gérald Darmanin quer negociar com a direita francesa”, noticia a revista semanal L’Obs. “Ele não era conhecido de nenhum serviço de Inteligência e não tinha antecedentes psiquiátricos identificados”, completa a revista L’Express, sobre o mesmo assunto.
“No dia 8 de junho, Abdalmasih, refugiado sírio de 32 anos, atacou seis pessoas com uma faca no entorno do lago de Annecy, entre elas quatro crianças. Depois de ter conseguido um visto provisório na Suécia, o homem tentou várias vezes conseguir a nacionalidade sueca sem sucesso”, reporta a revista. “Na França há alguns meses, ele havia depositado um pedido de asilo, que havia acabado de ser recusado, no momento do ataque”, lembra o veículo.
Lei da imigração deve ser votada
O Congresso francês mal virou a página sobre a questão da reforma da aposentadoria, e o assunto explosivo da imigração já entrou em debate que deve durar no Parlamento pelos próximos meses. “As vítimas de Annecy não correm mais risco de vida, mas como podemos evitar o confronto?”, pergunta a L’Obs.
“Antes, os solicitantes de asilo fugiam para evitar a morte. Agora, eles estão deixando seu país para melhor matar nossos filhos”, declarou o sempre provocador Eric Zemmour, da nova extrema direita descomplexada, publica a revista. “O polemista tem como obsessão propagar a falsa teoria da Grande Substituição [quando brancos europeus seriam “substituídos” por populações não-brancas] e listar o que ele chama de ‘francocídios’, um neologismo que engloba todos os assassinatos de franceses cometidos por estrangeiros”, diz L’Obs.
"Para ter uma discussão tranquila precisamos ser razoáveis", afirmou o senador centrista Hervé Marseille. “Mas ninguém quer ser razoável, sob o risco de ser considerado muito morno. Na mente de todos, Marine Le Pen, cujo partido prosperou durante décadas com base nos medos ligados ao terrorismo e imigração, é uma das principais candidatas à Presidência da República”, lembra o veículo francês.
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