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A Semana na Imprensa

Covid-19: estoque de tratamento de ponta comprado pela França continua quase intacto

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A revista L’Express desta semana traz uma reportagem sobre a aposta do governo francês na eficácia de dois medicamentos contra a Covid-19: o Paxlovid, da Pfizer, e o Evusheld, do laboratório AstraZeneca. Os dois remédios foram adquiridos em grande quantidade pelo Ministério da Saúde do país, mas sua utilização é limitada. 

A França comprou 500 mil doses do Paxlovid, mas pouco mais de 5 mil foram utilizadas.
A França comprou 500 mil doses do Paxlovid, mas pouco mais de 5 mil foram utilizadas. Reuters - PFIZER
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O Paxlovid é um antiviral (nirmatrelvir/ritonavir) que pode ser administrado cinco dias após o início dos sintomas e seu uso é recomendado para pessoas que correm o risco de desenvolver uma forma grave da doença. O Evusheld é uma biterapia de anticorpos monoclonais voltado para pacientes imunodeprimidos, para quem a vacinação tem efeito limitado, ou que não podem ser imunizados. A diferença é que ele pode ser usado de maneira profilática se houve contato com um caso positivo, por exemplo.

A França encomendou 500 mil doses de Paxlovid, e 150 mil de Evusheld, que estão disponíveis desde dezembro. Desde então, apenas 20 mil unidades foram utilizadas. O remédio da Pfizer, que recebeu uma autorização especial para uso em fevereiro, também é pouco prescrito: só 5.648 doses foram administradas até agora no país.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta sexta-feira (22) o uso do Paxlovid para pacientes com Covid-19 com sintomas leves, mas com "maior risco de hospitalização".

Em entrevista a L’Express, Arnaud Fontanet, membro do Conselho Científico francês, órgão criado para assessorar o governo durante a epidemia de Covid-19, alertou que os tratamentos devem ser administrados no bom momento, ou são praticamente inúteis. 

Isso envolve a antecipação e a coordenação de médicos e pacientes para diagnosticar a doença no momento certo. A burocracia que envolve o uso do produto também é diferente, o que pode criar um problema a mais no dia a dia dos clínicos-gerais franceses, que vivem com os consultórios cheios, explica Philippe Besset, presidente da Federação dos Sindicatos Farmacêuticos da França.

Primeira carregamento de Paxlovid, a pílula contra a Covid-19, desembarca em Israel.
Primeira carregamento de Paxlovid, a pílula contra a Covid-19, desembarca em Israel. AP - Maya Alleruzzo

Prescrição do tratamento é burocrática

Como o Paxlovid, por exemplo, exige uma autorização especial, o médico deve seguir um procedimento específico na hora de prescrevê-lo: ele consiste em explicar o tratamento para o paciente, ter certeza que o teste é positivo para a Covid-19 e responder a inúmeras questões antes de se conectar a um servidor criptografado para obter uma receita. O prazo mínimo para ter acesso aos comprimidos é, em geral, de 24 horas. 

A médica Dora Lévy, clínica-geral no 20º distrito da capital, exemplificou bem essa dificuldade: uma de suas pacientes, que estava no quarto dia de sintomas, veio ao seu consultório em um sábado de manhã. A especialista sugeriu o Plaxovid, mas o medicamento não poderia ser entregue no domingo. O antiviral, diz, também tem inúmeras contraindicações e não permite diversas interações medicamentosas, o que leva muitos médicos a adotarem o princípio de precaução e evitar a molécula.

De acordo com L’Express, a ideia é que o Paxlovid entre no circuito comercial “clássico” dentro de algumas semanas. O uso do Evusheld é ainda mais complexo e requer uma injeção que deve ser realizada nos hospitais. Outro anticorpo monoclonal foi autorizado no início do ano no país. Trata-se do Xevudy, que, infelizmente, segundo a L’Express, não neutraliza a variante BA.2, que atualmente é a cepa dominante no país.

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